Superando marca de 860 mil visitantes em 2023, parques estaduais são opção de lazer para as férias em Minas
Previsão é de que investimentos nas Unidades de Conservação cresçam ainda mais em 2024, podendo chegar a R$ 77 milhões.
Dados consolidados pelo Painel de Indicadores do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) mostram que 860 mil pessoas passaram pelas 35 unidades que realizaram controle de visitação em Minas, entre Parques Estaduais, Áreas de Proteção Ambiental e Monumentos Naturais.
O número representa um aumento de 45,76% em relação a 2022, quando foram registradas 590 mil visitas, e reforçam ainda mais a importância das políticas de conservação implementadas pela autarquia.
Atualmente, 95 UCs estão sob gestão do IEF, sendo que 23 delas possuem estrutura adequada para receber turistas. Muitas se destacam pela grande beleza cênica e relevância ecológica e foram criadas com a finalidade de preservar recursos hídricos como mananciais, veredas e cachoeiras, além das formações geológicas e geomorfológicas como cavernas, cânions e picos.
As unidades ainda podem proteger o patrimônio cultural, histórico, paleontológico e arqueológico, a fauna e flora nativas, especialmente as espécies ameaçadas de extinção, e propiciar pesquisas científicas, educação e interpretação ambiental e turismo de natureza.
A visitação nas unidades de conservação está sujeita às normas e restrições estabelecidas em seu Plano de Manejo ou pelo IEF. Em algumas delas o acesso só é permitido em caso de pesquisas científicas e depende de autorização prévia do órgão.
Segundo dados da Gerência de Planejamento e Orçamento (GPO) do IEF, em 2023 foram investidos R$ 70.332.142,44 nas Unidades de Conservação, incluindo melhorias, regularização fundiária, custeios, folha pessoal e contratação de brigadistas temporários. A previsão para 2024 é de que os investimentos cresçam em aproximadamente 10,60%, podendo chegar a R$ 77.788.169,28.
A diretora de Unidades de Conservação, Letícia Horta Vilas Boas, diz que os dados de visitação vêm ratificando a retomada do uso público no período pós-pandemia.
“Houve um aumento de mais de 275 mil visitantes entre 2022 e 2023. Tal fato é fomentado pelo Programa de Concessão de Parques Estaduais (Parc), à implantação de estruturas de uso público e fortalecimento da gestão do IEF, oportunizada por parcerias com instituições como o Funbio (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade), por meio do Projeto Copaíbas, por exemplo, e a aplicação de recursos de compensações ambientais, em especial a compensação minerária”, diz.
Segundo ela, a inovação nos processos de elaboração dos planos de manejo, com a escuta das comunidades localizadas no interior das unidades, por meio de Consultas Livres Prévias e Informadas (CLPI), permitirá uma gestão ainda mais colaborativa e inclusiva no território de inserção dessas áreas protegidas.
“Tal ação repercute decisivamente na forma como essas unidades são percebidas, também pelo seu entorno, como importantes focos de prestação de serviços ambientais. Em 2024, vamos priorizar a utilização de ferramentas de gestão como o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), Sistema de Analise e Monitoramento de Gestão (SAMGe), Painel de Indicadores do Sisema e demais sistemas em fase de planejamento”, detalha.
“Aliadas à elaboração de planos de manejo ainda mais comprometidos com os usuários dos territórios das UCs, certamente permitirão a consecução dos objetivos de criação destas unidades de conservação, com a excelência esperada do IEF”, avalia.
Unidades mais visitadas
O Painel de Indicadores do Sisema traz o número aproximado de visitação por unidade de conservação. Confiram quais foram as mais visitadas em 2023:
· 1º – APA Parque Fernão Dias – 140 mil
· 2º – MNE Serra da Piedade – 120 mil
· 3º – PE Serra do Rola Moça – 100 mil
· 4º – PE Ibitipoca – 80 mil
· 5º – PE Serra Nova e Talhado – 70 mil
· 6º – MN Peter Lund – 50 mil
· 7º – PE Sumidouro – 40 mil
· 8º – PE Rio Doce – 30 mil
· 9º – MN Várzea do Lageado – 30 mil
· 10º – PE Lapa Grande – 20 mil
Em janeiro, neste período de férias escolares, vários parques estão abertos à visitação e com atividades especiais. Confira nas informações sobre cada parque abaixo:
Parque Estadual do Rio Doce
Primeira unidade de conservação criada no estado de Minas Gerais e uma das primeiras do país, o Parque Estadual do Rio Doce, no Vale do Aço, foi beneficiado em 2023 com a entrega das obras de pavimentação da LMG-760, pelo Governo de Minas, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG).
A melhoria do trecho, de aproximadamente 50 quilômetros, era aguardada pela população local há cerca de 40 anos e facilitou o acesso à unidade de conservação.
