A criminalidade em Além Paraíba aponta mais de 20 assassinatos sem solução de 2020 até março de 2024

O número de homicídios ocorridos em Além Paraíba de 2020 até os dias de hoje, sem que as autoridades policiais tenham chegado aos assassinos, é algo assustador e causa insegurança para toda a população, principalmente a parcela que reside nos bairros periféricos. São mais de 20 assassinatos violentos computados até março último, a maioria não elucidados pelas autoridades competentes, em especial pela Polícia Civil, cuja principal atribuição é a investigação na busca de identificar quem cometeu e qual a motivação do crime.
Boa parcela dos assassinatos ocorreu ou tem ligação com o bairro Goiabal e arredores, bairro que em certa ocasião chegou a testemunhar a existência de uma “guerra” entre facções criminosas que comandavam ou ainda comandam o tráfico de drogas no país, o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que em Além Paraíba já teriam se instalado e profissionalizado vários comandados.
O último assassinato registrado ocorreu em 1º de março deste ano, no bairro Boiadeiro, ocasião em que um casal foi crivado de balas por dois homens não identificados que estavam em uma motocicleta e sumiram qual fumaça no ar. A mulher era Lourdes Mara, 27 anos, e o homem era Wanderson de Tal, 23 anos, conhecido por Nem.
Além Paraíba nunca se viu tão desprotegida diante dessa rotina de crimes sem solução. O município tem pouco mais de 35 mil habitantes e sua antiga tranquilidade tem sido substituída pela sensação de insegurança e medo sem que haja uma resposta das autoridades (no âmbito dos três poderes constituídos) apontando um caminho para a solução de tão grave problema na área da Segurança Pública.
Confira, abaixo, os nomes de algumas das vítimas fatais dos assassinatos que abalaram Além Paraíba de 2020 até o último mês de março. Desses assassinatos, são as informações existentes, poucos casos tiveram seus autores identificados, sendo que um desses identificados ainda estaria foragido. São eles:
· Geison Benedito Libânio – bairro Matadouro;
· Paulo César Ferreira Venâncio, o “César Rolinha” – bairro do Boiadeiro;
· Bruno Teodoro Rosa, o “Dirréia” – bairro Goiabal;
· José Matias Soares – bairro Goiabal;
· Mateus Teodoro Rosa Soares – bairro Goiabal;
· Luciano Rodrigues de Freitas, o “Cenoura – bairro Goiabal;
· Paulizim – localidade de Angustura;
· Vinícius de tal, o “Jamanta” – bairro do Boiadeiro;
· João Pedro Fernandes – bairro Goiabal;
· Guilherme José da Silva – bairro de São José;
· Ítalo Rodrigues (“Tulu”) – bairro Terra do Santo;
· Victor Rodrigues (“Zaqueu”) – bairro Terra do Santo;
· Rodrigo Rezende – bairro de Vila Caxias;
· Renato Oliveira da Silva – bairro Terra do Santo (suspeita de assassinato – corpo desaparecido até hoje);
· Paulo Ricardo Idelfonso de Oliveira – bairro Goiabal;
· Alexandre Costa, o Jack – bairro Morro da Conceição (suspeita de assassinato – corpo desaparecido até hoje);
· D.M. – localidade de Fernando Lobo;
· Helcenir Júnior Oliveira de Souza, o “Juninho Bigode” – bairro Planeta II;
· Paulo Lúcio Moraes Fernandes – bairro Sítio Branco;
· Luiz Henrique Pereira dos Santos, o “Baiano” – bairro Planeta II;
· Paulo César Adão de Oliveira – bairro Goiabal;
· Lourdes Mara – bairro do Boiadeiro;
· Wanderson de Tal – Bairro do Boiadeiro.
Omissão sobre o assunto
Infelizmente, e é um fato que não pode ser negado, discutir o alto número de assassinatos que ocorreram nos últimos anos em Além Paraíba por parte das autoridades junto ao público, parece, é algo inaceitável. Somente para exemplificar, segundo os arquivos do Jornal Além Parahyba, nesse período apenas uma vez o tema teria sido levado em plenário da Câmara Municipal, isto em 09 de dezembro de 2021, quando no município alemparaibano já se registrava 12 casos de assassinatos violentos.
À ocasião, a Presidência da Casa do Povo, leia-se vereador Mateus Cruz, atendendo provocação do vereador José Maria “Tuquinha”, conhecedor de larga experiência do tema pela sua atuação como membro da Polícia Militar de Minas Gerais, promoveu uma reunião de trabalho que abordou a Segurança Pública no município.
Infelizmente, participaram do encontro apenas os membros da edilidade alemparaibana e convidados, entre estes a deputada estadual Delegada Sheila, o prefeito Miguelzinho e seu vice Dedé, secretários e assessores, Comando da Polícia Militar, delegados da Polícia Civil, representantes do Poder Judiciário e do Ministério Público e outros.
O assunto, que era e ainda é de grande relevância devido o momento em que a comunidade alemparaibana atravessava, que, aliás, ainda atravessa, onde a criminalidade, em especial em bairros periféricos, foi discutida, infelizmente foi a portas fechadas ao povo em geral por razões reveladas através de uma argumentação pífia da direção da Casa do Povo: a de que o assunto seria sigiloso.
À ocasião, devido a proibição do povo estar presente ao evento dentro da Casa que lhe pertence, apesar do insistente pedido do vereador Tuquinha no sentido do Jornal Além Parahyba participar do mesmo, a direção do veículo de comunicação se recusou participar com o seguinte relato ao vereador:
“Não dá para entender essa determinação do vereador Matheus, presidente da Câmara. Argumentar que o assunto seria sigiloso porque números e dados atuais da força pública estadual em terras alemparaibanas poderão ser citados, é mera desculpa esfarrapada. Todos sabem das dificuldades das polícias Militar e Civil no município, como falta de veículos, combustível e outros, sem contar o baixo número de policiais e agentes atuando em Além Paraíba”. Ao final desta colocação, tendo em vista que o ano seguinte seria de eleições, Flávio Senra conclui com certa ironia: “Será que a reunião terá cunho eleitoreiro, já com vistas ao próximo ano?”
Quem sabe, diante da apresentação desses números que ora o Jornal Além Parahyba volta a levar ao público em geral, tal assunto volte a ocorrer, apesar de ser de ciência geral que o ano é de eleições? O povo alemparaibano pede e tem direito assegurado em saber o que foi e tem sido feito com relação ao assunto de tamanha relevância que impacta não somente aos familiares de quem foi vítima desses inúmeros crimes não solucionados até hoje, mas também toda a população que se vê insegura dentro de suas casas.
Com a palavra as autoridades constituídas, todas sem exceção…



