RONDON PACHECO
Rondon Pacheco nasceu em Uberlândia, no dia 31 de julho de 1919. Estudou em Uberaba e Belo Horizonte, onde se formou advogado em 1943. Atuou na política estudantil, presidiu o Centro Acadêmico “Afonso pena”, da Faculdade de Direito, e o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Advogou em Belo Horizonte, participou da criação da União Democrática Nacional (UDN), pela qual foi deputado estadual de 1947 a 1951 e deputado federal a partir de 1951.
Rondon Pacheco sempre se caracterizou como um político extremamente discreto, embora muito atuante como articulador, vice-líder e líder da UDN, e eficiente como secretário do Interior no governo Magalhães Pinto. Quando os militares tomaram o poder, a partir de 1964, permaneceu em funções de liderança a favor da ditadura. Foi um dos principais organizadores da Aliança Renovadora Nacional (Arena), o partido governista saído do bipartidarismo imposto pela Ato Institucional n° 2, em fins de 1965.
Foi como arenista que Rondon Pacheco se mostrou um político mais desembaraçado e mais influente. Essa condição o credenciou para chefiar o Gabinete Civil do governo Costa e Silva. Ao deixar o governo, em 1970, tornou-se presidente nacional da Arena, com a incumbência de coordenar as sucessões em todos os Estados.
Indicou os candidatos arenistas, depois convertidos em governadores. Ele próprio foi o indicado para ser eleito pela Assembleia, em Minas Gerais. Assumiu o governo mineiro em 15 de março de 1971, para governar até 15 de março de 1975.
Sua administração coincidiu com o período conhecido como “milagre econômico brasileiro”, de desenvolvimento acelerado. O governador Rondon Pacheco pôde, assim, promover realizações importantes. Algumas delas:
– atração da Fiat para Minas Gerais;
– atração da Krupp Indústria Mecânica de Minas Gerais;
– revitalização do Conselho Estadual de Desenvolvimento;
– implantação de 479 projetos industriais médios e grandes;
– duplicação do PIB mineiro;
– construção da hidroelétrica de São Simão e da termoelétrica de Igarapé;
– extensão da energia elétrica para todo o Vale do Jequitinhonha;
– revigoração da cafeicultura;
– criação da Cia. de Processamento de Dados de Minas Gerais S.A.;
– criação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico;
– restauração da obra de Aleijadinho em Congonhas do Campo.
Terminado o seu governo, Rodon Pacheco presidiu a Usiminas e, em 1982, elegeu-se deputado federal. Ficou na Câmara dos deputados até o fim do mandato, em 1987, quando se retirou da política, aos 68 anos. Ainda ocupou o cargo de conselheiro do Bando de Desenvolvimento de Minas Gerais até 2011.
Faleceu em 04 de julho de 2016, aos 96 anos, em Uberlândia.
CAUSOS
José Maria de Alkmim é personagem de incontáveis casos e causos no anedotário político mineiro. Para muitos, tratava-se da maior raposa política das Gerais. Entre tantas histórias, uma se passa logo no início do governo JK, onde o BNDE preparou um plano para conter a inflação brasileira. Plano ortodoxo, infalível, em que o governo cortaria verbas e se limitaria a gastar o que arrecadasse.
Alkmim, ministro da Fazenda, desaprovou:
– Governo não pode cortar verba nem gastar só o que tem. Governo libera verba, gasta prometendo pagar e depois, não paga.
Ainda quando ministro, Alkmim iniciou uma campanha contra o crediário. Apontava as prestações como o maior fator de inflação. Os comerciantes cariocas ficaram furiosos, foram queixar-se ao presidente Juscelino Kubitchesk. JK mandou chamar o ministro para dar explicações.
– Alkmim, eles dizem que você está prejudicando o comércio com essa propaganda contra a prestação.
– Mas presidente, eu não estou contra a venda a prestação. Estou é contra a compra à prestação.
No final do governo João Goulart, Alkmim entrou firme na conspiração para derrubar o presidente. Bem à sua maneira, quando alguém falava sobre o governo, Alkmim engatilhava a pergunta debochada:
– Que governo?
João Goulart ficou sabendo e resolveu testar o deboche. Telefonou para Alkmim, tomando o cuidado de disfarçar a voz:
– Ministro Alkmim?
– Sim.
– Estou ligando para falar sobre o governo…
– Que governo?
Jango riu e, sem disfarçar a voz, identificou-se. Alkmim não se apertou:
– Eu havia percebido que era o senhor, presidente. Só queria saber se o senhor se referia ao governo municipal, ao governo estadual ou ao governo federal…
No dia da cassação de Juscelino Kubitchek, um jornalista telefona para o gabinete da vice-presidência da República:
– Doutor Alkmim, como o senhor recebeu a cassação de JK?
– Por telex, meu filho, por telex.
Em dezembro de 1968, logo após a decretação do implacável AI-5, um jornalista ligou para Alkmim.
– Com vai o regime, deputado?
– Excelente, meu filho. Já perdi três quilos.
Publicado na edição 781, de 23/04/2014