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28 de janeiro: dois anos sem José Alves Fortes, o Zezinho

Há dois anos atrás, 22 de janeiro de 2020, Além Paraíba perdia um seus filhos mais ilustres, o professor e advogado José Alves Fortes, conhecido por toda população alemparaibana como Zezinho.

Zezinho foi um homem de bem, amava como ninguém sua terra natal e era amado pelo povo que sempre teve nele um amigo, um irmão, para muito um pai. Foi o grande mentor para a criação da Fundação Educacional de Além Paraíba, na época FAFI-Pronafor (Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Professora Nair Fortes Abu-Merhy), onde incontáveis professores alemparaibanos estudaram, centenas com bolsas já que não tinham condições de custear os estudos.

Foi um chefe de família exemplar que, junto da amada esposa Marley Baranda Fortes, legou aos filhos, Michel e Karime, exemplos de dingnidade, respeito, honestidade, humildade e, sobretudo, cristandade.

Hoje fazem dois anos de sua partida, e este Portal de Notícias do Jornal Além Parahyba não podia deixar a data em branco. Muito nós devemos ao ilustre professor, amigo e padrinho, pois desde o início de nossas atividades, até os dias atuais, tivemos e contamos com uma parceria que, dias atrás, seu filho Michel chegou a comentar que podemos contar sempre.

Deixamos aqui registrado a nossa saudade e gratidão, e aproveitando a oportunidade porque não lembrar aos nossos amigos leitores um pouco da vida do homem-cidadão que soube amar como ninguém a nossa querida Além Paraíba?

Aos seus familiares de José Alves Fortes, bem como a todos que sempre o cercaram com carinho, o nosso forte abraço…

Filho caçula do casal de libaneses Pichara David Fortes e Nazira Alves Fortes, Zezinho nasceu em Além Paraíba no dia 22 de dezembro de 1937. Eram seus irmãos: David (já falecido), Dulce e Ione.

Criado no bairro do Porto Velho, onde sempre residiu, Zezinho aprendeu as primeiras letras com a saudosa professora Elza Couto Gomes, encerrando seu ciclo do Curso Primário no Grupo Escolar Salles Marques. A seguir, foi estudar no Colégio Além Paraíba, onde fez o hoje inexistente Curso de Admissão, o Ginasial e o Científico. Aos 18 anos, atendendo o chamado obrigatório das Forças Armadas, serviu no Tiro de Guerra que existia na Ilha do Lazareto.

Com 19 anos de idade foi aprovado no vestibular para Direito da Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Na época, foi residir com sua querida e saudosa tia Maria de Lourdes Fortes, alta funcionária concursada do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Formou-se com 23 anos de idade, depois de uma vida universitária muito intensa – foi diretor cultural da UNE e assinava uma coluna semanal no jornal O Fluminense.

De volta à sua terra natal, iniciou suas atividades como advogado no escritório do saudoso Dr. Braz Povoleri, a quem sempre se lembrava com grande carinho e admiração. Tempos depois, atendendo um pedido do então juiz Dr. Ariosto Guarinello, passou a atuar como Advogado Dativo (hoje Defensor Público), com o compromisso de atender os mais necessitados.

Uma vez que era bilíngue, dominando como ninguém a língua inglesa, em meados da década do ano de 1960, Zezinho acabou sendo convidado pelo professor Salvador Vieira de Meneses para dar aula no recém criado Ginásio Estadual São José, onde teve participação relevante. À ocasião, quando foi descoberto que “forças estranhas” tentavam impedir a regularização do educandário que tinha por mote principal atender a demanda daqueles que não podiam custear o Curso Ginasial nas escolas particulares, Zezinho liderou um grupo de professores e alunos que foi até Belo Horizonte e ficou acampado diante da Secretaria de Estado da Educação até que a portaria homologando sua regularização fosse efetivada. Na mesma época, Zezinho atendeu um pedido da professora Else de Deus Pimenta Brandão Ferreira, foi dar aulas na também recém criada Escola da Comunidade “Professor Sérgio Ferreira”, hoje CNEC. Zezinho ainda foi professor em outros educandários alemparaibanos, como o Colégio Além Paraíba e o Centro de Formação Profissional da Estrada de Ferro Leopoldina, o Senai 6-1, hoje SAPE.

Com a verve política entranhada nas veias e com o apoio de um grupo de amigos, Zezinho candidatou-se a prefeito no ano de 1970. Foi uma campanha repleta de dificuldades e de grotescas ofensas dirigidas ao seu nome, disputada contra um grupo político muito forte financeiramente. Com os parcos recursos que dispunha, a campanha deslanchou quando da realização da Festa da Cidade, ocasião em foram distribuídos milhares de chapéus de palha contendo os dizeres “Zezinho 70”, o que além de agradar ao eleitor o transformou num eficiente “cabo eleitoral”. Vale ressaltar, a classe estudantil alemparaibana aderiu de imediato à campanha rebelando-se contra a velha oligarquia, dando como vitorioso nas urnas o seu nome.

Ainda no seio político, Zezinho foi candidato algumas vezes a deputado estadual e federal, nunca alcançando êxito, mas sagrando-se o mais votado na cidade em todas essas ocasiões. Foi eleito vereador na época da criação da Carta Constitucional de Além Paraíba (Lei Orgânica Municipal), onde teve atuação de grande destaque. Foi Superintendente da Fundação Cultural de Além Paraíba (FUNCAP) durante o período do segundo mandato do ex-prefeito Elias Fadel Sahione, e criou, com o apoio de sua tia Nair Fortes Abu-Merhy, membro do Conselho Federal da Educação e decana da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Fundação Educacional de Além Paraíba (FEAP), hoje atendendo com vários cursos superiores, como Engenharia Civil, Direito, Pedagogia, História. Matemática, Educação Física, Letras e outros.

A vida de José Alves Fortes é fortemente entrelaçada com a história do Rotary Club de Além Paraíba, que na sua criação teve a participação efetiva de seu pai Pichara David Fortes e seus tios Amil Alves e Antônio Martins Fortes. Em 1960, logo após formar-se em Direito e de volta à sua terra natal, passou a integrar o corpo do tradicional clube de serviços alemparaibano, onde sempre foi um membro atuante em várias diretorias, chegando à sua presidência.

Durante o biênio 1993/1994, foi escolhido para o importante cargo de Governador Rotário, onde se destacou com a sensível ampliação de clubes do Distrito 4580. A repercussão de seu trabalho frente a governadoria rotária repercutiu pelo país inteiro, e até no exterior, levando-o a participar com destaque em várias conferências e congressos rotários por vários países da América e da Europa.

José Alves Fortes era casado com Marley Baranda Fortes, pai do advogado Michel Pichara Baranda Fortes e da médica Karime Augusta Baranda Fortes Zanardi, e avô de João David.

Zezinho foi velado na Câmara Municipal de Além Paraíba, sendo sepultado no Cemitério do Santíssimo no meio da tarde do dia 29 de janeiro de 2020.

ZEZINHO, OBRIGADO POR TUDO!…