quarta-feira, maio 1, 2024
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Região já tem mais de 150 desabrigados

Na Zona da Mata, 20 municípios decretaram estado de emergência até a última sexta-feira (06).

Bairro Cruzeiro, em Lima Duarte, ficou alagado após fortes chuvas que caíram na primeira semana de janeiro; 67 pessoas estão desalojadas, e outras 13, desabrigadas na cidade vizinha (Foto: Divulgação/Prefeitura de Lima Duarte)

Chuvas intensas marcaram a primeira semana de janeiro em Minas Gerais. Só na Zona da Mata, 20 municípios decretaram estado de emergência até o dia 6 de janeiro, última atualização da Defesa Civil do estado. Até sexta-feira (6), 151 pessoas estavam desabrigadas ou desalojadas nas cidades de Lima Duarte, Cataguases, Rio Pomba e Visconde do Rio Branco. Em Juiz de Fora, segundo a Defesa Civil do município, não há nenhum caso de pessoas desabrigadas ou desalojadas por conta das chuvas.

Em Lima Duarte, 88 moradores foram afetados pelo temporal que caiu sobre a cidade nos primeiros dias do ano. O número diz respeito às pessoas que sofreram alguma perda material ou moravam em locais onde a enchente causou danos. Conforme dados divulgados pela Defesa Civil, 13 moradores estão desabrigados, e 67, desalojados. Segundo a Prefeitura de Lima Duarte, a cidade publicaria o decreto de emergência ainda na sexta-feira, visto que existe previsão de chuva ao longo do fim de semana, que pode atingir áreas já afetadas e outras de risco.

Já na cidade de Cataguases, a Secretaria de Desenvolvimento Social do município contabilizou 32 pessoas desabrigadas. Destas, 14 estão abrigadas no Centro Municipal de Educação Infantil Turminha da Mônica, no Bairro Popular, e 18 na Escola Municipal Manoel Dutra de Siqueira, no Bairro São Diniz. Ao todo, estima-se que 1.565 pessoas foram afetadas direta e indiretamente pela chuva.

Em Rio Pomba, a Defesa Civil informou que as chuvas deixaram 24 desalojados e nenhum desabrigado. A Zona Rural do município ficou com seis pontes danificadas e estradas interditadas. O alto volume de chuva causou interdição nas rodovias MGC-265 e MG- 133. Parte da pista de rolamento da rodovia MGC-265, que liga as cidades de Rio Pomba e Mercês, desabou próximo ao quilômetro 15. Já na MG-133, que liga Coronel Pacheco a Rio Pomba, uma parte da pista desabou entre os municípios de Tabuleiro e Piau, no km 23.

Na região de Tabuleiro, nove pessoas chegaram a ficar desabrigadas por conta da chuva, mas, segundo o representante da Defesa Civil, Roberto Carlos Costa, as duas famílias já haviam sido realocadas. A precipitação mais intensa aconteceu no domingo passado (1º de janeiro). Costa afirmou que casas da cidade foram atingidas pela enxurrada, assim como a Unidade Básica de Saúde. “Tivemos danos nas vias públicas. No Bairro Santa Cecília, o calçamento da Rua Ana Alzira Netto de Almeida foi todo deslocado.”

Em Visconde do Rio Branco, sete pessoas ficaram desabrigadas pela chuva. Segundo Júlio César, representante da Defesa Civil, elas estavam em um local de difícil acesso, no Bairro Polônia, região conhecida como Curva da Cachoeirinha. As duas famílias ficaram isoladas por conta da cheia do Rio Xopotó, na noite da última quinta-feira (5) e aguardavam o resgate ainda nesta sexta.

Chuvas intensas na primeira quinzena de janeiro

Em entrevista, a climatologista da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Cássia Ferreira afirmou que as chuvas intensas nesta primeira semana de 2023 são normais e esperadas historicamente. “As chuvas devem continuar fortes até o dia 12 de janeiro. A primeira quinzena do mês costuma ser mais chuvosa e, a partir do dia 15, mais seca e quente.” A previsão é válida para toda a Zona da Mata, incluindo Juiz de Fora.

Cássia explica que as chuvas constantes e intensas nos últimos dias acontecem em decorrência de um conjunto de fatores atmosféricos. Um deles é a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que mantém um canal de umidade vindo da região Amazônica sob o Sudeste do Brasil. Somado a isso, uma frente fria atua nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que abaixa as temperaturas e causa instabilidade no tempo. “Há também uma área de baixa pressão que forma o que chamamos de ciclone extratropical. As zonas de baixa pressão provocam a subida das frentes de ar, o que propicia a formação de nuvens. Atualmente também observamos um cavado atmosférico, fenômeno que colabora para diminuição da pressão e atração da umidade.”

Outro fator citado por Cássia é a alta da Bolívia. “A alta da Bolívia ocorre a aproximadamente 9 km de altitude, é um anticiclone quase estacionário, que é mais comum entre a primavera e o verão. O sistema causa chuvas intensas por onde ele fica.” Sobre pancadas mais fortes, que geralmente são responsáveis por estragos por onde passam, Cássia diz que, tendo em vista as precipitações recentes, se tornam mais preocupantes. “Quando a chuva cai de forma mais intensa ela vai encontrar um solo já saturado por conta de semanas de precipitação constante, o que pode agravar deslizamentos. A mesma coisa para os rios e córregos, que já vão estar cheios no momento em que o escoamento for maior”.

Fonte: Tribuna de Minas – Por Mariana Floriano, sob supervisão da editora Fabíola Costa