sábado, maio 18, 2024
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Por 47 votos a 1, Josué Gomes é destituído da presidência da Fiesp

Próximo de Lula, Josué Gomes marcou mudança política em posicionamentos da entidade

Josué Gomes – Foto: Foto: Suamy Beydoun/Agif/AFP

O empresário Josué Gomes foi destituído da presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em assembleia realizada na sede da entidade, nesta segunda-feira (16).

Dos 50 sindicatos representados na sessão, 47 votaram pela saída do então presidente, com duas abstenções e apenas um voto pela permanência de Josué Gomes.

Antes, no início da reunião, os empresários votaram pela validade dos argumentos dados por ele após questionamentos apresentados pela oposição. No total, foram 62 votos contra o teor das respostas de Gomes e 24 favoráveis.

Josué Gomes se retirou da reunião após a primeira votação e não acompanhou a assembleia que bateu o martelo sobre sua saída do cargo.

Com a destituição, o vice-presidente mais velho, Elias Miguel Haddad, assume o cargo de forma interina até que um novo mandatário seja escolhido.

Nos últimos dias, tentando melhorar sua situação dentro da entidade, Josué Gomes teve encontros com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e com o ex-presidente Michel Temer, que indicaram apoio à continuidade.

Escalada da crise

Filho do ex-vice-presidente José Alencar (1957-2011), Josué Gomes da Silva assumiu o comando da Fiesp em janeiro de 2022, após a saída do ex-presidente da entidade, Paulo Skaf, que ocupou o posto durante 17 anos.

A chegada de Josué Gomes representou uma mudança política dentro da Fiesp. Enquanto Skaf foi um opositor dos governos petistas e era próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Gomes tem uma relação amigável com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e é crítico do governo Bolsonaro.

Além disso, Gomes assumiu adotando um estilo de gestão diferente do de Skaf. Além da criação de conselhos superiores, que representava uma menor centralização das decisões, o novo mandatário se mostrava mais discreto e menos próximo de presidentes dos sindicatos.

Além disso, a gestão de Josué Gomes marcou uma queda na influência dos representates de sindicatos na indicação de cargos na entidade, como os departamentos.

A crescente insatisfação fez os filidos à Fiesp articularem, ainda no fim de 2022, a assembleia extraordinária que resultou na destituição de Josué Gomes.

Em meio à crise na entidade, em dezembro, o então presidente da Fiesp foi convidado por Lula para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mas declinou o convite.

Fonte: O Tempo – Por Levy Guimarães