José Mercadante – Justiça a quem fez por merecê-la
Esta homenagem deveria ter sido feita em vida, mas como isso não é mais possível, uma vez que o homenageado já se ausentou do nosso mundo físico há dezenas de anos, permito-me fazê-la agora, em memória daquele que foi de grande valor para Além Paraíba, reconhecendo os seus méritos no desenvolvimento da cidade e quiçá de todo o município.
Tudo que sei do homem que viveu nesta cidade, trabalhando para o seu crescimento e o seu progresso, é que ele imigrou da sua terra, a Itália, vindo aportar no Brasil, fixando residência em Além Paraíba, onde permaneceu até a data do seu desenlace.
O italiano José Mercadante aqui trabalhou com afinco, seriedade e honestidade, mobilizando empreendimentos de vulto, como a Fábrica de Papel, a Fábrica de Tecidos, a Algodoeira, a Laminação de Madeiras e algumas outras pequenas indústrias, que resultaram em trabalho para muita gente e impostos e taxas para o erário público.
Na verdade, José Mercadante tinha Além Paraíba como a sua segunda terra Natal, tal o amor que dispensava à mesma em todo o tempo em que aqui viveu e trabalhou.
Homem probo, de uma capacidade administrativa invejável, soube, nos longos anos de sua vivência com o povo alemparaibano, angariar amizade e simpatia, não obstante a sua personalidade forte e exigente.
Jamais ouvi qualquer comentário que pudesse colocar em xeque a conduta desse homem admirável que tanto benefício trouxe para a cidade em geral, especialmente para as centenas dos seus habitantes, que nas indústrias dele, José Mercadante, conseguiram empregos fixos, garantindo o sustento próprio e o de seus familiares.
Durante toda a sua presença como industrial reconhecidamente capaz, soube conduzir com esmero, dedicação e eficiência suas indústrias, gerando empregos e mais empregos. Seus negócios sempre estiveram no auge. Ele “não dava pulo no escuro”.
Por isso, a razão desta minha modesta homenagem “in memoriam” do grande paladino José Mercadante. Seus nomes e os seus feitos serão, por muito tempo, lembrados e perpetuados pelo generoso povo desta cidade, que, como eu, sabe fazer justiça a quem fez por bem merecê-la.
Há um velho ditado que diz: “morre o homem, fica a fama”. Nem sempre isso acontece. Mas, no caso de José Mercadante, o ditado faz sentido. A sua fama de bom cidadão e de benfeitor de Além Paraíba ficou e permanecerá talvez para sempre, ou, pelo menos, por muito tempo.
Os mais otimistas dizem que ninguém faz falta. Que todos são substituíveis. Discordo em parte, pois em muitos casos a lacuna nunca é preenchida. Coisas consideradas organizadas e incólumes se deterioram e se desfazem, desaparecendo para sempre, em face da ausência do seu criador.
É de se reconhecer, sem qualquer sombra de dúvida, ou mesmo de contestação, que as indústrias de José Mercadante foram de fato os alicerces do comércio e dos estabelecimentos bancários de Além Paraíba. É uma pena que tudo tenha acabado!
A figura de José Mercadante, representada por um busto esculpido, parece que em bronze, continua fazendo parte do acervo existente na cidade. De vez em quando muda de lugar, porém permanece como tributo ao cidadão que sendo natural de um país tão distante do Brasil, viveu e trabalhou em benefício dos brasileiros, especialmente dos alemparaibanos.
Que todos os ideais como os de José Mercadante sejam transformados em realidade pelos homens de negócios, especialmente por aqueles detentores de fortunas, principalmente as inativas.
Não posso fazer desta minha homenagem a de todos alemparaibanos. Falta-me autorização. Mas sei que se consultados, a maioria a apoiaria, pois ela representa verdade e justiça.
Não é demais asseverar que José Mercadante ao construir com sucesso a sua própria história, construiu também, com igual sucesso, a história industrial de Além Paraíba.
ERRATA: Na edição anterior, durante o processo de digitação do artigo de Camil Hisse “Brasil: o país do presente e do futuro” trocamos a palavra COMANDO por COMENDO, fazendo com que a frase final do texto perdesse seu sentido, daí pedirmos desculpas aos nossos leitores e, em especial, ao nosso caro colaborador Camil Hisse. A frase correta do texto diz: “Gosto de discorrer sobre coisas boas, deixando as ruins para os governos e demais autoridades, que no comando do país cabe analisá-las, resolvendo-as no que for possível e permitido”.
(Publicado na edição nº 360, de 25/01/2006)