ELEIÇÕES: Vaga ao Senado segue indefinida em grande parte das chapas em Minas
Até então, única chapa composta por grandes partidos que já definiu o nome para disputar o Senado é a de Alexandre Kalil, com Alexandre Silveira tentando a reeleição.
A menos de três meses para as eleições, a maioria das chapas majoritárias em Minas já tem as vagas de vice-governador com negociações bem adiantadas, porém, seguem com a vaga de senador cercada por indefinições. A partir de 20 de julho e até 5 de agosto, os partidos realizam suas convenções, quando definem os nomes que vão disputar as próximas eleições. Até lá, o cenário é de muitas articulações político-partidárias nos bastidores, principalmente em torno dos possíveis nomes pela disputa a uma vaga no Senado Federal.
A única chapa composta por grandes partidos que já definiu o nome para disputar o Senado é a do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), como pré-candidato a governador, com o deputado estadual André Quintão (PT) na vaga de vice-governador e o senador Alexandre Silveira (PSD) tentando a reeleição. Mesmo com a chapa majoritária consolidada, as duas vagas de suplência de senador ainda seguem em aberto e prometem render novas negociações que podem, inclusive, atrair outros partidos para a campanha de Kalil.
O acordo em torno do nome de Silveira se deu para que o ex-presidente Lula tenha um palanque no segundo maior colégio eleitoral do país. Por isso, o PT de Minas abriu mão de indicar o deputado federal Reginaldo Lopes para apoiar a reeleição de Silveira, uma vez que Lula fechou aliança com Kalil.
O senador lembrou que o processo de escolha do seu nome passou por divergências naturais no início, mas, com ‘ousadia’, foi possível construir uma chapa que ele garante que, hoje, está coesa e unida ao lado do ex-presidente Lula.
Segundo Silveira, a escolha do seu nome para compor a chapa considerou sua boa relação com os prefeitos e deputados, além de um ‘currículo de serviços prestados ao longo de tantos anos de vida pública’.
Entretanto, Silveira classificou esse processo de escolha de nomes em outras chapas como ‘verdadeira autofagia política’, citando como exemplo o caso do Novo. “O que se vê é um notório e legítimo interesse do Partido Novo de ter uma chapa puro sangue, mas isso não é posto de forma clara. Então, os outros partidos ficam brigando por espaço, o que fica feio, pois estão passando dos limites, parecendo que integrar essa chapa é um troféu político”, avaliou. Para ele, é uma vergonha que cargos tão importantes, como o de vice-governador e o de senador, estejam sendo tratados dessa forma.
Novo: chapa pura ou palanque para Bolsonaro
Em contrapartida, a chapa do governador Romeu Zema (Novo) está, até agora, sem nenhum nome definido, nem para a vaga de vice nem para a de senador. Um grupo do Novo, inclusive, deseja construir uma chapa pura, excluindo do rol de possiblidades os partidos que foram base de apoio na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) da gestão de Zema à frente do governo de Minas.
O nome do deputado federal Marcelo Aro (PP) é um dos cotados para ocupar a vaga de pré-candidato a senador, depois de ter sido um dos possíveis nomes indicados para preencher a vaga de vice-governador de Zema.
Indefinições rondam o PL
Uma peça ao Senado que pode transitar em duas chapas é a do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL) que, apesar de ter a chapa majoritária liderada pelo seu colega de partido, o senador Carlos Viana, pré-candidato ao governo de Minas, poderia mudar de lado e integrar a chapa de Zema.
Neste primeiro momento, o deputado coloca que, no caso dele, o foco das alianças tem como prioridade fortalecer a campanha de Jair Bolsonaro em Minas. Ele acrescenta que está sempre aberto para conversar com partidos que fazem parte da base de apoio do presidente. Marcelo Álvaro Antônio ressalta que as alianças se darão com partidos e pessoas que tenham como referência os valores cristãos e que defendam a família, a pátria e a liberdade. “Não sou adepto de alianças escusas. As conversas partidárias fazem parte do jogo político e estamos na reta final de definição deste cenário”, emendou.
