sexta-feira, abril 19, 2024
BRASIL E MUNDONOTÍCIAS

Ministro de Taiwan alerta sobre o ‘cavalo de Troia’ 5G da China

Em entrevista ao jornal The Nikkei Asian Review, Audrey Tang diz que país agiu em 2014 para manter a empresa Huwaei fora dos sistemas digitais. Operadoras de telefonia começam testes no Brasil da tecnologia 5G.

Ministro de Taiwan alerta sobre o ‘cavalo de Troia’ 5G da China. (Foto: Pixabay)

A inclusão de equipamentos chineses na infraestrutura básica de telecomunicações de um país é como convidar um cavalo de Tróia, um tipo de malware, para a rede, afirmou o ministro digital de Taiwan, Audrey Tang, em entrevista ao jornal Kikkei Asian Review.

“Não existem empresas privadas puras na China. Do ponto de vista da RPC, o partido no poder pode mudar o seu líder sempre que a situação for intensa”, diz Tang.

“Se você incluí-las (empresas vinculadas à China) na infraestrutura, será preciso ter muito cuidado sempre que atualizar o sistema, porque isso pode tornar a rede vulnerável a permitir que um cavalo de Tróia entre no sistema”, completa.

Tang relata que o povo de Taiwan, uma ilha governada democraticamente que a China vê como parte de seu território, presenciou os riscos de usar equipamentos fabricados por empresas como Huawei e ZTE há seis anos, quando as gigantes da tecnologia ainda eram pouco conhecidas fora da China, diz a reportagem. “Enquanto o mundo discute a inclusão ou não de empresas ligadas à China na infraestrutura do 5G, já o fizemos na era 4G”, afirma.

O governo de Pequim, em 2014, enfrentou as maiores manifestações em Taiwan em décadas, quando ativistas ocuparam a legislatura do país por quase um mês. O ex-presidente Ma Ying-jeou estabeleceu, então, um sistema de transmissão ao vivo para manifestantes que exigiam que o governo retirasse o projeto de lei sobre acordo de comércios de serviços com a China.

A reportagem informa que, justamente nesse período, Taiwan começou a implantar sua rede 4G. Tang lembra que a Comissão Nacional de Comunicação e o Conselho de Segurança Nacional atenderam às exigências dos ativistas de não permitir o equipamento das empresas chineses dentro da rede. À época, apoiada pelo estado de Taiwan, a Chunghwa Telecom lançou serviços na rede 5G da ilha em 30 de junho, usando a tecnologia Ericsson. Como resposta, Taipei excluiu a Huwaei de seu sistema de internet, segundo a reportagem.

“Estamos felizes em ver que agora países como os EUA estão tendo essas discussões para avaliar os riscos”, diz.

Na semana passada (21), o Reino Unido inverteu sua política com a decisão de eliminar gradualmente os equipamentos da empresa Huawei da rede 5G do país antes de 20217, numa ação que segue os EUA – que aplicaram sanções adicionais à gigante tecnológica chinesa.

A Alemanha, outro grande mercado, também está debatendo a questão. A Deutsche Telekom, uma das principais operadoras do mercado europeu, disse ao jornal que implementa uma estratégia de vários fornecedores – e que inclui 25% da tecnologia comprada de fornecedores europeus e chineses, informa a reportagem.

A reportagem, feita por Cheng Ting-Fang, Lauly Li e Kensaku Ihara, relembra que as relações de Taiwan com a China deterioraram-se desde que o presidente Ing-wen, cético de Pequim, foi eleito em 2016 pela primeira vez, tornando a ilha alvo de frequentes ataques cibernéticos.

O governo diz que Taiwan é atingido, em média, 30 milhões de vezes por mês. O jornal aponta que como os laços entre EUA e Taiwan se aqueceram, Washington e Taipei realizaram os primeiros exercícios cibernéticos ofensivos e defensivos em 2019. A dupla quer compartilhar, ainda, conhecimento e realização de workshops sobre o combate à desinformação.

Os jornalistas destacam que, embora Taiwan não seja formalizada como integrante dos ‘Cinco Olhos’ – a aliança de inteligência entre Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e EUA – a ilha, contudo, pode compartilhar informações de segurança com outros países.

