segunda-feira, abril 29, 2024
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“A primeira proposta do governo irritou muito os senadores”, afirma Carlos Viana

Para o senador, do jeito que está, a PEC da Transição deve encontrar dificuldades de aprovação por comprometer as contas públicas e contribuir para a volta da inflação.

O senador Carlos Viana vê dificuldade para aprovação da PEC da Transição no Senado como está — Foto: Reprodução Canal O Tempo

O senador Carlos Viana (PL) fez críticas ao formato que a PEC da Transição, proposta pelo governo eleito, foi apresentada no Senado. Na opinião do senador, o governo apresentou um rascunho da proposta prevendo outros gastos além daqueles previstos para manter o Auxílio Brasil, que voltará a se chamar Bolsa Família, em R$ 600 por quatro anos para medir a “temperatura” no Senado. “O governo lançou um termômetro e percebeu que a temperatura estava alta. A primeira proposta do governo irritou muito os senadores”, afirmou Viana, acrescentando que o governo deve apresentar um texto de maior consenso. A expectativa é que o texto final seja apresentado nesta semana, no mais tardar na próxima.

Apesar das divergências iniciais que a PEC da Transição causou entre os senadores, principalmente os independentes e os de oposição, Carlos Viana disse que o governo não deve encontrar dificuldades para conseguir as 27 assinaturas necessárias para o projeto começar a tramitar no Senado. Ele afirmou, no entanto, que, entre os senadores, há resistência para a definição de um prazo de quatro anos para garantir o Bolsa Família. O senador disse que o valor de R$ 600 é ponto pacífico, mas que o tempo de furar o teto de gastos por quatro anos não é de consenso entre os senadores. Na opinião de Viana, a proposta do governo prevê um descontrole dos gastos públicos e constribui com a volta da inflação.

Como solução, o senador propõe que os recursos devem ser tirados do excesso de arrecadação, sem comprometer as contas públicas. “A manutenção do Bolsa Família em R$ 600 deve ser avaliada ano a ano com base na arrecadação”, disse Viana durante entrevista ao Café com Política, do jornal Super N 1ª edição, da Rádio Super 91,7 FM, nesta terça-feira (22).

Sobre o furo do teto de gastos nos quatro anos de governo Bolsonaro, que chegou a quase R$ 800 bilhões, Viana justificou afirmando que o governo fez isso porque a pandemia paralisou o país e que, só para as demandas do combate e tratamento da Covid, o governo precisou investir mais de R$ 750 bilhões.

Viana classificou como “inteligente” a escalação do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin como coordenador da equipe de transição e que a permanência dele ou não no PL é assunto a ser tratado no ano que vem.

Sobre a movimentação política no Senado, Viana disse que o governo já tem conversado com os senadores sobre a formação de blocos na Casa e sobre a eleição para presidência do Senado para a próxima legislatura.

Fonte: Jornal O Tempo – Por Ana Karenina Berutti