A solidão dos pássaros aprisionados pela ignorância humana
Por Jota Caballero (*)
Em sã consciência você não aprisionaria alguém inocente, correto? Não o imputaria culpa e nem ordenaria alguém a cumprir pena sem ter cometido crime algum, mesmo porque você não é um juiz, correto?
Entretanto, é o que vemos diariamente gaiolas penduradas em janelas, pessoas carregando seus pequenos presídios, com seus condenados para “pegar sol” pela manhã, estranho, não? Sim, se pararmos para refletir sobre essas pequenas atitudes danosas a outros, e nos colocássemos no lugar desses, talvez agiríamos com mais senso de justiça, reconhecimento e o principal, compaixão.
Há falta de total empatia, onde não percebemos o mal que produzimos com essa atitude gerada pela ignorância, ganância e na prática, falta de inteligência. Se colocar no lugar dos outros nos faz um pouco melhor e quando nos sentimos bem com isso, pode ter certeza que estamos agindo no caminho certo, aquilo que por intuição nos diz “é isso, isso é o certo!”
São seres vivos, pássaros, pequenos animais dotados da capacidade de voar. Esses, tem sua individualidade, sua existência e seu serviço à mãe natureza, e infelizmente são enclausurados por “humanos” com capacidade baixíssima de entender e muito menos compreender o quanto todos os seres vivos são necessários e estão aqui por algum motivo de força maior. Alguém quebra esse ciclo, trancafiando um pequeno ser inocente e indefeso, dotado e capacitado para nos dar vida sem pedir nada em troca. Você já refletiu sobre isso? Nunca é tarde, já que à vida passa e a sua também, ninguém é eterno. Então aproveite sua capacidade peculiar de refletir sobre tudo e seja mais honesto com sigo e com o mundo a sua volta.
Muitos de nós, ou grande maioria, age mecanicamente por costumes, culturas primitivistas, condicionamentos, repetições e digamos, adestramento social. A pessoa age por instrução de alguém ou alguma coisa, sem ao menos se questionar dessas atitudes malefícias que promove todos os dias, formando um balé cruel e desproporcional a “racionalidade” que carregamos, relativizada pelo antropocentrismo sem critério e colocada em prática a nossa volta sem ética nenhuma.
“Racionalidade” não quer dizer que tenha sobriedade, que não quer dizer que tenha lucidez, como também não quer dizer que seja justa. Consciência vai muito, além disso, e é o fator primordial para a verdadeira e universal justiça, sobrepondo essa racionalidade que gira em torno da nossa espécie a colocando acima de todos os outros seres, o que é um erro grave e fatal. O ser humano não sobrevive sem outras espécies e estranhamente exterminamos tudo a nossa volta, e um dia a nós mesmos.
Tirar um passarinho possuidor de asas da natureza e o enclausurar dentro de uma gaiola de meros 30x40cm de espaço, onde se resume sua vida em zero, só tem um significado: crueldade produzida por cegueira não física, e sim, mental. Esses animais podem voar por quilômetros, atravessar municípios, estados, comer de todos os frutos que desejar e beber de todas as fontes. Mas não! Vai lá um ser que se diz “racional”, o captura, trancafia e oferece uma alimentação repetida e água quente eternamente, onde muitas vezes esses infelizes “humanos” os esquecem no banho de sol e muitos morrem. Grande maioria compra e vende como coisas, um objeto, apenas um negócio e não uma vida. Outro fator, o comércio lucrativo que retira da natureza milhares e milhares de animais todos os dias, aonde um pouco mais de 1/3 chega com vida ao destino pelas mãos de traficantes. Isso por causa de um dos maiores defeitos da espécie humana, à ganância. Passarinho na gaiola não canta, lamenta.
Engaiolando pássaros, você está privando seres de usufruir de sua principal característica que a existência lhe ofereceu, voar. Isso já fere todo contexto existencial desse ser, que tem sua vida amputada em sua maior dádiva que a natureza sabiamente lhe destinou e lhe deu sentido, que por sinal, deve ser maravilhoso. Esses animais têm um papel fundamental no planeta, dispersar sementes, distribuir sabiamente, fazendo a polinização, assim, espalhando pólen colhidos das flores por onde voam, em um natural e equilibrado processo de semear vida por onde passam, inclusive promovendo bem estar aos mesmos ignorantes que os trancafiam e os condenam.
Cada espécie de pássaros pertence a uma região e são responsáveis naturalmente a reflorestar áreas, comendo específicas sementes, que retornarão ao solo através das fezes. Ou seja, o ciclo biológico que nos faz vivos e toda forma de vida, são promovidas na maioria das vezes por esses pequenos seres, nos fornecendo ar puro, sombra, bem estar ambiental, e todo tipo de suprimento para manter à vida na Terra. Lembrando também, seu papel fundamental no controle natural de vetores, exemplo: mosquitos, moscas, pernilongos e qualquer outro inseto, evitando que se tornem pragas, como por exemplo, o transmissor da Dengue e suas vertentes. E por que os trancafia?
Você que está lendo esse texto, lembre-se que, ao ver um pássaro em gaiola, saiba que aquilo não é uma vida no sentido real da palavra, e sim, um pobre animal condenado e explorado pelo seu tutor, esse meramente um carcereiro e ao mesmo tempo um juiz, que o condena à prisão perpétua e mata aos poucos, fisicamente e psicologicamente. Reflita, dá tempo de você entrar nessa luta por justiça por aqueles que não podem ao menos se defender da maldade humana. Espalhe esse texto, compartilhe com amigos e familiares, debata, discuta, pois as verdadeiras vítimas que por motivos óbvios não podem falar e esboçar qualquer reação, pois estão nesse momento cercadas de grades penduradas em uma canto frio e sem vida obrigados a cantar observados diariamente por um escravagista.
Se você concorda com esse texto e acha interessante a colocação, compartilhe para que mais pessoas acordem para essa crueldade, e ajudem a libertar esses seres angelicais que além de nos proporcionar vida em qualquer bioma, nos embeleza a natureza e os sons dela.
(*) Jota Caballero é ativista e ciberativista na causa animal.
Edição 1082, de 08/01/2020