Clube Militar desafia comandante do Exército e vai fazer comemoração ao 31 de março de 64
O almoço em comemoração ao 31 de março de 1964 vai acontecer esse ano no Clube Militar, a despeito do país ser comandando por um presidente de esquerda, que tem entre seus homens de confiança vários nomes que participaram da luta armada nos anos 60, entre eles José Genoino e José Dirceu.
Há 10 anos uma das comemorações do 31 de março foi palco de uma confusão entre veteranos das Forças Armadas e militantes de esquerda. A coisa terminou com uma queixa na polícia da diretoria do clube contra militantes que cuspiram em oficiais da reserva remunerada.
O Clube Militar, apesar de ter entre seus associados vários militares da ativa das Forças Armadas, é uma instituição civil e que funciona independente do Exército Brasileiro, por isso oficiais generais da ativa, do comando do Exército, não tem autoridade para impedir a realização de eventos.
O texto que circula em grupos de militares das Forças Armadas é esse: “A História que não se Apaga e nem se Reescreve!”… Os presidentes dos clubes militares convidam para relembrar, em um almoço, os 60 anos do movimento democrático de 31 de março de 1964”
O evento vai acontecer em 27 de março de 2024. Além do convite para o evento, a instituição divulgou um texto onde deixa claro que na sua visão se um crime sequer foi tentado não há como implicar os oficiais no mesmo. No texto o jurista Almir Pazzianotto defende ainda que as declarações e mensagens de oficiais das Forças Armadas, interpretadas como apoio a um golpe militar, na verdade seriam “bravatas”.
A “Ordem da noite” sobre o 31 de março de 1964
Uma mensagem em alusão ao 31 de março de 1964 começou a circular na tarde e noite de quarta-feira, 20 de março, em grupos de militares das Forças Armadas. A Revista Sociedade Militar ainda não conseguiu confirmar a autoria, atribuida a um coronel reformado. A nota usa o termo “ordem da noite” deixando implicito que foi construída em tom de crítica a inexistência em 2024 de uma Ordem do Dia, que era tradicionalmente publicada em alusão à ação das Forças Armadas em 31 de março de 1964.
“Só a Marinha de Tamandaré o honrou. O Povo, que confiou naquelas palavras e por mais de 60 dias implorou pela ajuda e a proteção do EB nas portas dos quartéis, foi entregue à Gestapo tupiniquim e conduzida brutalmente a campos de concentração.”
Na íntegra, diz a nota:
“A Pátria não é ninguém; são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A Pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. // Ruy Barbosa, 1903
“A Contrarrevolução de 1964 foi tão importante para a história de nosso País que é fora de questão deixar seu aniversário passar em branco. Como membro da geração que participou dela, na inexistência de uma Ordem do Dia, envio algumas palavras àqueles meus irmãos de armas do Exército de Caxias e as chamo “Ordem da Noite”.
“Esse nome não somente evita excitar os pruridos do senhor comandante do Exército Brasileiro como se aplica perfeitamente aos tempos trevosos que a Força vem vivendo hoje em sua transição rumo ao bolivarianismo.
“É dispensável repetir para nós aqui a descrição dos acontecimentos que precederam e sucederam o 31 de março de 1964. Nós os vivemos. Além disso, outros mais competentes que eu já o fizeram e ainda o fazem muito bem, o que é importante para evitar que o inimigo reescreva a história a seu bel-prazer.
“A Contrarrevolução de 1964 foi uma obra do povo brasileiro, o civil e o fardado. Com o aumento do caos político instaurado no País por mais uma tentativa de tomada do poder arquitetada pelos comunistas, as Marchas da Família com Deus pela Liberdade clamaram pela intervenção das Forças Armadas para assegurar que nossa Pátria não fosse envenenada por aquela ideologia demoníaca.
“Se há uma constante nos regimes comunistas, essa é a imutabilidade. Seus defensores mantêm sempre a mesma promessa: um povo feliz e trabalhador, que abra mão de “alguns” direitos em troca de viver em um país onde todos seriam iguais (embora os dirigentes sejam mais iguais que os outros), dirigido e sustentado por um governo sábio, honesto, bondoso e capaz de gerir com eficiência todas as necessidades materiais de seus habitantes sem necessidade de iniciativas privadas. A harmonia reinante justificaria a existência de apenas um partido político e a obediência a ele seria a única religião permitida.
