sexta-feira, outubro 11, 2024
COLUNASDESTAQUESINDICATO RURAL

Leite fica 32% mais caro em Belo Horizonte e já custa até R$ 4

Crescimento da demanda e alta do dólar contribuíram para a alta do produto.

Custo com fertilizantes, ração e suplementos cresceu com câmbio mais caro nos últimos meses. (Foto: MORRY GASH/ASSOCIATED PRESS)

Por QUEILA ARIADNE

A pandemia aumentou o consumo do leite, o dólar aumentou o custo de produção e a entressafra diminuiu a oferta. Essa combinação fez os preços subirem para o consumidor.

Hoje, ele está pagando, em média 32% a mais em relação a fevereiro. Segundo levantamento do site de pesquisas Mercado Mineiro, antes do novo coronavírus, o litro custava em torno de R$ 2,54.

Em junho, está custando R$ 3,35. Mas essa é apenas uma média, porque em algumas prateleiras, ele já é encontrado por R$ 4.

O presidente da Comissão Técnica de Pecuária da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Eduardo Pena, explica que o aumento é resultado de um combinado de fatores.

“No começo, tivemos um pânico e as pessoas correram para estocar, provocando um choque de demanda. Já em março, o dólar subiu muito, impactando os custos de ração, fertilizantes, suplementos e medicamentos importados”, justifica.

Ainda em março, o produtor estava gastando cerca de R$ 1,30 para produzir cada litro de leite, que era vendido por R$ 1,35, em média. Em abril, o preço médio subiu para R$ 1,43. “Agora, gira entre R$ 1,48 e R$ 1,85”, informa Pena.

Além dos reflexos do câmbio, que elevaram os preços de insumos importantes na fabricação das rações, como soja e milho, a entressafra e os fatores climáticos provocaram queda na oferta.

“De maio a julho, normalmente já temos uma queda na captação, pois os pastos ficam mais secos. E, neste ano, tivemos uma forte seca que afetou a produção no Sul no país”, explica Pena.

Quando a oferta cai, a indústria normalmente recorre à importação. No entanto, Pena ressalta que, com o câmbio elevado, a opção não é competitiva. “A indústria acaba recorrendo ao mercado interno, para se abastecer, pressiona a demanda e os preços sobem”, esclarece.

Pena afirma que, com mais gente passando mais tempo em casa os hábitos de alimentação mudaram e o consumo do leite subiu, o que refletiu em melhora na remuneração do produtor.

“As pessoas fazem mais bolo, por exemplo. Agora, se tiver lockdown e o setor de food service for fechado, vai cair de novo as vendas de lácteos para lanchonetes, por exemplo”, comenta.

Segundo ele, o auxílio emergencial também foi importante para manter as vendas em alta. Se no começo da pandemia, o medo de faltar leite provocou uma corrida aos supermercados, agora a situação já não ocorre mais.

“A pandemia nos trouxe diversas incertezas, entre elas a preocupação dos consumidores em relação a uma possibilidade remota de desabastecimento de produtos lácteos no país. Isso rapidamente se reverteu graças à ação conjunta de representantes do setor produtivo e de órgãos públicos para garantir a continuidade da produção de alimentos e o abastecimento da população”, disse o presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Leite, Ronei Volpi, durante live transmitida pela CNA.

Fonte: O Tempo