As intervenções fazem parte do Provias, programa do Governo de Minas que é o maior pacote de obras rodoviárias da última década. O investimento foi da ordem de R$ 207 milhões.
O parque, que completa 80 anos em 2024, tem a maior área contínua de Mata Atlântica preservada no estado, incluindo rica biodiversidade e árvores centenárias.
Os rios Doce e Piracicaba são os principais corpos d’água da região. No local, é possível encontrar o jequitibá, a garapa, o vinhático e a sapucaia. Também abriga espécies raras e ameaçadas de extinção tanto da flora como da fauna.
Entre as principais atividades para os visitantes está a travessia “Transperdida” e a observação de aves. Ambas necessitam da contratação de condutores. O valor cobrado pela entrada no parque é de R$ 20.
Ibitipoca
O ano de 2023 foi especial para o Parque Estadual do Ibitipoca. Em julho, a unidade completou 50 anos e contou com uma expressiva presença de integrantes das comunidades locais para celebrar a data.
Localizado na Serra do Ibitipoca, uma ramificação da Serra da Mantiqueira, o Parque Estadual do Ibitipoca tem uma grande quantidade de grutas, além de córregos e riachos que formam atrativos como piscinas naturais e cachoeiras.
A unidade está aberta para visitação de terça a domingo, incluindo feriados, de 7h às 17h. O valor da entrada é R$ 25 durante a semana e R$ 30 aos finais de semana e feriados.
“Neste período de férias, queremos receber visitantes para curtirem trilhas, picos, cavernas e cachoeiras. Nesta época do ano, as inúmeras quedas d’água, poços e lagos são as principais atrações, com banhos refrescantes na água dourada do Rio do Salto e Rio Vermelho. O parque é um convite para se conectar com a natureza e ajudar a protegê-la”, destacou a gestora da unidade Clarice Silva.
Desde sua criação, a comunidade no entorno abraça essa Unidade de Conservação. Ex-presidente e conselheiro da Diretoria da Associação dos Moradores e Amigos de Ibitipoca (Amai), Newton da Silveira Diniz, comemora o fortalecimento da gestão e proteção do parque.
“Temos uma visitação organizada, o que alavanca o potencial turístico da região. O parque é muito importante para nós e para a proteção ambiental de toda essa beleza natural”, diz.
O Parque Estadual do Ibitipoca foi uma das primeiras unidades de conservação mineiras a ter o processo de concessão concluído.
A empresa Parques Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura, representada pela corretora Fram Capital, é a concessionária que, durante 30 anos, será responsável pelo gerenciamento do uso de atividades de ecoturismo e visitação, além dos serviços de gestão, operação e manutenção dos atrativos no Parque.
A concessionária também fará a requalificação, modernização e reforma de infraestruturas, como centro de visitantes, quiosques, mirantes e restaurantes.
Serra Nova e Talhado
O Parque Estadual Serra Nova e Talhado tem mais de 48 mil hectares preservados e abrange cinco municípios: Rio Pardo de Minas, Serranópolis de Minas, Mato Verde, Porteirinha e Riacho dos Machados.
Com vegetação predominante de campos rupestres, a unidade abriga diversas nascentes, entre elas a do Ribeirão São Gonçalo e dos rios Ventania, Suçuarana, Bomba, Ladim e do Córrego da Velha. Os fluxos d’água são fundamentais para o abastecimento dos municípios ao redor.
A entrada é gratuita e a visitação acontece das 8h às 17h, todos os dias da semana. Existem quatro pontos abertos ao público, sendo possível realizar travessias, contemplação da natureza, observação de vida silvestre, dentre outras atividades: Poço do Jacaré e Escorregador (Serra Nova/ Rio Pardo de Minas); Talhado (Serranópolis de Minas) e Cachoeira do Serrado (Porteirinha).
“Poder contribuir com o desenvolvimento desse bem maior é algo surreal e procurar meios de aprimorar minha gestão junto com toda equipe é algo que soma muito. Ver a gratidão o bem-estar dos usuários locais, comunidades entorno e municípios de abrangência me mostra que estamos seguindo pelo caminho certo”, comemora a gestora da unidade, Grazielly Costa.
Moradora do distrito de Serra Nova, Albertina Gomes Santana, a Dona Beta, diz que até mesmo o comportamento dos moradores do distrito melhorou com a criação da Unidade de Conservação.
“Nós usamos os atrativos turísticos do parque e nos divertimos. Graças ao parque, tudo mudou na região. Com a preservação dele, a maioria das comunidades do entorno, os municípios de abrangência e adjacentes possuem água de qualidade nas torneiras. Tenho muito orgulho desse nosso grande tesouro”, diz.
