sexta-feira, abril 19, 2024
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Atriz Jane Di Castro morre aos 73 anos

Artista considerada um ícone LGBT lutava contra um câncer, mas se mantinha na ativa e estrelou, nos anos 60, o primeiro espetáculo de travestis liberado pela censura.

O Brasil perdeu o brilho de Jane di Castro na manhã desta sexta (23) / Foto: Reprodução

O Brasil ficou menos colorido e alegre sexta-feira (23). Morreu, aos 73 anos, a atriz e ícone trans, Jane Di Castro. Ícone da cultura drag no Brasil, ela estrelou em 1966 o primeiro espetáculo de travestis liberado pela censura.

Jane, cujo nome de batismo era Luiz de Castro, estava lutando contra um câncer e , segundo o blog de Ancelmo Gois, do jornal ” O Globo”, ela estava internada no Hospital de Ipanema, na Zona Sul do Rio.

 Na semana passada, cenas da artista na reprise de ” A Força do Querer”, foram ao ar. Na trama de Gloria Perez, ela contracena com Elis Miranda/Nonato, personagens trans de Silvero Pereira.

Nascida e criada em Osvaldo Cruz, Zona Norte carioca, Jane enfrentou desde nova o preconceito por ser travesti. Nos anos 1960, trabalhou como cabeleireira em Copacabana, até que 1966 estreou, no Teatro Dulcina,  o primeiro espetáculo com homens vestidos de mulheres autorizado pela censura, em 1966, o “Les girls em Op Art”. Contudo, durante a ditadura, Jane foi perseguida por realizar shows no Teatro Rival e na Praça Tiradentes.

De acordo com informações do jornal O Globo, o nome artístico foi sugerido por Bibi Ferreira, um dos ícones das artes cênicas que a dirigiu, como fizeram, mais tarde, Ney Latorraca e Miguel Falabella. Em 2001, abriu seu próprio salão em Copacabana, sem jamais deixar a carreira artística de lado.

Estrelou, ao lado de Rogéria, Divina Valéria, Camille K, Eloína dos Leopardos, Marquesa, Brigitte de Búzios e Fujika de Halliday, o espetáculo de drags “Divinas Divas”, por dez anos, no Teatro Rival. O show também deu nome ao premiado documentário dirigido por Leandra Leal, lançado em 2016.

Jane manteve uma união estável por mais de 50 anos com Otávio Bonfim, que morreu em 2018. O casamento foi oficializado em 2014, depois de 47 anos vivendo juntos, em uma cerimônia coletivo que reuniu 160 casais LGBT.

Apesar de doente, Jane continuava na ativa e vira e mexe postava vídeos e fotos em seu Instagram recordando seus trabalhos e ansiando por dias melhores para ela e para o mundo.

Fonte: O Tempo