sexta-feira, maio 3, 2024
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Pandemia: a dor toma conta dos corredores do HSS, ou, “E quem está cuidando deles (as)?”

Editorial

Por Flávio Senra (*)

Na Itália, enfermeiro fotografou colegas lidando com pacientes de covid-19 para mostrar sua força, mas também fragilidade. (Foto: Paolo Miranda)

Como será trabalhar em uma UTI de Covid-19?

Ontem, sábado, dia 1º de agosto, após noticiar a morte da enfermeira alemparaibana Ieda Gomes, me vi indagando com meus botões tal situação.

Pensei em quais seriam as respostas de seus colegas, verdadeiros heróis que anonimamente são responsáveis pela cura dos inúmeros pacientes que estiveram e estão internados no Hospital São Salvador e nos incontáveis hospitais mundo afora, balançando entre a vida e a morte, até saírem livres do mal em direção às suas casas e ao convívio com seus entes queridos.

Como será a rotina desses profissionais, homens e mulheres, que arriscam diariamente suas vidas, enfrentando frente a frente o ainda desconhecido e famigerado coronavírus?

Entre tantas indagações que martelaram a minha cabeça, uma a todo instante voltava – eles indagariam a si mesmos “será que amanhã serei eu aqui, internado? Será que vou sobreviver até o fim desta pandemia?”

Abrigado entre as paredes de onde moro, sem o contato direto com infectados ou suspeitos de assim estarem, me sinto seguro. Mas será que realmente estou seguro? Quem me garante isso? Indago-me e não encontro uma resposta, pois sei que seres humanos como eu estão a enfrentar, tête-à-tête, esse mal que veio do Oriente e tomou conta do mundo em que vivemos, grande parcela mal remunerada e sem a proteção devida.

O Brasil, segundo dados do COFEN (Conselho Federal de Enfermagem), tem cerca de 2,2 milhões de profissionais de enfermagem, entre técnicos, auxiliares, enfermeiros e obstetrizes. Eu mesmo tenho uma filha, Emmanuela, incluída nesta lista de guerreiros (as). A grande maioria mal remunerada, frágeis como todo ser humano, que na maioria dos casos deixam de lado seus pais, mães, irmãos, maridos, esposas e filhos, e se doam acima de seus limites para cuidar de desconhecidos, às vezes até conhecidos, herculeamente lutando com um único objetivo – salvá-los!

E QUEM ESTÁ CUIDANDO DELES (AS)?

Ontem, sábado, dia 1º de agosto, após noticiar a morte da enfermeira alemparaibana Ieda Gomes, me vi indagando com meus botões tal situação…

(*) Flávio Senra é o editor do Jornal Além Parahyba desde junho de 1993.

An Quim