“A Unidade de Conservação revela potencial turístico expressivo, com atividades voltadas para o lazer e ecoturismo, sendo esta uma grande alternativa para o desenvolvimento econômico da região. Ouso dizer que o Parque Estadual de Serra Nova e Talhado está entre os atrativos naturais mais bonitos de Minas Gerais. Só quem conhece sabe o quanto somos agraciados por ter em nosso município algo tão magnífico”, ressalta Davitt Bastos, vice-prefeito de Rio Pardo de Minas.
Rola-Moça
Terceiro maior parque urbano do país, o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça completa 30 anos em 2024. Com seus seis mananciais, a unidade foi criada com a finalidade de garantir a qualidade da água que abastece Belo Horizonte.
De fácil acesso, sua área abrange Belo Horizonte, Brumadinho, Nova Lima e Ibirité. Está aberto diariamente, das 8h às 17h horas e tem entrada gratuita.
O parque oferece aos visitantes uma série de atrativos naturais e atividades práticas que permitem contato direto com a natureza, como trilhas, circuitos ciclísticos e observação de aves.
A visitação aos mananciais tem restrições à realização de atividades educativas, e devem ser consultadas junto à administração para procedimentos e normas.
O gerente da unidade, Henri Dubois Collet, ressalta que a visitação ao parque ajuda a reforçar os cuidados com a preservação da natureza.
“A própria população que está nos visitando nos ajuda a proteger o parque. Quando se conhece, não se depreda”, pontua.
Lapa Grande
O Parque Estadual da Lapa Grande, em Montes Claros, no Norte de Minas, está de portas abertas durante todo o mês de janeiro. As visitas não precisam ser agendadas e os passeios podem ser feitos entre 8h e 16h. O ingresso custa R$ 5 e deve ser pago em dinheiro.
Outra orientação para os visitantes é para o uso obrigatório de sapato fechado e não é permitida a entrada de animais de estimação no local.
A gerente da unidade, Aneliza Melo, ressalta que o local é uma opção que os pais têm para aproveitar as férias escolares e levarem os filhos.
“Nesse período de janeiro, a gente está aberto todos os dias já pensando especialmente na família, nas crianças, que estão nesse período dentro de casa, precisando sentir e viver a natureza. Nada melhor do que vir para esse nosso tesouro, que tem vários atrativos, como o Rio Lapa Grande, além de playground para a criançada. É uma oportunidade para valorizar aquilo que nós temos”, detalha.
Serra Verde
O ano passado também marcou a entrega das chaves da futura sede do Parque Estadual Serra Verde, localizado próximo à área onde está instalada a Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Seguindo metodologia de instrução de processo para fins de desapropriação desenvolvida pela equipe do IEF, a gerência do parque iniciará a sua estruturação definitiva da sede, inaugurando uma nova fase na gestão da unidade.
O gerente do parque, André Portugal, ressalta que a visitação às unidades, além de trazer momentos de lazer, traz a conscientização ambiental e o engajamento da sociedade.
Neste sábado (13/1), haverá o primeiro mutirão do ano para plantio de 300 mudas de árvores em áreas atingidas por incêndios ou de restauração e recuperação ambiental. A atividade é gratuita, mas é necessário realizar a inscrição prévia nos contatos da administração da unidade.
“A gente está numa época de chuvas, então é importante a gente conseguir plantar essas mudas que produzimos ao longo do ano. Estão todos convidados a nos ajudar“, pontua o gerente.
Líderes de visitação
As duas Unidades de Conservação mais visitadas em Minas têm atrativos distintos. A Área de Proteção Ambiental (APA) Parque Fernão Dias, localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, entre os municípios de Contagem e Betim, tem fácil acesso e conta com pista de caminhada, campo de futebol, brinquedos, arquibancada, anfiteatro e áreas de convivência.
O parque resiste à expansão urbana e abriga remanescentes de Mata Atlântica e Cerrado, protegendo espécies endêmicas e ameaçadas, além de contribuir para a recarga hídrica das bacias dos rios Paraopeba e Velhas. Em 2023, teve seu plano de manejo aprovado.
Neste mês de janeiro, entre os dias 22 e 26/1, o público entre 5 e 15 anos poderá participar da Colônia de Férias no parque, promovida pela prefeitura de Contagem. As inscrições estão sendo realizadas no site da prefeitura.
Ao todo, 200 vagas serão disponibilizadas por período, podendo, diariamente, os interessados fazerem suas inscrições no próprio local, limitadas a 50 por dia, por ordem de chegada.
Já as visitas ao Monumento Natural Estadual Serra da Piedade se dão principalmente em função do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, importante local de peregrinação e fé, patrimônio cultural, turístico e paisagístico de Minas Gerais.
A Serra da Piedade é reconhecida pelo valor ambiental, com campos rupestres, e o patrimônio histórico-cultural.
Devido ao fato do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade ser composto de diversos estabelecimentos particulares, seus horários e dias de funcionamento precisam ser verificados junto a cada um deles.
Fonte: SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável