sexta-feira, abril 19, 2024
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Honorata Fernandes e Ambruzina Fernandes de Souza

Poucas mulheres e ainda tão poucas, representante da raça negra tiveram a notoriedade no início do século XX em Além Paraíba como Honorata Fernandes, conhecida por todos como “Sá” Honorata.

Nasceu em São Manoel (MG), vindo para Além Paraíba em 1904, juntamente com seu marido, o ferroviário Germano Fernandes, exercendo uma função sagrada que lhe proporcionou muito respeito e afeto entre as famílias alemparaibanas. Parteira das mais conhecidas, citada em vários textos do saudoso historiador e dentista Dr. Octacílio Coutinho, “Sá” Honorata fixou residência no Morro da Conceição com seu esposo e os filhos: Ambrozina, Amélia, Germano e Gersínio.

Foi considerada a segunda “mãe” de grande número de alemparaibanos, uma mestra na função de parteira, inclusive respeitada por médicos que não lhe criavam obstáculos no desempenho de seu trabalho. A cada momento, dia ou noite, tempestuoso ou calmo, era chamada em sua residência, sempre pronta para auxiliar uma parturiente e colaborar com a vinda de mais um alemparaibano ou alemparaibana.

“Sua presença era um sinal. O sinal que as crianças eram privadas de assistir. Na casa era aquele movimento, ocorria ao perfume dos defumadores, roupas impecavelmente brancas e desinfetadas em enormes latas d’água fervente ou em tachos de bronze, espalhando vapores por toda parte. E latas de marmelada entravam a cada momento no quarto e pratos de canja de galinha que serviam de alimento a futura mamãe” (Octacílio Coutinho).

“Sá” Honorata faleceu em 1951, aos noventa e oito anos, deixando saudades daqueles que lhe tinham gratidão.

A continuidade ao trabalho de Honorata Fernandes foi seguido por sua filha Ambrozina, que também nasceu em São Manoel, no dia 08 de outubro de 1901. Ambrozina estudou no Liceu Operário e trabalhou na Companhia Industrial de Além Paraíba (CIAP), sendo a primeira mulher a exercer o cargo de tecelã naquela importante empresa alemparaibana.

Como parteira seguidora dos passos da mãe, Ambrozina também se destacou e trazia com ela o orgulho de não ter tido nenhum óbito em suas mãos. Exerceu a sagrada função até a idade de 75 anos, passando a seguir a somente orientar as mães alemparaibanas que a procuravam como agir nos banhos dos rebentos e na cura do umbigo.

Foi casada com o ferroviário Sebastião Godoy de Souza, com quem viveu poucos anos, ficando viúva com quatro filhos: Kleber, Klínio, Kleuza e Klélia.

Ambrozina Fernandes de Souza faleceu aos 97 anos, no ano de 1998, na sua residência no Morro da Conceição.

“Sá” Honorata Fernandes e o grande admirador e amigo Jarbas Neto.
Ambrozina Fernandes de Souza junto de seus bisnetos.

Publicado na edição 321 do Jornal Além Parahyba – Texto de Mauro Senra e fotos de arquivo da família.