sexta-feira, abril 19, 2024
BRASIL E MUNDODESTAQUENOTÍCIAS

Como a compra de votos mata uma cidade

A história abaixo é composta de pequenos fragmentos reais. Ela é uma ficção tecida por realidade. Portanto, ao ler tenha a certeza de que estes fatos acontecem. Porque já aconteceram antes.

Por Orlando Macedo (*)

Josué nasceu esperto. Isso todos lhe disseram quando era criança, e nisso cresceu acreditando. O mundo validava sua conduta. Colava nas provas e saía ileso. Sempre pegava uma bala escondida ou outra na mercearia. Seus pais não o condenavam. Afinal, ele nasceu esperto, não é mesmo? E assim Josué foi levando a vida.

Claro que Josué nunca teve emprego fixo. Por que, um cara esperto como ele trabalhar duro? Nem pensar. Em todo emprego que arrumava, havia sempre uma chance de empurrar o trabalho para um colega ou desviar uma coisa ou outra. Nunca foi pego, afinal, ele era esperto! Apesar de não entender muito bem o porquê de muitos de seus colegas perdurarem em seus empregos. Ele, coitado, era esperto, mas sempre era alcançado pela “crise”. Num desses tempos de vacas magras (por causa da crise, obviamente, porque era esperto) calhou de ser período eleitoral. Ótimo! Período eleitoral é época de pessoas espertas fazerem dinheiro! E começou a vender seu voto. Acabou votando em um deles, um qualquer chamado Pacão.

Pacão não tinha nome nem sobrenome, nasceu do dinheiro ilícito e com ele comprou sua candidatura. Investiu R$ 10.000,00 para receber R$ 8.000,00 por mês. Bom negócio. Tão bom negócio que ele sequer aparecia na Câmara. Vez ou outra ia lá, apenas para aparecer. Votava como bem entendia, mas pouco entendia do que estava sendo votado. Tanto que sequer sabia que havia votado para o fechamento de uma escola. Razões haviam muitas, mas a razão do empresário que também comprava votos (e também pagou cinqüentão para o Josué) era um terreninho para expandir seus negócios. Essa história de vereador até que estava saindo bem rentável.

Orlando Macedo, colunista do site leopoldinense O Vigilante On Line

A escola que fechou era exatamente a que abrigava o filho de Josué. Sem nada para fazer durante o dia, o garoto começou a fazer pequenos serviços para os traficantes locais. Em dois meses já estava viciado e aos 17 anos veio a falecer em troca de tiros com a Polícia.

Nosso anti-herói continua desempregado. E com um filho morto! Coloca a culpa na polícia e na política. Nele, não! Afinal, é um cara esperto!

Venda seu voto! E termine como Josué…

(*) Orlando Macedo é colunista do site O Vigilante

Fonte e foto: O Vigilante