“E oferecem sempre o mesmo resultado: o totalitarismo, a servidão, a desumanidade, a corrupção, a degradação moral, o fausto dos dirigentes e a miséria, a fome a fuga ou a morte para aqueles que não estejam entre eles.
“Não há um lugar na face da Terra onde regimes dessa natureza tenham prosperado.
“Em 1964 senti, como vocês, o orgulho e o prazer de cumprir nossa missão e com humildade, como convém a um tenente, colaborar para derrotar mais um esforço para colocar o comunismo no poder em nosso País. E o Exército a que pertencíamos, comandado pelos Chefes de então, sepultou as tentativas do inimigo, venceu a guerrilha urbana, venceu a guerrilha na selva e tornou o Brasil um dos poucos países latino-americanos onde não puderam prosperar bandos criminosos como os Montoneros, os Tupamaros, o MIR, as FARC, o ELN, o Sendero Luminoso etc.
“O amor pela Pátria, a coragem, a lealdade, o profissionalismo, virtudes que tanto prezamos, hoje são conceitos mortos. Ao mesmo tempo que decide não publicar uma Ordem do Dia em memória do movimento histórico de 1964, o comandante do Exército Brasileiro envia uma nota às suas organizações que em seu item 32 fala em “fortalecer o culto às tradições, aos valores militares e à ética.”
“A que tradições, a que valores, a que ética o comandante do Exército Brasileiro se refere? Não são as mesmas do nosso tempo.
“Da mesma forma, os chefes das Forças Armadas assinaram uma nota ao Povo Brasileiro em 11 de novembro de 2022 na qual diziam “… a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira reafirmam seu compromisso irrestrito e inabalável com o Povo Brasileiro, com a democracia e com a harmonia política e social do Brasil, ratificado pelos valores e pelas tradições das Forças Armadas, sempre presentes e moderadoras nos mais importantes momentos de nossa história”.
“Até entre os contraventores do jogo do bicho “vale o que está escrito”. O que significa “compromisso irrestrito e inabalável”? É possível confiar em quem depois de escrever isso preferiu evitar o “incômodo” de um eventual confronto?
“Só a Marinha de Tamandaré o honrou. O Povo, que confiou naquelas palavras e por mais de 60 dias implorou pela ajuda e a proteção do Exército Brasileiro nas portas dos quartéis, foi entregue à Gestapo tupiniquim e conduzida brutalmente a campos de concentração.
“Mas as pessoas que hoje comandam o Exército Brasileiro não são donas da Força. O nível de testosterona e de patriotismo de outra safra melhor que venha por aí, ou mesmo uma brecha qualquer no sistema há de permitir que um Chefe de verdade chegue a tempo, antes que o Brasil se transforme no enorme Estado narcotraficante e bolivariano que o governo está construindo.
“Em 1964 não hesitamos em cumprir o mais elementar dos deveres: correr em defesa de nossa Pátria ameaçada pelo inimigo. Estejam certos que a decisão tomada pelos chefes de hoje em nada mancha a honra de nossa geração. Pelo contrário, exalta nossa fidelidade a nossos princípios e nosso amor a esse povo do qual fazíamos parte, que naquela época também nos amava e que hoje nos abomina, com razão.
“Fomos chamados a escolher entre condenar nosso País a uma existência miserável sob a espora e o rebenque do comunismo ou coloca-la no caminho da Pátria descrita acima por Ruy Barbosa. Nossa geração fez sua escolha. Que cada um hoje faça também a sua.
“Parabéns meus irmãos de armas, velhos guerreiros de 1964. Os cabelos da geração de ferro embranqueceram, o corpo sente os efeitos do passar do tempo, mas a lembrança daqueles dias gloriosos nos rejuvenesce. Nesta data nossos corações brasileiros batem mais forte, nossa alma patriota se eleva e nossas consciências tranquilas brilham com a luz intensa do dever bem cumprido.”
Fonte: Revista Sociedade Militar