“Existe um espectro entre estar completamente fora dos Cinco Olhos e participar da aliança. Do ponto de vista da segurança cibernética, se houver uma ameaça iminente que atinja Taiwan, e encontrarmos traços digitais, poderíamos compartilhar isso com outros países, pois eles podem ser o próximo alvo”, conta Tang.

A reportagem afirma que a empresa Huwaei rejeita as acusações feitas por Tang. A ZTE, por sua vez, não se pronunciou.

A Huwaei Technologies não é uma empresa estatal, mas puramente privada, totalmente de propriedade de seus funcionários. A empresa não depende do Partido Comunista Chinês nem do aparato de segurança chinês. Não há evidências factuais para (alegações em contrário) e as rejeitamos fortemente”, afirma Huwaei em nota.

Operadoras de telefonia começam testes no Brasil da tecnologia 5G

Empresas usarão faixas de transmissão de 3G e 4G, porque leilão para comercialização do espaço para a nova tecnologia só ocorrerá em 2021.

As maiores operadoras brasileiras de telefonia celular iniciaram neste mês de julho o funcionamento, em caráter experimental, da tecnologia de quinta geração (5G) para os aparelhos móveis. Neste primeiro momento, o 5G compartilhará as faixas de transmissão já existentes do 3G e do 4G, com o uso da tecnologia chamada DSS (compartilhamento dinâmico de espectro, na sigla em inglês).

Isso ocorre porque o leilão do espaço do espectro, destinado exclusivamente ao 5G (a faixa de 3,5GHz), só deverá ocorrer no início de 2021. Com a tecnologia DSS é possível compartilhar, com o 5G, a faixa do 3G e 4G não utilizada. No entanto, como esse espectro não possui uma banda contínua e dedicada, a experiência do 5G ainda não poderá ser utilizada em sua totalidade.

O 5G, em sua máxima potência, deverá oferecer altíssimas velocidades de internet, além da capacidade para conectar massivamente um número significativo de aparelhos ao mesmo tempo.

Para poder utilizar o serviço, porém, o usuário terá de ter em mãos um aparelho celular que seja compatível com a tecnologia 5G. Hoje, no mercado brasileiro, há apenas um modelo disponível com a tecnologia, o Motorola Edge, com valor acima de R$ 4,9 mil na loja oficial da fabricante.

A operadora Vivo está ativando, no mês de julho, o funcionamento do 5G DSS em oito cidades brasileiras: São Paulo (regiões da Avenida Paulista, Vila Olímpia e Berrini), Brasília (regiões do Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios e shoppings), Belo Horizonte (regiões da Savassi e Afonso Pena), Salvador (regiões da Pituba e Itaigara), Rio de Janeiro (Copacabana, Ipanema e Leblon), Goiânia (região central da cidade), Curitiba (regiões do Centro Cívico/Alto da Glória e Batel/Água Verde), Porto Alegre (regiões do Moinhos de Vento, Avenida Carlos Gomes e Shopping Iguatemi).

Já a o 5G DSS da operadora Claro está disponível inicialmente em São Paulo, desde a última semana, na região da Avenida Paulista e Jardins. Em seguida, vai gradativamente estender-se pelos bairros Campo Belo, Vila Madalena, Pinheiros, Itaim, Moema, Brooklin, Vila Olímpia, Cerqueira César, Paraíso, Ibirapuera, além da região da Avenida Berrini e também de Santo Amaro.

O serviço será instalado também na Central Única das Favelas (CUFA) e no Instituto Pró-Saber SP, ambos na comunidade de Paraisópolis, onde a operadora desenvolve trabalhos sociais.

No Rio de Janeiro, os primeiros pontos de cobertura estarão em Ipanema, Leblon e na Lagoa. Devem se expandir por toda a orla, do Leme até a Barra da Tijuca, passando pelo Jardim Oceânico, Joá, São Conrado e Copacabana.

A cobertura do 5G DSS da operadora TIM terá início em setembro, em três cidades: Bento Gonçalves (RS), Itajubá (MG), e Três Lagoas (MS). Já a Oi informou que está avaliando iniciar a operação comercial da tecnologia 5G no país antes da realização do leilão de frequências. A operadora disse que já instalou experimentalmente a tecnologia 5G no país, de forma pontual, no ano passado, no município de Búzios (RJ) e em grandes eventos, como na Conferência Rio2C, GameXP, Rock in Rio e Comic Con Experience (CCXP).

Fonte: R7 e Agência Brasil