terça-feira, abril 23, 2024
Vultos

Emílio de Souza Esquerdo

Vários alemparaibanos originários de famílias modestas, em especial filhos de ferroviários da Estrada de Ferro Leopoldina, tiveram grande destaque na história do município alemparaibano. E um desses homens foi Emílio de Souza Esquerdo, filho do ferroviário Emílio de Souza Esquerdo e de Maria Rosa Pereira Esquerdo.

Nascido em Além Paraíba no dia 26 de junho de 1907, Emílio era o caçula entre cinco irmãos (Palmira, Antônio, Judith, Zica e ele), e tendo ficado órfão de mãe quando tinha apenas dois anos de idade teve como “mãe adotiva” a irmã mais velha, Palmira. Aprendeu as primeiras letras no Liceu Operário, escola mantida pela Estrada de Ferro Leopolina, e ainda adolescente foi trabalhar, como aprendiz, na Companhia Industrial de Além Paraíba (CIAP), importante industria têxtil da época, extinta Fábrica de Tecidos Dona Isabel. Dedicado, inteligente, zeloso e cumpridor de suas obrigações no trabalho, Emílio logo se destacou junto aos companheiros de trabalho, alcançando o importante cargo de contra-mestre na empresa.

Ainda adolescente, o jovem contra-mestre apaixonou-se por uma jovem de pouco mais de 12 anos de idade de nome Nathalina, filha de Vicente Lamarca e Carmélia Fulco Lamarca, nascida em Mar de Espanha no dia 10 de fevereiro de 1910. A paixão foi recíproca, e quando completou 18 anos Emílio casou-se com Nathalina que teve que alterar a idade na certidão de nascimento para a concretização da união que durou 72 anos. Tiveram dez filhos: Sevanir, Edson, Cenir, Haroldo, Odir (Faísca), Carlos Roberto (Tubeto), Elzi, Newton, Maria Rosa e Carmélia.

Após longos anos de dedicação a CIAP, Emílio aceitou a proposta de um dos diretores da empresa, Onofre Bonfim, e juntos fundaram a Mecânica Santa Rosa, uma empresa que por décadas foi uma referência regional no ramo e que ficava instalada na Rua Primeiro de Maio.

De espírito alegre e brincalhão, Emílio sempre conquistava uma legião de amigos onde atuava. No carnaval se travestia e desfilava como porta-estandarte do Bloco Carnavalesco XPTO. Foi membro atuante na maçonaria alemparaibana e do Rotary Club local, sendo, também, sócio fundador de vários clubes alemparaibanos.

Na política local sempre atuou com destaque na condição de dirigente partidário, porém nunca se candidatou a qualquer cargo. Juscelinista doente, como afirmam os filhos, Emílio Esquerdo também tinha grande admiração por Getúlio Vargas.

Seu prestígio em muito auxiliou na eleição do filho Edson Esquerdo como prefeito de Além Paraíba por dois mandatos, numa luta feroz contra os opositores que eram tidos como os “donos da cidade”. Durante as duas gestões do filho foi seu fiel Secretário Municipal de Obras.

Como profissional mecânico Emílio tinha nas veias um lado pouco conhecido, o de artista plástico. Conhecido popularmente pelo apelido de “Ferro-Velho” devido estar sempre mexendo com sucatas, é o autor de um monumento, todo feito de retalhos de ferro, que está fincado no trevo da BR-116 com a BR-393, próximo ao Posto de Fiscalização Fazendária de Além Paraíba.

Emílio de Souza Esquerdo faleceu em 16 de janeiro de 1997. Sua amada esposa, d. Nathalina Fulco Lamarca Esquerdo, faleceu em 29 de setembro de 1999.

(Publicado na edição n° 363, de 15/02/2006 – Texto de Flávio Senra – Dados informativos e fotos cedidas pela família)

Emílio de Souza Esquerdo e a esposa Nathalina Fulco Lamarca Esquerdo.
Emílio e Nathalina junto dos filhos, filhas, noras, genros e netos quando das comemorações de 50 anos de casados.