sexta-feira, maio 3, 2024
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AnQuim: um novo conceito que integra Angustura ao cenário gastronômico da região

No próximo domingo (18), e assim será todo terceiro domingo de cada mês, o AnQuim estará oferecendo uma deliciosa feijoada.

O dia 02 de fevereiro passou a ser um divisor de águas no que diz respeito a restaurante em Além Paraíba e sua microrregião. Aquela data foi de grande movimentação no distrito alemparaibano de Angustura, quando inúmeros visitantes estiveram na centenária localidade e passaram a conhecer o Restaurante AnQuim, localizado na Praça Ministro Clóvis Salgado. Parte de um projeto sócio-econômico idealizado pelo empreendedor César Luiz Silva Vidal, o Cezinha, ao AnQuim está integrado a Charcutaria Angustura que está em fase final para o início de suas atividades, a Marcenaria Angustura já em funcionamento, e um Bistrô/Café que brevemente estará funcionando em um casarão histórico-centenário que está sendo restaurado.

Com um cardápio diversificado e elaborado com detalhes de dar água na boca, o AnQuim oferece ao público em geral opções que variam de saladas a entradas saborosas, massas e risotos, além de proteínas diversas, acompanhamentos, sobremesas que jamais serão esquecidas (a torta de limão é surpreendente), pratos especialmente preparados para a petizada, e bebidas em geral. À ocasião, a escritora alemparaibana Ângela Monteiro afirmou em rede social que “o Restaurante AnQuim possui uma atmosfera agradável e mágica”, tendo relatado que está preparando outra visita para os próximos dias.

O funcionamento do AnQuim é de sexta-feira a domingo, sendo que no último final de semana, ocasião em que foram realizados os Festejos de Momo, ele também funcionou na segunda e na terça-feira, dias 12 e 13, recebendo um público bastante diversificado amante da boa culinária. Entre estes, estava um numeroso grupo de familiares do saudoso médico alemparaibano Dr. José Tepedino, o Dr. Zozote, e da também saudosa musicista e professora de piano Wanda Mendes Tepedino, como o economista e produtor rural Alberto Tepedino e sua esposa Netânia, residentes em São Paulo (SP) e proprietários da Fazenda Monte Verde, em Angustura, além do médico carioca Marcelo Tepedino Filho, do Rancho Zozote. Lá também estavam os irmãos-médicos ipatinguenses Ricardo e Vagner Barão Bezerra, que acompanhados de familiares e amigos desfrutaram dos prazeres da boa culinária do AnQuim.

Nesta semana, o AnQuim estará aberto de sexta-feira (16) ao domingo (18), valendo ressaltar que no domingo, como será em todos os terceiros domingos de cada mês, estará sendo servido aos visitantes um dos mais tradicionais pratos da culinária brasileira – a feijoada (leia ao final um pouco da história deste prato). Segundo Ed Tirzo, gerente do restaurante, a equipe liderada pela chef Dilma Inácia já iniciou os preparativos para levar aos visitantes algo inesquecível relacionado ao prato que é reconhecido internacionalmente como uma referência da culinária nacional.

Para reservas de mesas acessar o link https://linktr.ee/anquim.

A história da feijoada

Um símbolo da cultura gastronômica brasileira, ícone brasileiro para entrangeiros, essa simples receita se tornou uma verdadeira instituição comestível. Trata-se da Feijoada, nome dado ao mais famoso prato brasileiro.

Sua origem todo mundo já conhece, ou pelo menos acredita conhecer. Reza a lenda que no século XVIII, período em que negros eram escravizados no Brasil, os senhores do engenho davam os restos de carnes de porco junto a feijão preto aos seus escravos, com isso eles misturavam os ingredientes criando um guisado de feijão preto com carne de porco.

Será que essa lenda é verdade? Mais fundo ainda, será que a feijoada é realmente brasileira?

Se quisermos aperfeiçoar o sentido histórico da Feijoada precisamos entender um de seus principais ingredientes, o feijão. Está enganado quem acredita que feijão é coisa de brasileiro. O consumo desse alimento vem de tempos muito anteriores ao descobrimento do Brasil.

O feijão já era um alimento largamente consumido pelo velho mundo, porém de outras espécies como o feijão branco (logo um dos pratos mais tradicionais franceses é o “Cassoulet”, guisado de feijão branco com carne de ganso). Também eram consumidas outras leguminosas parentes do feijão como o grão-de-bico e a lentilha.

Foi só com a descoberta das Américas, que foi conhecido o feijão preto,  cujo grão era chamado de Comaná ou Cumaná (nome dado pelos guaranis, o feijão preto era um alimento comum entre as Américas Central e do Sul). Porém o nome pelo qual o chamamos, feijão,  é português, escrito pela primeira vez no século XIII, ou seja, trezentos anos antes do descobrimento do Brasil.

Visto isso, podemos afirmar que o consumo de feijão, não foi praticado primeiramente por nós brasileiros.

Um outro mito que é preciso desmentir é que eram dados “restos” de carne aos escravos. Sem muito a pensar podemos inferir que isso não é uma verdade, já que adquirir um escravo era caro e  o trabalho exercido por eles era árduo, com isso eles não poderiam ter uma alimentação escassa, já que não aguentariam a alta carga de trabalho, o que acarretaria prejuízos aos seus donos.

Um outro fator a ser considerado é que no períodos escravagista toda a alimentação no Brasil era escassa, tanto para os escravos quanto para seus senhores, sendo assim a alimentação de ambos era quase que semelhante,  tendo como base a mandioca e o milho.

Quanto as carnes, até hoje não há nenhuma referência histórica apontando que as carnes utilizadas para feijoada eram desprezadas e oferecidas aos escravos. Muito pelo contrário, eram consideradas iguarias, existe um recibo conservado até hoje, datado de 30 de abril de 1889, em um açougue na cidade de Petrópolis (RJ), no qual se vê que os senhores consumiam carne verde, vitela, carneiro, porco, linguiça, fígado, rins, língua entre outros, compravando que não eram “restos”.

Vendo tudo isso, da onde surgiu nossa amada feijoada?!

Ao que parece esse prato já era consumido a muito mais tempo do que imaginamos (não como conhecemos hoje é claro), tanto que existem registros históricos que desde o Império Romano se preparava  uma mistura de feijão com vários tipos de carne, com os ingredientes variando de uma região para a outra.  Mas foi somente no Brasil que veio a se utilizar o feijão preto, já que o ingrediente foi “descoberto” nas Américas, como afirmado acima.

Vendo esse fato, fica difícil afirmar qual a origem da feijoada. O que se sabe de concreto é que as referências antigas não tem qualquer referência aos escravos, mas sim de restaurantes frequentados pela elite escravocatra.

Agora a feijoada como a conhecemos hoje,  acompanhada de arroz, couve, laranja, farofa e torresmo, além de uma caninha da boa, tem origem num antigo restaurante frequentado pela elite carioca, o G. Lobo. O estabelecimento foi encerrado na década de 1940 mas suas heranças permanecem até hoje, tendo eternizado nosso prato mais querido.

Sendo brasileiro ou não, uma coisa é certa, somos nós que difundimos essa inexorável delícia denominada Feijoada…

Fonte: O Berro – restaurante em Mogi das Cruzes-SP