quinta-feira, maio 2, 2024
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Estiagem na região de Juiz de Fora e Zona da Mata é a mais severa desde 1963

Último dia de chuva na região foi registrado em maio; já são 61 dias sem precipitações.

Ria Paraibuna, em Juiz de Fora. O tempo seco prolongado, somado às temperaturas na casa dos 25 graus, colabora para queda na umidade relativa do ar, que pode chegar à casa dos 30%, nível considerado de alerta pela OMS (Foto: Leonardo Costa)

Com 61 dias ininterruptos sem chuva, a região de Juiz de Fora e Zona da Mata tem a segunda maior estiagem registrada na história. A marca supera os 60 dias sem precipitação identificados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em 2010 e só perde para os 113 dias sem chuva enfrentados no período compreendido entre os dias 2 de junho e 22 de setembro de 1963, há 58 anos.

Para o levantamento, considera-se como chuva precipitações maiores que um milímetro. Com isso, o último registro foi no dia 26 de maio, quando choveu 2,7 milímetros no Campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde ficam instalados os aparelhos do 5º Distrito de Meteorologia do Inmet. Desde então, o tempo seco prevaleceu e tudo indica que deve continuar.

Segundo o boletim publicado pelo Inmet ontem, segunda-feira (25), uma massa de ar seco predomina sobre todo o estado de Minas Gerais. A próxima semana deve ser de céu nublado a parcialmente nublado, porém com baixos índices de umidade. O tempo seco, somado às temperaturas na casa dos 25 graus, colabora para uma queda na umidade relativa do ar, que pode chegar a casa dos 30%, nível considerado de alerta pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Média histórica é de 73 dias de estiagem entre maio e setembro

A climatologista associada ao Inmet Anete Ferreira afirma que o período prolongado de estiagem é normal, levando em consideração que estamos na época mais seca do ano, que vai de maio a setembro. De acordo com ela, a média histórica para esses cinco meses, é de 73 dias sem chuva. “Ainda estamos na casa dos 60, então é um índice dentro da normalidade. Mas levando em consideração que ainda temos o mês de agosto e setembro pela frente, e não há previsão de chuva para esse período, é provável que iremos ultrapassar essa média histórica e termos um inverno mais seco que o habitual.”

Anete ainda explica que uma característica deste inverno é a zona de alta pressão que se instalou na parte continental do Brasil, criando uma massa de ar seco que impede a formação de nuvens. “Essa zona de alta pressão tem funcionado como um bloqueio atmosférico, impedindo o avanço de sistemas frontais carregados de umidade vinda do oceano. Geralmente a Zona da Mata sofre com a atuação dessas frentes frias, algo que não está acontecendo neste inverno. Nós não tivemos um episódio de queda brusca de temperatura desde junho. São também essas frentes frias que trazem aquela chuva fina, típica da mudança de tempo.”

Para a climatologista, ainda é cedo para associar a situação a uma anomalia climática. “O que temos que fazer agora é observar como vai ficar o cenário daqui pra frente. Se chegarmos em setembro e ainda não tiver chovido, é certo que teremos ondas fortes de calor no verão.” Ela ainda ressalta que, neste ano, Juiz de Fora e região tiveram chuvas abundantes, o que também contribui para não termos um déficit alarmante de precipitação.

Já para a climatologista da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Cássia Ferreira não é comum que a cidade fique tantos dias consecutivos sem precipitação. “Como mostra o levantamento, essa situação só aconteceu em 2010, período que o Brasil passou por uma intensa crise hídrica.” No entanto, ela também leva em consideração que ter dias de chuva não significa que a deficiência hídrica do período será suprida. “Mesmo quando chove, às vezes é uma precipitação muito fraca, entre 4 e 2 milímetros, e que não passa de algumas horas.”

Fonte: Tribuna de Minas, por Mariana Fernandes, com informações do Inmet