sexta-feira, abril 19, 2024
Vultos

JOAQUIM MOREIRA JUNIOR

Filho do português Joaquim Moreira e da italiana Tereza Cocco, Joaquim Moreira Júnior nasceu em Além Paraíba em 1914. Era o quinto filho entre sete irmãos ,e cedo começou a trabalhar para ajudar nas despesas da casa já que seu pai era ferroviário e, naquela época, o regime imposto à categoria era quase que escravocrata.

Viveu sua infância no bairro da Vila Laroca, pescando bagres no Rio Limoeiro ou caçando junto com o pai nas matas existentes nas proximidades da cidade, assistindo filmes de Tom Mix e Buck Jones no Cine Vila, e cursou o primário no Liceu Ferroviário que era mantido pela Estrada de Ferro Leopoldina, sempre conquistando as melhores notas de sua turma. Com 13 anos de idade, um fato marcou sua vida: Louis Bernard Clarkson, diretor regional da ferrovia, junto da diretora do Liceu Dona Augusta Gama, entregaram-lhe o diploma de conclusão do curso e, dentro de um envelope, um prêmio em dinheiro na importância de vinte e cinco mil réis que a administração central da Estrada de Ferro Leopoldina destinava ao aluno que se classificasse em primeiro lugar. No dia seguinte, 1º de dezembro de 1927, cruzou pela primeira vez as Oficinas de Porto Novo e ingressou na empresa no cargo de apontador. Depois de algum tempo na função, por recomendação do diretor Clarkson, foi promovido para controlador do setor de tração, cuja função era a de recolher e conferir os mapas de todos os maquinistas, além de fiscalizar o consumo de carvão, óleo e estopa das locomotivas durante o mês. Em 1934, conheceu Ondina, filha de Miguel Joaquim de Souza e Maria Cristina Durante. Após oito anos de namoro, com ela casou-se no dia 31 de dezembro de 1942 e tiveram cinco filhos.

No início da década de 40, Joaquim Moreira Júnior teve a oportunidade de conhecer o então presidente da República Getúlio Vargas. Grande admirador do estadista, não resistiu à imensa força que o impulsionou a entrar na vida pública e filiou-se no Partido Trabalhista Brasileiro – PTB, prometendo a si mesmo que jamais prejudicaria a classe ferroviária ou a ferrovia com sua atuação política. Após um encontro com o Chefe da Nação, assumiu a presidência do PTB em Além Paraíba e o compromisso de fundar o maior número de diretórios possíveis em todas as cidades mineiras que eram percorridas pela Estrada de Ferro Leopoldina, como Bicas, Espera Feliz, Recreio, Raul Soares, Ponte Nova e outras. No mesmo período, atendendo solicitação da alta direção da ferrovia e uma iniciativa do presidente da República, empenhou-se na criação de escolas ferroviárias em Além Paraíba e outras cidades, todas supervisionadas pelo SENAI.

Em 1947, licenciou-se da ferrovia para dedicar-se exclusivamente à carreira política e, com o apoio dos colegas ferroviários, candidatou-se a deputado estadual na legenda do PTB. Teve uma grande votação, mas perdeu direito à uma cadeira na Assembléia Legislativa Mineira por apenas um voto, ficando como primeiro suplente da bancada. Dois anos depois, assumiu a vaga deixada por um deputado que adoeceu, mudando-se para Belo Horizonte. Depois disto, foi reeleito em três mandatos consecutivos, sempre com o apoio maciço dos colegas da ferrovia. Sua atuação na Assembléia Legislativa de Minas Gerais ficou marcada por ter sido um dos primeiros parlamentares brasileiros a proferir um discurso inflamado sobre a necessidade da reforma agrária no País, intitulada “A Lavoura Abandonada”, cujo texto foi encaminhado ao presidente da República, Juscelino Kubitschek, em dezembro de 1955.

Joaquim Moreira Júnior conviveu com grandes nomes da política brasileira, como Getúlio Vargas, João Goulart, Juscelino Kubitschek, Magalhães Pinto, Tancredo Neves, Aureliano Chaves, Francelino Pereira e outros. Sempre mencionou com carinho a sua terra natal e defendeu com garra a classe ferroviária. Aos 80 anos de idade, incentivado pelos familiares, começou a escrever um livro de memórias, editado sete anos depois com o título “Estações de Minha Vida”. Em 28 de setembro de 2003, num gesto de reconhecimento pela sua dedicação à vida pública e às coisas alemparaibanas e à classe ferroviária, a Câmara Municipal de Além Paraíba concedeu-lhe a Comenda do Mérito Mercadante. Meses depois, Joaquim Moreira Júnior faleceu em Belo Horizonte, onde residia e foi sepultado.

Publicado na edição nº 346.

Texto de Flávio Senra. Fonte de consulta e foto: “Estações da Minha Vida”, livro autobiográfico de Joaquim Moreira Júnior.