Pandemia provoca mudança de hábitos de consumo de produtos lácteos, aponta pesquisa
Um dos legados da Covid-19 pode ser o fortalecimento de produtos locais.
Em entrevista coletiva remota (transmitida pelo Youtube), a Embrapa Gado de Leite divulgou uma pesquisa sobre as mudanças de comportamento do consumidor brasileiro de lácteos durante a pandemia de Covid-19. A pesquisa demonstrou que o derivado lácteo mais habitual nas compras dos brasileiros é o queijo. Apenas 3% dos participantes da pesquisa não consomem o produto. Na sequência, os consumidores têm o hábito de comprar manteiga, creme de leite, iogurte, leite condensado e leite UHT.
A pesquisadora Kennya Siqueira informou também que, após o impacto inicial da pandemia, quando muitos brasileiros foram às compras para estocar produtos, o abastecimento segue normal. “Ao contrário do que vem ocorrendo em alguns países, no Brasil, a grande maioria dos consumidores (83%) está encontrando com facilidade os produtos lácteos no mercado, o que reflete o comprometimento dos produtores e laticínios em manter o abastecimento”, disse. Para a pesquisadora, ainda que ocorra um lockdown, quando as medidas de circulação de pessoas tornam-se mais rígidas, não deve haver crise de abastecimento.
Embora alguns derivados estejam sofrendo queda nas vendas por causa do fechamento do comércio, restaurantes, etc, os resultados da pesquisa sugerem que queijos, manteiga, leite condensado, creme de leite, leite UHT, iogurte e leite em pó possivelmente apresentaram incrementos de consumo domiciliar durante a pandemia.
A pesquisa aponta que marca, preço e qualidade respondem por mais de 80% das decisões de compra. “O fator apontado pelos consumidores como o mais importante na hora da compra dos derivados do leite é a marca, seguido de perto pelo preço e depois pela qualidade”, informa Kennya. “Apenas o queijo petit suisse teve o preço como o fator decisivo na compra pelos consumidores”, completa. Uma informação destacada pela pesquisadora durante a coletiva é que um dos legados da pandemia pode ser a substituição de produtos importados ou produzidos em outras regiões por produtos locais, o que poderia fortalecer as bacias leiteiras regionais.
A pesquisa foi realizada dos dias 23 de abril a três de maio com 5.105 pessoas de todos os estados brasileiros, por meio de redes sociais. Entre os participantes da pesquisa, 4,8% possuem renda domiciliar de até um salário mínimo; 34,7% de dois a cinco; 25,8% de seis a dez e 34,8% acima de dez salários mínimos. Com relação ao responsável pela compra de produtos antes e durante a pandemia, houve redução no número de mulheres e homens acima de 55 anos. Por outro lado, o aumento mais significativo ocorreu para os homens na faixa etária de 25 a 40 anos, o que pode induzir a uma opção por diferentes produtos lácteos, embora a amostra analisada indique que 55% das compras ainda são feitas por mulheres.
Fonte: Embrapa Gado de Leite