terça-feira, maio 21, 2024
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O P I N I Ã O

Até quando iremos viver essa monstruosidade apelidada de intervenção?

Por Flávio Senra (*)

A situação em que se encontra o Hospital São Salvador, seja na área administrativa ou de atendimento àqueles que necessitam dos serviços de urgência-emergência e atendimento clínico, tem deixado a desejar, sendo alvo de incontáveis reclamos de grande parte da população.

Com relação à parte administrativa, preferimos nem fazer comentários neste momento, isto porque tal assunto já foi exaustivamente levado ao conhecimento do público através não só deste veículo de comunicação, mas também pelas redes sociais, alguns membros da edilidade alemparaibana e até mesmo por vários funcionários daquela Casa que pertence ao povo e não à municipalidade. Hoje, por exemplo, os colaboradores da instituição estão sem receber o 13º salário do ano passado sem saber quando receberão; tem quem afirme, como foi o caso do vereador Davi da Paz que indagou ao titular da Pasta da Saúde Municipal, Cláudio Klein, se seria verdade a afirmativa que o salário do último mês somente foi pago 70% do devido, dele não obtendo resposta; sem contar que o índice de perseguição nos corredores do HSS tem sido altíssimo e frequente. Vale ressaltar, o MPMG, assim como o Poder Judiciário, que deram aval ao prefeito de tomar para si os destinos da centenária instituição, tem ciência dessas aberrações administrativas e nada fazem. Estranho…

Mas vamos passar para o tema que hoje nos leva a, mais uma vez, falar da Casa que foi fundada em 1908, pelo médico Paulo Joaquim da Fonseca, que, aliás, foi prefeito do nosso município sem que a municipalidade contribuísse com um centavo sequer. Ontem, terça-feira, dia 21 de março, mais uma vez sofremos a abordagem de uma alemparaibana cujo nome por hora não interessa que seja revelada quem foi, dizendo que acabara de sair do Hospital São Salvador onde levara sua mãe, uma idosa com mais de 80 anos, e de lá saíra literalmente preocupada com o atendimento recebido na Pronto Socorro existente na entidade que, aliás, é de responsabilidade da municipalidade. “Infelizmente precisei levar minha mãe no HSS hoje e dá medo. Estamos perdidos”, relatou acrescentando “Só Deus por nós”. Não bastasse tal colocação, ela ainda afirmou: “Não passa segurança nenhuma”.

Dias atrás, num bate-papo com amigos, um deles afirmou que caso venha precisar de atendimento no HSS já comunicou aos seus familiares para que o levem para o vizinho município de Carmo, mais precisamente ao Hospital Nossa Senhora do Carmo. “O HSS, no que diz respeito à sua porta de entrada (Pronto Socorro) se transformou numa Casa de Mãe Joana. Tem chefe pra todo canto, a maioria incompetente, sem educação, que lida com as pessoas que necessitam de atendimento como fosse gado indo em direção ao abate”, relatou outro.

Não foram tantas vezes assim que necessitei do atendimento no Pronto Socorro do Hospital São Salvador. Entretanto, em todas as vezes que lá estive em sua maioria sempre recebi um atendimento relativamente bom. Apenas uma vez, e isto não é mais relevante, quase bati as botas como diz no popular, já que o médico que me atendeu, já bastante idoso e já falecido faz bom tempo, me diagnosticou erroneamente ao achar que eu estava com gastrite, mas em verdade estava com uma crise de apendicite aguda. Acabei, dias após internado, indo para o Hospital “Márcio Cunha”, em Ipatinga, graças à intervenção de meu saudoso co-cunhado Ricardo Bezerra que por aqui passava, médico naquela instituição, onde fui operado pelo médico Dr. João Batista Tomas Rodrigues, perdendo cerca de 30% do intestino grosso. Até hoje, me recordo bem, meu co-cunhado disse: “Vou te mandar para os cuidados de São João Batista”, numa alusão ao profissional médico que me operou.  

Erros médicos acontecem, é bom salientar, em todo o mundo isto pode acontecer. Seja nos grandes centros, nos países onde a medicina é bem mais adiantada, mas o que vemos no HSS hoje em dia é algo realmente assustador. Dias atrás, não gostaria de isto relatar já que o problema é da família, um idoso, com 94 anos, recebeu alta no HSS, ao que parece da UTI, por volta de oito horas da manhã, sendo enviado de volta para sua residência. Horas depois, por volta de 13 horas, ele, uma figura muito estimada no bairro em que residia, infelizmente, veio a falecer. Como explicar isto? Se sua saúde estava bastante debilitada por que recebeu alta? Será que um profissional da medicina, em seu juízo perfeito que leve a sério o Juramento de Hipócrates, e não o de Hipócrita, teria dado alta a uma pessoa debilitada que estivesse internada numa unidade hospitalar? Tal resposta não deve ser dada a mim, mas à família de quem partiu e, porque não, a toda comunidade que utiliza os serviços de uma Casa como o é o Hospital São Salvador, cujo dono não é o prefeito ou à prefeitura, mas sim ao povo já que esta instituição é de cunho particular, sem fins lucrativos, criada há mais de cem anos atrás com dinheiro do povo, dos mais ricos aos mais pobres, sem um centavo que fosse da municipalidade.

Até quando iremos vivenciar essa monstruosidade criada pelo pior governo que a boa terra alemparaibana já teve em toda sua história?

                                                              (*) Flávio Senra é o editor do Jornal Além Parahyba desde junho de 1993