segunda-feira, abril 29, 2024
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Asilo Ana Carneiro Lar do Idoso completou ontem (21/jul) 99 anos de fundação

O Asilo Ana Carneiro – Lar do Idoso.

Fundado em 21 de julho de 1921, pelo médico sanitarista Dr. Ladário de Faria, a instituição foi registrada inicialmente como Casa de Abrigo a Mendigos e, evoluindo posteriormente, para abrigo de idosos que não possuíam família.

Com o passar dos anos, as demandas foram crescendo e o Asilo Ana Carneiro Lar do Idoso não pode mais ser confundido com um lugar de abandono, mas sim um lugar de ajuda e proteção às pessoas que precisam de uma assistência maior, muito difícil de ser alcançada, por famílias comuns, quer seja pelos gastos, quer pela condição de preparo, para se ter um idoso em casa.

Hoje, aos 99 anos de atividades, é presidido pela advogada Maria Helena Barbosa de Oliveira, e continua com prestação assistencial integral, com profissionais composto por médicos, enfermeira, auxiliares de Enfermagem, cuidadores de idosos, fisioterapeuta e diversos funcionários, cujo trabalho é destinado unicamente para o bem bem-estar dos seus 84 internos.

Reconhecida como utilidade pública, pela Lei Municipal, 691 de 1972, também é pelo Estado e pela União, permanecendo inalterados, os princípios que sempre a nortearam, ou seja, a prestação social a idosos, buscando sempre a melhoria de sua saúde, de sua autoestima, com atividades recreativas, festividades, e integração social.

Devido à pandemia do COVID 19, as visitas à Instituição foram temporariamente suspensas, mas se você quiser ser um colaborador voluntário do Asilo Ana Carneiro Lar do Idoso, entre em contato pelo tel.: (32) 3462-1796.

Fonte: Facebook – Sonia Carvalho

Ladário de Faria: “o médico dos pobres”

Dr. Ladário de Faria, o “médico dos pobres”, fundador do Asiço Ana Carneiro – Lar do Idoso.

Nascido em Areado, região sul de Minas Gerais, em 11 de abril de 1890, Dr. Ladário de Faria era filho de Fernando Antônio de Faria e de dona Maria Victória Pereira de Faria. Fez seus primeiros estudos em Campanha (MG) e em Itú (SP), formando-se em medicina pela Faculdade Nacional do Rio de Janeiro no ano de 1913. Casou-se em 17 de janeiro de 1917, com Maria Luíza de Rezende Faria, e tiveram oito filhos. No mesmo ano de seu casamento veio de Juiz de Fora para Além Paraíba, como Inspetor Geral do Serviço de Profilaxia Rural da Zona da Mata, sendo posteriormente transferido para Recreio (MG), onde ficou por seis meses, sendo transferido para Cataguases e, novamente, em 1920, para Além Paraíba, como Chefe do Distrito Sanitário da Zona da Mata. Em Além Paraíba dedicou sua vida profissional, fazendo desta terra sua terra e de seus filhos. Aqui foi chamado de “o médico dos pobres”, pela sua humanidade e respeito aos mais humildes.

Uma das grandes preocupações de Dr. Ladário de Faria era com a velhice desamparada que circulava pelas ruas esmolando para sobreviver. Para ampará-la, tirando-a das ruas e das condições miseráveis em que vivia, fundou o Asilo Ana Carneiro em 21 de junho de 1921. Tudo teve início numa reunião com amigos. Dr. Ladário de Faria tirou o chapéu, fazendo-o correr junto aos presentes ao encontro, humildemente “esmolando” um auxílio para angariar fundos que possibilitassem a construção do asilo. A primeira sede da instituição foi construída no Morro do Carneiro, defronte ao Hospital São Salvador, e recebeu o nome de Casa de Abrigo a Mendigos.