Na visão do deputado, o que mais pesou pela escolha de seu nome foi sua ‘lealdade’ ao presidente, além da afinidade ideológica e da possibilidade de ampliar e fortalecer a aliança, oferecendo um palanque mais robusto ao candidato à presidência do PL.
A estratégia de aliar Marcelo Álvaro e Zema é oferecer um palanque em Minas para Bolsonaro e associar sua imagem a um governo que tem quase 70% de aprovação entre os mineiros. Nesse caso, a pré-candidatura de Viana a governador como forma de garantir o palanque de Bolsonaro em Minas não iria adiante.
Essa mudança dependeria das negociações entre o presidente e o governador. Bolsonaro abriria mão da candidatura de Viana ao governo de Minas, enquanto Zema cederia a vaga do Senado para Marcelo Álvaro Antônio. Enquanto isso, o deputado segue como pré-candidato ao Senado pelo PL, tendo como cabeça de chapa Viana.
Apostar novamente em Aécio ou atrair o MDB
A mesma situação de indefinição vive a chapa do PSDB, que tem, até o momento, apenas o nome do ex-deputado Marcus Pestana como pré-candidato a governador. As vagas de vice e de senador seguem indefinidas e têm sido motivo de muitas especulações. O nome mais cotado para disputar o senado é o do ex-prefeito de Uberaba e ex-deputado do MDB Paulo Piau, pois atrairia o partido, que não terá candidato a governador, para fortalecer a campanha do PSDB em Minas.
Apesar de não estar confirmado como pré-candidato ao Senado, Piau garante que segue em pré-campanha. “A gente fica nessa angústia, não pode parar de fazer campanha, tem que gastar”, desabafou. Ele disse que as negociações são partidárias e estão a cargo do presidente do MDB, o deputado fedeal Newton Cardoso Jr. Enquanto isso, ele fica na expectativa. Segundo o ex-prefeito, a situação não deve ser resolvida antes do dia 20 de julho, data do início das convenções partidárias.
Para Piau, a candidatura ao Senado só é viável se atrelada a um nome competitivo ao governo. Como o seu partido não tem candidato ao Palácio Tiradentes, depois da saída de Carlos Viana, que migrou para o PL, as negociações para costurar alianças seguem em aberto.
Apesar de não se colocar, neste momento, como pré-candidato a senador, o deputado federal Aécio Neves (PSDB) segue com os planos de tentar a reeleição, porém não descarta a possibilidade de disputar o Senado por ter despontado nas pesquisas de inteção de voto, conforme mostrou a última pesquisa DATATEMPO (https://www.otempo.com.br/politica/datatempo-a-4-meses-da-eleicao-aecio-lidera-entre-nomes-para-vaga-no-senado-1.2680500).
“Reconheço que, em razão de todas as pesquisas me colocarem na liderança das intenções de voto, crescem as manifestações de apoio e estímulo, dentro e fora da política, para que eu possa voltar ao Senado e fortalecer o papel de Minas na discussão das grandes questões nacionais”, afirmou Aéci, reiterando que essa será uma decisão coletiva, tomada apenas no final de julho, considerando o que for melhor para o partido e para Minas.
Discurso de Independência mantém Cleitinho sem alianças
O deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC) é um caso à parte. Recentemente, ele saiu do Cidadania e foi para o PSC na tentativa de viabilizar sua candidatura ao Senado e tem se destacado nas pesquisas. Com uma ampla popularidade nas redes sociais – 306 mil seguidores no Instagram e cerca de um milhão no Facebook – Cleitinho foi o quarto candidato mais votado para deputado estadual em Minas, com mais de 115 mil votos.
O deputado se coloca como pré-candidato independente ao Senado, ou seja, sua decisão ‘não está a mercê de alianças partidárias’. Ele, inclusive, faz questão de dizer que não participa das articulações políticas do seu partido com outras legendas e segue caminhando sozinho. “Pode até ser um defeito, mas não tenho esse contato político. Não fico nesse desespero de procurar partido, não quero nada em troca, nem uma secretaria, mas se me procurarem, estou à disposição”, afirma Cleitinho se referindo a uma possível articulação com o Novo, do governador Romeu Zema. Segundo ele, o PSC está em compasso de espera.
Fonte: o tempo – Por Ana Karenina Berutti