quarta-feira, abril 24, 2024
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Crimes contra profissionais da imprensa

Editorial

(*) Por Flávio Senra

Fonte: Unesco

Comum tem sido, no Brasil e no mundo, profissionais da imprensa serem ameaçados, agredidos e até assassinados pelo simples fato de levarem fatos ao público em geral, muitas das vezes desagradando políticos, empresários, bandidos em geral.

Se uma notícia desagrada o político X, seja ele deputado, senador, governador, presidente, prefeito ou vereador, a ordem de dar um corretivo no sujeito. Se o fato retratado vai de encontro a opinião do empresário, por que não ameaçar o profissional da imprensa? Se o criminoso for descoberto e tiver sua foto estampada no jornal ou outro veículo de comunicação, por que não mandar matá-lo ou até mesmo seus familiares?

Tem sido assim desde remotos tempos, com exemplos e mais exemplos apresentados nos livros de história, em arquivos de jornais e revistas mundo afora, grande parcela crimes não desvendados devido a omissão de autoridades.

Tempos atrás, um crime de grande repercussão nacional aconteceu no Rio de Janeiro. Tim Lopes, um jornalista investigativo de grande coragem e uma responsabilidade ainda maior, foi vítima de traficantes de drogas liderados pelo covarde Elias Maluco, recentemente encontrado morto na cela onde cumpria sua pena.

Mas nem sempre um bandido já reconhecido com tal foi o autor do atentado que resultou na morte de um profissional da imprensa. Anos atrás, Ipatinga foi palco de um dos mais covardes assassinatos vivenciados naquele importante município mineiro, onde a vida de um corajoso radialista, no caso Rodrigo Neto de Faria, foi tirada por vários disparos de arma de fogo. Passados alguns meses, para o espanto de todos, os criminosos foram descobertos – eram policiais.

Diversos crimes contra profissionais da imprensa são cometidos diariamente em todo o país e no mundo. Ontem, 26 de outubro, Romano dos Anjos, profissional da TV Imperial, afiliada da Rede Record em Roraima, foi sequestrado na própria casa. Romano foi encontrado vivo na manhã desta terça-feira com os olhos vendados, mãos e pés amarrados, com inúmeros sinais de espancamento.

Anos atrás, duas profissionais da imprensa alemparaibana, no caso específico Marília Rosestolato e Edimilce Rocha, também foram agredidas durante um evento festivo que acontecia na pacata vila de Angustura.  Elas não receberam socos ou pontapés, sequer lhes foi disparado algum tiro ou golpe de faca, mas foram taxadas por um político já falecido como “prostitutas da imprensa” pelo simples fato de não concordarem e denunciarem ações grotescas desse político. Tal fato, que para alguns foi de pequena monta, não deixou de ser um crime, fato que foi denunciado pelo ALÉM PARAHYBA sem que as autoridades constituídas e boa parcela da comunidade alemparaibana tomasse uma atitude digna e de respeito em favor das duas profissionais.

E  para finalizar, ontem, segunda-feira/26 de outubro, só para exemplificar, um certo lacaio do atual prefeito, que na ocasião cometia o que pode ser taxado de sequestro, ao ser flagrado em seu nefasto ato não perdeu a oportunidade e lançou mão de uma ameaça direcionada ao editor desse site/jornal. Daí, nada mais justo que, acompanhado de um advogado, Flávio Senra se dirigisse até a Delegacia de Polícia de Além Paraíba e solicitasse uma Medida Protetiva Policial. Agora, só resta esperar o passar dos dias, meses, o tempo que for necessário…

(*) Flávio Senra é editor do ALÉM PARAHYBA desde junho de 1993.