sexta-feira, abril 26, 2024
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Indo de encontro ao “loockdown” que decretara, Miguelzinho autoriza leilão de veículos na Vila Caxias

População protesta; policiais cometem arbitrariedade contra manifestante contrária à realização do leilão; lambança geral.

Cerca de 100 pessoas no interior da quadra participando do leilão.

Reportagem publicada neste site na última quarta-feira (27), fez um alerta às autoridades municipais de       que, mesmo com o alto índice de novos casos de Covid-19, estava programada uma aglomeração em pleno “loockdown” para o dia seguinte (28) em Além Paraíba, mais precisamente no bairro Vila Caxias, onde seria realizado um leilão de veículos promovido pelo Detran-MG.

Vale ressaltar, os organizadores do evento, mesmo cientes das proibições decretadas pela municipalidade, enviaram correspondência ao prefeito Miguelzinho Junior, solicitando a autorização para realizar o evento, alegando que sua programação havia sido feita com antecedência, inclusive já dispunham em mãos de um alvará expedido pela municipalidade. A correspondência estava assinada pelo delegado de polícia Marcos Vignolo, responsável pelo Detran-MG em Além Paraíba, e em resposta o prefeito autorizou a sua realização.

Daí, na manhã de ontem (28), com a presença de cerca de cem pessoas lotando a quadra de esportes existente na Praça Francisco Conde das Neves, e outras tantas nos arredores, foi iniciado o leilão dos veículos, causando a revolta de vários moradores vizinhos ao local, bem como a toda população alemparaibana, em especial aos inúmeros comerciantes que estão com suas lojas fechadas ao público por ordenamento do próprio prefeito.

Através de redes sociais e grupos de mensagens, a revolta tomou conta da cidade. O prefeito Miguelzinho Júnior, bem como sua irmã, Bethânia Reis, reconduzida ao cargo de secretária municipal de Saúde, foram duramente atacados, taxados de irresponsáveis e outros adjetivos. As manifestações ocuparam as redes sociais durante toda a manhã, e enquanto isso o leilão era realizado com uma platéia que se dividiu entre os interessados em comprar os veículos do leilão e moradores que mostravam indignação à falta de respeito não somente do decreto municipal, mas também às inúmeras vítimas do Covid-19 em terras alemparaibanas.

Tão logo teve conhecimento de que o evento estava sendo realizado em pleno vapor, o editor do ALÉM PARAHYBA tentou um contato com a municipalidade, na tentativa de cobrar do chefe do Executivo uma imediata paralisação do leilão. Não conseguindo o contato, Flávio Senra tentou um contato com a Secretaria Municipal da Saúde, onde descobriu que a titular da Pasta, Bethânia Reis, estava em reunião com o vice-prefeito José Márcio, o Dedé, com quem, aliás, também havia tentado contato através de seu celular. Identificando-se como editor e diretor do veículo de comunicação fundado no ano de 1923 por José Mercadante e Dr. Antônio Augusto Junqueira, Flávio solicitou da atendente ao telefone que repasse à secretária e ao vice-prefeito o absurdo que estava ocorrendo na Vila Caxias, indagando que providências seriam tomadas. Após aguardar cerca de cinco minutos no telefone por uma resposta, o editor foi informado pela atendente de que Bethânia respondera que este, se quisesse qualquer informação deveria procurar o delegado de polícia (sic). A seguir, Flávio fez contato com alguns colegas ligados à outros veículos de comunicação relatando que, com a resposta dada pela titular da Pasta da Saúde,  no seu entendimento quem estaria mandando na cidade seria o delegado e não o prefeito, daí seria até de bom tom que Miguelzinho ficasse dentro de sua casa e o delegado ocupasse sua cadeira na sede da municipalidade.

Cerca de 30 minutos após sua resposta a Flávio Senra, Bethânia, gabando inclusive em rede social de ser poderosa, esteve no local do leilão dando este por encerrado.

Correspondência do prefeito autorizando o leilão.

Protesto provoca reação ríspida de policiais

Uma comerciante do bairro Vila Caxias, proprietária de um bar na Praça Francisco Conde das Neves, de nome Ednéia Rabelo, inconformada e desesperada pelo “loockdown” que a obrigou fechar seu negócio, bem como reconhecer a necessidade das pessoas se protegerem da pandemia da Covid-19, resolveu realizar um solitário protesto contra a aglomeração que estava ocorrendo devido o leilão. Munida de um tabuleiro e uma colher nas mãos, Ednéia foi até as proximidades da quadra e começou a “bater panela”, ocasião em que dois policiais civis decidiram, sem aviso prévio, retirá-la do local, arrastando-a praça afora sob as vista de várias testemunhas.  A ação dos policiais foi de certa forma brutal, e foi filmada por várias pessoas. Ninguém tentou impedir a ação dos policiais contra a mulher, nem mesmo, segundo o Jornal Agora, “o ex-vereador Gerson Pinto Barreto da Silva, que é o atual Secretário Municipal de Desenvolvimento, que estava presente ao local, aparentemente representando a Polícia Civil, da qual também faz parte”.

Ao mesmo jornal, “um dos policiais envolvidos informou que não houve brutalidade, e ainda relatou que a comerciante pediu desculpas a eles posteriormente”.

A municipalidade publicou uma nota alegando que, ao ser fiscalizado pela autoridade sanitária, o evento não seguia as normas de segurança e distanciamento social previstas nos decretos de combate à pandemia, daí ter sido cancelada a sua sequência.

Segundo o Jornal Agora, uma fonte ligada à polícia civil informou que, se houver algum comunicado oficial sobre o acontecido, ele será feito pelo Delegado Marcos Vignolo.