domingo, novembro 2, 2025
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Recuperação de um clássico: “A Noiva da Cidade” e a importância da preservação audiovisual em Minas Gerais

Em meio ao silêncio dos rolos de filme esquecidos e ao apagamento de parte significativa da memória cinematográfica brasileira, a redescoberta do longa-metragem A Noiva da Cidade (1978), de Alex Viany, representou mais do que o resgate de uma obra: foi um ato de afirmação da cultura, da história e da identidade mineira.

Rodado na cidade de Volta Grande (MG), berço do cineasta Humberto Mauro, o filme foi concebido como uma homenagem à tradição do cinema mineiro, unindo nomes como Elke Maravilha, Grande Otelo, Léa Garcia, Paulo Porto e Betina Viany. Com roteiro assinado por Miguel Borges e trilha sonora de Chico Buarque e Francis Hime, a produção contava com todos os elementos para se tornar um marco cultural. No entanto, após sua estreia restrita a poucas salas, o filme desapareceu dos circuitos por décadas.

Foi apenas em 2016, graças aos esforços de preservação do acervo da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e ao trabalho do Museu de História e Ciências Naturais que uma cópia foi localizada, recuperada e assim foi possível a sua reexebição após quase 40 anos de invisibilidade.

A recuperação de A Noiva da Cidade também só foi possível graças ao investimento público em políticas culturais de Minas Gerais, como a Filme em Minas, e os programas voltados à preservação da memória audiovisual.

No momento, André Borges, diretor do Museu de História e Ciências Naturais, também professor e historiador mineiro, está terminando de escrever um livro em formato digital que nos próximos meses estará disponível por meio digital e em audiolivro para acessibilidade. O projeto faz parte da Lei Paulo Gustavo que investiu recursos em diversos projetos audiovisuais, inclusive na produção de obras de literatura voltadas para o cinema.

Mais do que recuperar um filme, a redescoberta de A Noiva da Cidade representa a força de políticas públicas voltadas à cultura, bem como o trabalho desenvolvido pelo MHCN e o compromisso de Minas Gerais com a sua história, suas paisagens e suas narrativas. Em tempos em que a memória corre risco constante de ser silenciada, iniciativas como estas mostram que preservar é também resistir.

Fonte e imagem: Ascom MHCN – Museu de História e Ciências Naturais