quinta-feira, maio 2, 2024
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Após morte de escrivã em Carandaí, sindicato convocou manifestação

Polícia Civil instaurou procedimento disciplinar e inquérito para apurar morte de policial que seria alvo de assédio no trabalho.

Rafaela Drumond tinha 31 anos e era escrivã da Polícia Civil (Foto: Reprodução/Redes sociais)

A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou procedimento disciplinar e inquérito policial “com o objetivo de apurar as circunstâncias que permearam os fatos” relacionados à morte da escrivã Rafaela Drumond, de 31 anos, ocorrido no dia 09 de junho, no município de Antônio Carlos, no Campo das Vertentes. Ela era lotada na Delegacia de Carandaí, a cerca de 130 quilômetros de Juiz de Fora, e foi encontrada morta na casa dos pais, com um disparo de arma de fogo na cabeça. A ocorrência foi registrada como suicídio, mas as motivações são investigadas, já que o Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de Minas Gerais (Sindep/MG) recebeu denúncias, inclusive com áudios e vídeos, de que Rafaela sofreria diversos tipos de assédio no trabalho. A entidade convocou todos os escrivães para “ato de seis horas de silêncio”, das 13h às 19h, ontem, quinta-feira (15), período em que a categoria deveria encerrar as atividades cartorárias para participar da homenagem à colega policial. Em seguida, o grupo seguiu até a cidade de Barbacena, onde foi celebrada a missa de sétimo dia, a partir das 19h, na Paróquia Bom Pastor.

“O sindicato há tempos tem debatido sobre o tema assédio moral, em especial sobre a dificuldade de produzir provas de toda e qualquer atitude abusiva. Por isso, tem orientado aos servidores registrar em áudio e vídeo as atitudes assediadoras para a produção de provas”, destacou o Sindep. “Importante frisar que, desde os primeiros momentos do caso, a presidência e a diretoria do sindicato têm realizado tratativas junto à Chefia de Polícia e Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em busca de providências para a elucidação das causas que provocaram essa tragédia, inclusive com pedidos de realização de audiência pública.”

Em nota na última quarta-feira (14), a assessoria da Polícia Civil de Minas informou que a Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária (SIPJ), por meio da Inspetoria-Geral de Escrivães, além de uma equipe da Diretoria de Saúde Ocupacional (DSO), do Hospital da Polícia Civil (HPC), foram ao município de Carandaí para acolhimento e atendimento dos servidores. “A PCMG reforça que o Centro de Psicologia do HPC oferece atendimento psicológico clínico, por meio de sessões presenciais e também por teleconsulta, para servidores da ativa, aposentados e dependentes, da capital e do interior do estado.” A instituição completa que o HPC dispõe do plantão psicológico, que consiste em um dispositivo de escuta especializada, sem necessidade de agendamento, e garante que o serviço é amplamente divulgado aos servidores. “A PCMG conta com a sensibilidade da sociedade como um todo, neste momento de luto da instituição e dos familiares da escrivã Rafaela Drumond, face às circunstâncias de seu falecimento.”

Repercussões da morte nas redes sociais e denúncias

O Sindep tem aproveitado a repercussão do caso nas redes sociais para alertar os policiais sobre crimes de assédio e cobrar providências. “Ainda no sábado entramos em contato com a chefe de polícia e falamos da necessidade de investigar o caso. Temos informações de que há outros colegas adoecidos naquela unidade (Carandaí).”

A entidade divulgou o e-mail (sindepjuridico@gmail.com) e o WhatsApp (31 3566-3182) para quem tiver mais informações sobre a ocorrência. Denúncias anônimas também podem ser feitas na página www.sindepmg.org, na aba “fale conosco”. “Qualquer informação é importante para dar sequência na apuração. Infelizmente esse não é um caso isolado. Quem é escrivão convive diariamente com péssimas condições de trabalho, sobrecarga de serviço, cobrança de metas, falta de estrutura, um dos piores salários do Brasil, e o Governo sequer faz a nossa recomposição inflacionária”, protesta a entidade.

O sindicato enfatizou que o Estado precisa encarar a saúde mental dos profissionais de segurança como prioridade. Em nota divulgada, a chefe da PC de Minas, Letícia Gamboge, comunicou com pesar o falecimento da escrivã na última sexta. “Aos familiares, colegas e amigos da Polícia Civil, os nossos mais sinceros sentimentos pela irreparável perda. A chefia da Polícia Civil é solidária a todos aqueles que sentem a profunda dor pelo falecimento da Rafaela.”

Fonte: Tribuna de Minas – Por Sandra Zanella