sexta-feira, maio 3, 2024
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Ataque a escolas: boatos no WhatsApp criam pânico entre pais e alunos por todo país

Imagem enviada para a secretária municipal de Educação de Santo Antônio do Aventureiro.

Pais, professores e até crianças estão alarmados com o compartilhamento em grupos de WhatsApp de milhares de mensagens, fotos, vídeos e áudios falando de supostas ameaças de ataques a escolas que poderiam ocorrer nos próximos dias.

Circulam desde listas de supostos Estados e escolas onde os ataques poderiam acontecer a datas que estariam marcadas para ataques em massa, além de perfis de supostos agressores. Esse conteúdo, que começou a surgir na última semana, tem deixado pais e mães com medo de enviar seus filhos à escola e levado crianças e adolescentes a pedir para ficar em casa.

Um ponto em comum entre os diversos boatos compartilhados é a ideia de que haveria um ataque em massa em escolas em um mesmo dia.

Áudio enviado para a secretária de Educação de Santo Antônio do Aventureiro.
Mensagens de áudio enviadas ao prefeito Jorge Luiz Gomes, de Volta Grande.

As polícias de diversos Estados e o Ministério da Justiça afirmam que estão trabalhando para combater ameaças reais que foram registradas. Só em São Paulo, a Polícia Civil diz que frustrou dezenas de possíveis atos violentos em diversos municípios em março, com apreensão de facas, máscaras e celulares.

No entanto, muitas das ameaças compartilhadas em mensagens de “alerta” são falsas, dizem as secretarias de segurança de São Paulo e Espírito Santo, Estados onde ataques em escolas nos últimos anos deixaram vítimas fatais.

Compartilhamento de conteúdo amplia o risco de que agressões reais aconteçam

Mensagens têm causado pânico entre pais. (Foto: Getty Images)

Muitos usuários da rede social, em especial através do WhatsApp, espalham os boatos com a intenção de alertar amigos, colegas e parentes – algo que tanto pesquisadores dedicados ao tema quanto a polícia indicam que não deve ser feito.

Em vários municípios que integram a microrregião de Além Paraíba as mensagens foram propagadas trazendo o pânico entre pais, alunos, professores, diretores de escolas e autoridades. Em Santo Antônio do Aventureiro, por exemplo, a secretária municipal de Educação, Débora Lamin Garcia, recebeu duas mensagens pelo aplicativo, uma de áudio e outra contendo uma imagem com armas e os seguintes dizeres: “Amanhã hein tô avisando vou ir em toas as escolas da região haha”.

Segundo o procurador jurídico do município aventureirense, advogado José Augusto Schmidt, outras mensagens circularam na rede social, uma delas citando a Escola Municipal de São Domingos, e tão logo foi alertado e sabedor de que as ameaças circulam por todo território nacional, com o aval do prefeito Amaury de Sá Ferreira buscou junto às autoridades policiais mais informações sobre a situação, tanto que compareceu ontem, terça-feira (11), na Delegacia de Polícia Civil de Além Paraíba, onde teve longa conversa com o delegado Thiago Cury que lhe repassou uma série de providências a serem tomadas, entre estas procurar levar tranquilidade à população já que tais ameaças podem ser consideradas como fake news. Na manhã de hoje, quarta-feira, o procurador de justiça aventureirense voltou até a DP alemparaibana, desta vez acompanhando a titular da Pasta de Educação, Débora Lamin Garcia, ocasião em que tiveram longa conversa com a autoridade policial.

Vale ressaltar, Débora postou na Rede Social a seguinte mensagem dirigida a toda população aventureirense: “Informamos à Comunidade Escolar das Instituições Educacionais de Santo Antônio do Aventureiro que mediante o conhecimento das mensagens de ameaças às escolas que estão sendo espalhadas, não somente em nossa região mas em todo o país, conforme noticiado pelo Ministro da Justiça, demos ciência à Polícia Militar e o Procurador do nosso município estará, nesta tarde (ontem – 11), buscando juntamente  ao Delegado de Polícia Civil maiores esclarecimentos e orientações sobre como deveremos proceder em prol da segurança dos nossos estudantes, no resguardo da ordem social”.

No município de Volta Grande a situação se repetiu como em outros da microrregião de Além Paraíba. Ontem, ocasião em que o editor do Jornal/Site Além Parahyba, Flávio Senra, esteve visitando o prefeito Jorge Luiz Gomes da Costa, popularmente tratado Por “Seu Jorge”, que revelou que tal situação também ocorreu. À ocasião, a advogada mostrou duas mensagens contendo ameaças recebidas. A seguir, aproveitando a oportunidade, o editor esteve na Escola Estadual Capitão Godoy em visita a um professor conhecido de longa data que revelou que várias mensagens ameaçadoras circularam por toda comunidade voltagrandense, sendo que muitos pais inclusive decidiram por não enviar seus filhos para as escolas, inclusive ele.

PM monitora escola em Santana de Cataguases após aviso de “massacre”

Veículo da Polícia Militar de MG monitorando escola em Santana de Cataguases ontem, terça-feira (11).

Apenas 10 dos 104 alunos da Escola Estadual Severino de Resende, em Santana de Cataguases, compareceram às aulas na manhã de ontem, terça-feira, 11 de abril. O motivo surgiu há cerca de duas semanas quando um aluno – a identidade divulgada por populares ainda não foi confirmada pela PM – escreveu o seguinte aviso no azulejo da parede do banheiro: “Massacre – 11/04/2023”. Dias depois, em Blumenau (SC), um homem de 25 anos, invadiu uma creche e matou quatro crianças. Desde então, a frase encontrada na escola santanense passou a ser interpretada como uma ameaça aos alunos e tornou-se assunto principal naquela cidade.

A direção da escola tomou as providências preventivas cabíveis, comunicou as autoridades, está em processo de identificação do aluno que escreveu o aviso e, por fim, divulgou uma nota “aos pais, responsáveis e alunos” informando a respeito dessas medidas. “Gostaríamos de informá-los que a partir da próxima semana (que começou na segunda-feira, dia 10/04), contaremos com a presença do policiamento na unidade escolar durante os períodos de aula. Solicitamos aos alunos a não levarem mochilas, trazendo somente o necessário, tal como o caderno a ser utilizado.”

Ontem, terça-feira, 11, data anunciada do “massacre”, a Polícia Militar amanheceu na porta da escola e ficou de prontidão no local durante toda a manhã. Os dez alunos que compareceram para assistirem às aulas não foram dispensados e nenhum incidente havia acontecido, conforme informou o tenente Felipe Oliveira de Moraes, comandante do policiamento naquela cidade. “Estamos também fazendo patrulhamento preventivo na cidade, nossa equipe de inteligência está acompanhando a situação e o aluno, que seria o autor da mensagem e que ainda estamos fazendo checagens nestes sentido, segue sendo monitorado por uma equipe de apoio”, explicou.

Não foram divulgadas informações sobre o aluno, nem a respeito de seu comportamento e rotina escolar.

Fonte: Site Marcelo Lopes