sexta-feira, maio 3, 2024
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Nunca usado, Hospital de Campanha no Expominas custa R$ 27 mil por dia ao Estado

Na região Oeste de Belo Horizonte, a estrutura não recebeu um paciente sequer para tratamento do coronavírus – mas custou, para ficar trancada entre 15 de abril e esta terça-feira (8), R$ 4 milhões a mais aos cofres públicos.

Hospital de Campanha no Expominas custa R$ 27 mil por dia para ficar fechado. (Foto: Alex de Jesus)

Anunciado em 24 de março, semi-inaugurado em 15 de julho e ainda de portas fechadas, o Hospital de Campanha instalado no Expominas, região Oeste de Belo Horizonte, não recebeu um paciente sequer para tratamento do coronavírus – mas custou, para ficar trancado entre 15 de abril e esta terça-feira (8), R$ 4 milhões a mais aos cofres públicos do que o valor de R$ 5,3 milhões investidos na estrutura. O somamtório dos gastos chega a R$ 9,3 milhões.

Em média, gasta-se R$ 27.397 por dia em manutenção do hospital, que não tem previsão para entrar em operação oficialmente. Na época da construção, a estrutura recebeu R$ 800 mil do governo do Estado e, o restante, foi empenhado por empresas privadas.

“Até o momento, o Hospital de Campanha não entrou em operação, mas a estrutura física permanecerá montada, pronta para ser utilizada caso necessário”, afirmou a Secretaria de Estado da Saúde (SES), quando questionada a respeito pela reportagem.

Na última semana, a equipe empenhada para trabalhar no local, de 20 médicos, cinco psicólogos, 20 técnicos de enfermagens e 100 soldados da Polícia Militar, foi realocada para outras instâncias da saúde na capital. O governo estadual alegou falta de demanda.

Batata-quente

A Prefeitura de Belo Horizonte recusou a oferta do Estado para usar a estrutura do hospital para receber moradores de aglomerados e população vulnerável da capital. A informação foi divulgada pelo secretário de Saúde do Estado, Carlos Eduardo Amaral, em coletiva de imprensa no 17 de agosto.

A oferta, conforme explicou o secretário, foi acordada em conjunto com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O objetivo era estabelecer uma destinação para a estrutura, já que os dados epidemiológicos do Estado apontam que ela não será necessária no momento.

“A estrutura física do hospital de campanha continuará pronta para utilização, caso seja necessário, e, nesse sentido, as ocupações serão monitoradas”, destacou à época.

A prefeitura, por sua vez, declarou em resposta que “desde que montado pelo Governo do Estado, o hospital de campanha nunca foi utilizado. Agora querem transferir o problema. Em vez disso, o Governo poderia assumir o protagonismo”, em nota publicada naquele dia.

“Conceito de portas fechadas”

No dia da data prevista para o pico de contágio por coronavírus em Minas Gerais, último 15 de julho, havia esperança de que as portas do Hospital de Campanha fossem abertas. A estrutura funcionaria na época com 30% da capacidade total e, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), terá 768 leitos de média complexidade quando estivesse operando plenamente.

A unidade, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES), tem o “conceito de hospital de ‘porta fechada’”, conforme postulou a pasta em nota encaminhada no mês passado.

“O Hospital de Campanha tem conceito de hospital de ‘porta fechada’, ou seja, será utilizado apenas após deliberação SES, a qual detém a regulação dos leitos no estado de Minas Gerais. Apenas será encaminhado ao Hospital de Campanha o paciente que estiver em condições de receber alta dos leitos dos hospitais da Rede Fhemig”, diz o texto encaminhado a O TEMPO.

Empresa maranhense deve gerir hospital

O hospital de campanha instalado no Expominas será gerido pelo Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (Ibrapp), empresa com sede no Maranhão.

A organização foi escolhida em processo seletivo promovido pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) que foi concluído nos últimos dias.

O governo estadual confirmou a informação a O TEMPO e informou que a “ativação do contrato se dará mediante demanda e será orientada pela SES”. Atualmente, a gestão ainda é do governo do Estado.

Fonte: O Tempo / Lucas Negrisoli