sexta-feira, abril 19, 2024
BRASIL E MUNDODESTAQUENOTÍCIAS

A praga do bolivarianismo acabou

O socialismo do século 21 não passou da segunda década

Por Augusto Nunes (*)

Encontro de membros do Foro de São Paulo. (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

Em 2010, quando o coronavírus ainda era apenas um brilho no olhar da ditadura baseada em Pequim, outras pragas assolavam o Brasil e boa parte da América do Sul. A que mais inquietava os democratas chamava-se bolivarianismo. Parida na Venezuela em 1999, foi apresentada por Hugo Chávez como “o socialismo do século 21”, disseminou-se pelo subcontinente e, no fim da primeira década, chegara ao poder em cinco países. O Brasil do PT estava prestes a juntar-se ao grupo. Amigo e comparsa de Chávez, Lula desfrutava do último ano do segundo mandato, mas o país não corria nenhum risco de dar certo: o Palanque Ambulante seria substituído por Dilma Rousseff. A mulher que não conseguia dizer coisa com coisa certamente se entenderia com os sócios do clube presidido por Chávez. Evo Morales reinava na Bolívia desde 2006. O Paraguai elegera em 2008 o ex-bispo Fernando Lugo. O Equador caíra no colo de Rafael Correa em 2007. Nesse mesmo ano, a Argentina entregou-se aos cuidados de Cristina Kirchner. As nações restantes se renderiam até 2020.

Passados dez anos, a praga é apenas uma má lembrança. Desmoralizado pela aparição do bando de paroquianas que engravidara, incapaz de lidar com conflitos internos, o Reprodutor-de-Batina foi despejado pelo Congresso paraguaio em 2012. O Bolívar-de-Hospício morreu no ano seguinte, e legou a Nicolás Maduro, o Bigode-sem-Cabeça, a tarefa de presidir a agonia da ditadura venezuelana. A Viúva-de-Tango deixou a presidência da Argentina em 2015. Voltou há pouco como vice, carregando um buquê de denúncias por suborno e formação de quadrilha. Em 2016, o impeachment livrou o Brasil das pedaladas de Dilma. No ano seguinte, o Imbecil-de-Guayaquil desistiu da tentativa de reeleger-se. Condenado em 2020 a oito anos de cadeia por corrupção, refugiou-se na Bélgica. O último a partir foi o Lhama-de-Franja. Apeado do poder em 2019, por ter fraudado a eleição de que participou ilegalmente, é acusado de ter mantido relações sexuais com duas menores de idade. No momento, descansa na Argentina.

Todos logo serão asteriscos nos livros de História. Menos Lula. Primeiro presidente brasileiro engaiolado por corrupção, merece um longo capítulo. Ilustrado por uma foto de frente e outra de perfil.

(*) Augusto Nunes estudou na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e começou sua carreira como revisor no Diário dos Associados. Foi repórter em O Estado de S.Paulo e da revista Veja. Dirigiu jornais e revistas como O Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil (SP), Veja, Época e Forbes. Apresentou o Roda Viva, da TV Cultura. Augusto foi quatro vezes vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo e considerado pela Fundação Getúlio Vargas (FVG) um dos mais importantes profissionais da área do país. Envolvido com literatura, um dos livros que organizou e editou foi o Minha Razão de Viver: Memórias de Um Repórter. Escreveu as biografias de Tancredo Neves e de Luís Eduardo Magalhães, além de A Esperança Estilhaçada — Crônica da Crise que Abalou o PT e o Governo Lula.

Fonte: Site R7