sexta-feira, abril 19, 2024
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Vittorio Moscon

Vittorio Moscon.

Vittorio Moscon nasceu em Treviso (Veneto), norte da Itália, em 7 de dezembro de 1894. Era filho de Guiseppe Moscon e Luigia Feletti, e na sua terra natal trabalhou na Fábrica de Papel Cartiera Reali até a época de servir o exército.

Terminado o período regulamentar, pensou em voltar ao trabalho na fábrica, no entanto um fato inesperado o surpreendeu: eclodira a I Grande Guerra Mundial (1914/1918) e novamente foi convocado para as fileiras do exército italiano, servindo na infantaria de 25 de março de 1915 até 8 de janeiro de 1919. Participou de várias batalhas, sendo que numa delas ficara ferido e, em outra, sido feito prisioneiro, ocasião em que perambulou pela Europa Central como trabalhador-prisioneiro.

Terminada a guerra, voltou a trabalhar na indústria papeleira italiana, época em que realmente definiu a profissão que abraçaria e que permitiu que se candidatasse no Consulado a uma vaga na imigração para o exterior, como técnico. Trabalhou em diversas fábricas de papel, em máquinas contínuas, de 1919 até 15 setembro de 1924, quando emigrou para o Brasil.

Casou-se ainda na Itália, com Amabile Girolami Moscon, filha de Gino Girolami e Joseppina Sacali, em 7 de maio de 1924.

Chegando ao Brasil (Rio de Janeiro), a Companhia Industrial de Papéis e cartonagem (CIPEC) providenciou o encaminhamento do imigrante recém-chegado e sua esposa para a cidade de Mendes (RJ), onde trabalhou até 1930, ocasião em que se transferiu para Além Paraíba. Em Mendes nasceram dois filhos: Ormes Moscon, engenheiro, casado com Afife Werdine Moscon; e Otelina Moscon Putel, casada com o industrial Sócrates Ricardo Putel.

A família se adaptou bem em terras alemparaibanas, vivendo um período de muita felicidade, sendo aumentada com a chegada de um terceiro filho: Antônio Oswaldo Moscon, engenheiro, casado com Marinice Braga.

A partir de 1933, Vittorio Moscon recebeu diversos convites para ir trabalhar no exterior: México, Uruguai e, principalmente, para a Argentina, ocasião em que as malas da família chegaram a ficar prontas. Porém, uma oferta de um contrato mais generoso por parte do então presidente da S/A Fábrica de Papel Santa Maria, o também italiano José Mercadante, evitou que mais um deslocamento acontecesse. Em seu lugar, foi para a Argentina o primo Arturo Moscon, que mais tarde levou para lá sua mãe e o irmão Pedro, tendo ficado na Itália o irmão Ricardo.

A Fábrica de Papel Santa Maria prosperava, melhorando a qualidade do produto industrializado e também a quantidade produzida pela compra da segunda máquina, em 1937. Nasceu, então, a quarta filha do casal: Luigia Joseppina Moscon Ribeiro, casada com Nilson Joaquim Ribeiro.

Em 1940, a fábrica alemparaibana monta a sua máquina n° 3, aumentando ainda mais a produção e proporcionando mais desenvolvimento. Neste ano nasce sua última filha, Maria José Moscon Faria, casada com o desembargador Dr. Francisco Eugênio Rezende de Faria.

Em 1968, aconteceram as comemorações do cinquentenário do término da Primeira Grande Guerra Mundial. Após comprovar a sua participação no grande conflito, foi condecorado pelo governo italiano com a “Ordem de Vitório Veneto”, no grau de “Cavalheiro”, com medalha de ouro e com a Cruz de Ferro (a Cruz de Ferro somente é dada aos combatentes que são feridos em combate). O diploma e as medalhas foram entregues pela embaixada italiana, no Rio de Janeiro, ocasião em que o governo de sua terra natal concedeu-lhe uma pequena pensão em dinheiro por tempo limitado.

Por lei da Câmara Municipal, Vittorio Moscon recebeu o título de Cidadão Alemparaibano, o que aumentou ainda mais o orgulho por ter escolhido Além Paraíba como sua segunda pátria e aqui permanecesse até a morte, ocorrida no dia 22 de abril de 1983.

Publicado na edição 315 do Jornal Além Parahyba / Texto de Mauro Senra / Fotos gentilmente cedidas por familiares.