Indo de encontro ao “loockdown” que decretara, Miguelzinho autoriza leilão de veículos na Vila Caxias
População protesta; policiais cometem arbitrariedade contra manifestante contrária à realização do leilão; lambança geral.
Reportagem publicada neste site na última quarta-feira (27), fez um alerta às autoridades municipais de que, mesmo com o alto índice de novos casos de Covid-19, estava programada uma aglomeração em pleno “loockdown” para o dia seguinte (28) em Além Paraíba, mais precisamente no bairro Vila Caxias, onde seria realizado um leilão de veículos promovido pelo Detran-MG.
Vale ressaltar, os organizadores do evento, mesmo cientes das proibições decretadas pela municipalidade, enviaram correspondência ao prefeito Miguelzinho Junior, solicitando a autorização para realizar o evento, alegando que sua programação havia sido feita com antecedência, inclusive já dispunham em mãos de um alvará expedido pela municipalidade. A correspondência estava assinada pelo delegado de polícia Marcos Vignolo, responsável pelo Detran-MG em Além Paraíba, e em resposta o prefeito autorizou a sua realização.
Daí, na manhã de ontem (28), com a presença de cerca de cem pessoas lotando a quadra de esportes existente na Praça Francisco Conde das Neves, e outras tantas nos arredores, foi iniciado o leilão dos veículos, causando a revolta de vários moradores vizinhos ao local, bem como a toda população alemparaibana, em especial aos inúmeros comerciantes que estão com suas lojas fechadas ao público por ordenamento do próprio prefeito.
Através de redes sociais e grupos de mensagens, a revolta tomou conta da cidade. O prefeito Miguelzinho Júnior, bem como sua irmã, Bethânia Reis, reconduzida ao cargo de secretária municipal de Saúde, foram duramente atacados, taxados de irresponsáveis e outros adjetivos. As manifestações ocuparam as redes sociais durante toda a manhã, e enquanto isso o leilão era realizado com uma platéia que se dividiu entre os interessados em comprar os veículos do leilão e moradores que mostravam indignação à falta de respeito não somente do decreto municipal, mas também às inúmeras vítimas do Covid-19 em terras alemparaibanas.
Tão logo teve conhecimento de que o evento estava sendo realizado em pleno vapor, o editor do ALÉM PARAHYBA tentou um contato com a municipalidade, na tentativa de cobrar do chefe do Executivo uma imediata paralisação do leilão. Não conseguindo o contato, Flávio Senra tentou um contato com a Secretaria Municipal da Saúde, onde descobriu que a titular da Pasta, Bethânia Reis, estava em reunião com o vice-prefeito José Márcio, o Dedé, com quem, aliás, também havia tentado contato através de seu celular. Identificando-se como editor e diretor do veículo de comunicação fundado no ano de 1923 por José Mercadante e Dr. Antônio Augusto Junqueira, Flávio solicitou da atendente ao telefone que repasse à secretária e ao vice-prefeito o absurdo que estava ocorrendo na Vila Caxias, indagando que providências seriam tomadas. Após aguardar cerca de cinco minutos no telefone por uma resposta, o editor foi informado pela atendente de que Bethânia respondera que este, se quisesse qualquer informação deveria procurar o delegado de polícia (sic). A seguir, Flávio fez contato com alguns colegas ligados à outros veículos de comunicação relatando que, com a resposta dada pela titular da Pasta da Saúde, no seu entendimento quem estaria mandando na cidade seria o delegado e não o prefeito, daí seria até de bom tom que Miguelzinho ficasse dentro de sua casa e o delegado ocupasse sua cadeira na sede da municipalidade.
Cerca de 30 minutos após sua resposta a Flávio Senra, Bethânia, gabando inclusive em rede social de ser poderosa, esteve no local do leilão dando este por encerrado.
Protesto provoca reação ríspida de policiais
Uma comerciante do bairro Vila Caxias, proprietária de um bar na Praça Francisco Conde das Neves, de nome Ednéia Rabelo, inconformada e desesperada pelo “loockdown” que a obrigou fechar seu negócio, bem como reconhecer a necessidade das pessoas se protegerem da pandemia da Covid-19, resolveu realizar um solitário protesto contra a aglomeração que estava ocorrendo devido o leilão. Munida de um tabuleiro e uma colher nas mãos, Ednéia foi até as proximidades da quadra e começou a “bater panela”, ocasião em que dois policiais civis decidiram, sem aviso prévio, retirá-la do local, arrastando-a praça afora sob as vista de várias testemunhas. A ação dos policiais foi de certa forma brutal, e foi filmada por várias pessoas. Ninguém tentou impedir a ação dos policiais contra a mulher, nem mesmo, segundo o Jornal Agora, “o ex-vereador Gerson Pinto Barreto da Silva, que é o atual Secretário Municipal de Desenvolvimento, que estava presente ao local, aparentemente representando a Polícia Civil, da qual também faz parte”.
Ao mesmo jornal, “um dos policiais envolvidos informou que não houve brutalidade, e ainda relatou que a comerciante pediu desculpas a eles posteriormente”.
A municipalidade publicou uma nota alegando que, ao ser fiscalizado pela autoridade sanitária, o evento não seguia as normas de segurança e distanciamento social previstas nos decretos de combate à pandemia, daí ter sido cancelada a sua sequência.
Segundo o Jornal Agora, uma fonte ligada à polícia civil informou que, se houver algum comunicado oficial sobre o acontecido, ele será feito pelo Delegado Marcos Vignolo.