Como médico sanitarista erradicou o tipo em Além Paraíba. O primeiro laboratório de análises clínicas do município foi criado por ele, em seu consultório médico. Em 1958, foi eleito pela Associação Médica, Seção Regional de Além Paraíba, Presidente da Regional Minas Gerais. Foi chefe dos postos de saúde de Carmo e Sapucaia.

Com o pensamento sempre voltado para o bem coletivo e de Além Paraíba, sem visar interesses próprios, Dr. Ladário de Faria também foi um importante político no município. Sempre defendendo os pobres, os injustiçados e os perseguidos pelos poderosos, fundou o jornal “O Combate”, onde relatava suas idéias e sua luta pelo engrandecimento do município alemparaibano. “O Combate” se transformou numa tribuna onde os humildes eram defendidos dos opressores.

Em 1947, o Diretório do PSD apresentou o nome do ilustre médico como candidato a prefeito de Além Paraíba nas eleições que seriam realizadas em novembro daquele ano. Aceitou a proposta e foi à luta. Seu primeiro ato como candidato foi lançar um manifesto ao povo e nele constava seu programa de governo, todo desenvolvido na busca de melhores dias para a coletividade, o que desagradou as lideranças políticas adversárias. Dr. Ladário de Faria enfrentou uma luta ferrenha, sórdida e desleal. Seus adversários, poderosos e maquiavélicos, usaram de toda a deslealdade para destruí-lo. Entretanto, os correligionários do médico, na maioria os menos favorecidos pela sorte, os operários da Estrada de Ferro Leopoldina e das outras indústrias alemparaibanas, lutaram com garra contra os ”coronéis”, elegendo aquele que era considera um homem justo, honesto, amigo dos pobres e de Além Paraíba. Dr. Ladário de Faria ganhou as eleições e foi empossado em 1º de janeiro de 1948.

A ganância dos adversários era terrível. Agindo pela escuridão, usando de métodos sujos, com má fé e corrupção, conseguiram impugnar uma urna no Tribunal Eleitoral, cassando um prefeito eleito pelo voto direto do povo. Dr. Ladário de Faria ficou somente quatro meses à frente da Prefeitura Municipal.

A decepção não desanimou os ideais do ilustre médico e político. Continuou a sua luta em defesa dos miseráveis, principalmente da classe operária. Seu nome virou uma lenda junto aos que o conheciam. Certa vez, os ferroviários da Estrada de Ferro Leopoldina entraram em greve por melhores salários. Os poderosos, que eram contra o movimento grevista, tentaram promover a derrocada da mobilização. Em defesa dos ferroviários, Dr. Ladário de Faria pôs-se diante de uma locomotiva dizendo que para furar a greve teriam que passar com a composição sobre o seu corpo. O maquinista não seguiu viagem com o trem e aderiu à greve que continuou e os ferroviários conseguiram o aumento salarial desejado.

Fumante inveterado acendia um cigarro atrás do outro, sempre usando uma piteira que era presa ao dedo. Um dia, um garoto lhe perguntou: “Doutor! Por que o senhor acende um cigarro atrás do outro?” – “É porque não posso fumar todos de uma vez só”, respondeu com bom humor.

Quando Dr. Ladário de Faria faleceu, seus corpo foi levado de trem, de sua residência, no bairro Porto Velho, até a Estação de São José, para o sepultamento no Cemitério do Santíssimo. Toda a classe ferroviária de Além Paraíba se fez presente ao féretro, homenageando assim o seu grande defensor.

Segundo Maria Luísa de Faria, saudosa filha do ilustre médico, o reino de seu pai não era este. “Seu reino era o do amor ao próximo”, disse certa vez a filha dileta. Esta afirmativa diz bem quem foi Dr. Ladário de Faria, podendo ser acrescentado de que seu reino também era o da Justiça e da Coletividade.

Texto de Flávio Senra – Transcrito do semanário ALÉM PARAHYBA, edição nº 307, de 10/01/2005