terça-feira, abril 30, 2024
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Primeiro semestre de 2021 é decisivo para pautas prioritárias de Zema na ALMG

A eleição de 2022 pode deixar deputados temerosos em votar temas polêmicos no fim do ano.

Laura Serrano, deputada estadual pelo Novo (Foto: Reprodução)

Com metade da gestão concluída e sem conseguir avanços em pautas consideradas prioritárias, o governador Romeu Zema (Novo) precisará correr contra o tempo se quiser ver algum dos temas ser aprovado pela Assembleia Legislativa (ALMG).

Nos bastidores, o entendimento entre líderes e integrantes da base é unânime: as chances de temas como privatizações e adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) terem sucesso político na Casa têm prazo de validade e se encerram no primeiro semestre de 2021.

Embora oficialmente o discurso seja o de que a Casa sempre vai estar aberta à discussão, os parlamentares já estarão mais focados na eleição de 2022 a partir do segundo semestre do ano que vem, o que deve impactar também a votação de temas considerados polêmicos e que criam resistência junto às bases.

A leitura entre os deputados ouvidos pela reportagem é a de que os membros da ALMG não terão a mesma disposição para enfrentar um desgaste causado pelo debate de assuntos tão polêmicos quanto a reforma da Previdência, aprovada neste ano. “Se não avançar bem no início do próximo ano, acho que dificulta. São assuntos que vão vir mais fortes em 2021, e é preciso ter uma base sólida. O governo já percebe que não tem uma base sólida, não tem maioria para aprovar coisas polêmicas”, avaliou, em reserva, um integrante do grupo de apoio de Zema na ALMG.

Além das privatizações, o deputado lembra o intuito do Palácio Tiradentes de fundir a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), que ainda não começou a tramitar na Casa, mas já enfrenta resistência dos deputados.

A leitura do aliado de Zema é que o sucesso vai depender da capacidade de articulação e convencimento. “Depende muito do produto e do vendedor. Se ele convencer que isso (a privatização) é a salvação do Estado, que sem isso Minas entra em colapso e que aí todo mundo perde, as pessoas acabam arriscando mais”.

Outros membros da base de Zema reconhecem a dificuldade, especialmente em função do início das articulações para o pleito de 2022. “As dificuldades existem. E agora, que a eleição para 2022 começou, não será fácil”, disse um parlamentar.

No entendimento de um dos líderes da ALMG, que também falou sob anonimato, outro ponto que dificulta o andamento das pautas na Casa é a falta de definição do que é prioritário para o Estado.

Em 2019, o governo Zema encaminhou alguns projetos, incluindo a autorização de venda de 100% da Codemig e para que o Estado entre no Regime de Recuperação Fiscal da União. Além disso, a antecipação do lucro que a estatal teria pela exploração do nióbio, embora aprovada pela ALMG, ainda não foi concretizada.

“Governo nenhum tem meio (de gestão). Os dois primeiros anos são o começo, e os dois últimos são o fim. E ter matéria consensual nos dois anos finais é difícil. Se eu fosse governo, tentaria aprovar pautas prioritárias nos dos primeiros anos”, avaliou o líder.

Vice-líder acredita em votação

Apesar do entendimento nos bastidores da ALMG, inclusive dentro da base de Romeu Zema (Novo), oficialmente os aliados do governo dizem que é possível, sim, avançar com as pautas ao longo de 2021 e até mesmo em 2022.

Vice-líder de governo, a deputada Laura Serrano (Novo) destacou que a prioridade do Palácio Tiradentes segue sendo a privatização da Codemig e, na sequência, a desestatização de outras empresas, como Cemig e Copasa.

“Ela (a Codemig) é uma estatal em que a gente vê como importante a questão da privatização, porque realiza atividade que não necessariamente precisa ser feita pelo poder público”, disse, reforçando que a venda da companhia também pode gerar caixa para que o Estado possa arcar com as despesas e regularizar o salário dos funcionários públicos, voltando a pagar de forma integral no quinto dia útil.

A parlamentar reforça que, do ponto de vista do governo, há clima político para a discussão desses temas na ALMG até o fim de 2022.

“Hoje, a visão do governo, e também da Assembleia, é que temos um mandato que vai até o fim de 2022, e é nosso papel trabalhar em prol dos mineiros durante todo esse tempo. O que for necessário ser enviado para a Casa, na minha visão, como parlamentar, a gente tem que analisar para gerar os melhores resultados para a população”, destacou Laura Serrano.

Em nota, o secretário de Governo de Romeu Zema, Igor Eto, destacou que o Palácio Tiradentes “mantém um diálogo constante com a ALMG para aprovar os projetos prioritários para os mineiros”.

Eto, o principal articulador político de Zema com a ALMG, disse entender que, “assim como o Executivo, o Legislativo tem sensibilidade para colocar os cidadãos de Minas sempre em primeiro plano”.

Fonte: O Tempo / Por Sávio Gabriel