Fuga em Mossoró: Um mês de desconforto no governo após início das buscas
O caso trouxe à tona deficiências na segurança da unidade federal e questionamentos sobre a efetividade da operação.
No dia 14 de fevereiro, às 3h47, Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, associados ao Comando Vermelho (CV), realizaram uma fuga inédita da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte (RN), sendo desde então incluídos na lista de procurados pela Interpol.
Ontem, quinta-feira (14), a operação de recaptura da dupla completou um mês, o que tem gerado inquietação entre os integrantes do governo pela demora na recaptura dos criminosos. Há uma evidente relutância em abordar o assunto devido à sua natureza negativa.
A situação torna-se especialmente delicada devido à ênfase dada pelo Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, na prioridade do combate à violência e ao crime organizado em sua posse, ocorrida em 1º de fevereiro, apenas duas semanas antes da fuga.
O caso também trouxe à tona deficiências na segurança da unidade federal, com câmeras desativadas e iluminação precária. Os fugitivos conseguiram escapar ao danificar a estrutura da luminária e cortar as grades externas com alicates.
A demora para capturar os fugitivos ao longo dos últimos 30 dias tem prejudicado a imagem do governo atual, que se encontra cada vez mais vulnerável às críticas, sobretudo à medida que se aproxima as eleições municipais.
Além disso, a falta de divulgação dos gastos públicos relacionados à fuga tem gerado questionamentos sobre a efetividade das medidas tomadas até o momento.
Na quarta-feira (13), o Ministro da Justiça dirigiu-se à região para supervisionar pessoalmente as operações em andamento, mantendo-se em reuniões com a cúpula da força-tarefa.
Essa foi a segunda visita do ministro à região desde a fuga. Ele reiterou a possibilidade de os fugitivos ainda estarem na área, discurso que tem sido constante desde o início das buscas.
Nesse mesmo dia, o ministro destacou as dificuldades enfrentadas pela operação devido à geografia local, incluindo cavernas, matas densas, presença de animais peçonhentos e as frequentes chuvas, além da abundância de frutas que poderiam servir de fonte de alimentação para os foragidos.
Cerca de 500 agentes de segurança, incluindo membros da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal, Força Nacional e polícias militares de vários estados da região, bem como efetivos das forças municipais de Mossoró, estão envolvidos nas operações.
O esforço conjunto conta com o auxílio de drones, helicópteros e cães farejadores. Até o dia 13 de março de 2024, a Polícia Federal já deteve sete indivíduos suspeitos de colaborar com os foragidos e apreendeu dois veículos usados para auxiliá-los. Também foram executados dez mandados de busca e apreensão pela PF.
As buscas concentram-se principalmente entre Mossoró e Baraúna, cidades distantes aproximadamente 35 km uma da outra. A Polícia Federal oferece uma recompensa de R$ 30 mil por informações que levem à captura dos fugitivos.
Fonte: Jornal O Tempo – Por Gabriela Oliva