segunda-feira, dezembro 2, 2024
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Vice-prefeito é preso em operações contra corrupção no Hospital de Clínicas e secretarias da Prefeitura de Itajubá, MG

Ações investigam desvios de recursos públicos e privados do Hospital das Clínicas e o superfaturamento de serviços da frota veicular de secretarias municipais.

O vice-prefeito de Itajubá, Nilo Baracho, foi preso durante duas operações contra corrupção deflagradas na manhã desta terça-feira (20) em Itajubá (MG) pelo Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Militar. As ações investigam desvios de recursos públicos e privados do Hospital de Clínicas e o superfaturamento de serviços da frota veicular de secretarias municipais.

As operações foram nomeadas de Transfusão, comandada pelo Ministério Público e Sepulcro Caiado, comandada pela Polícia Civil. Foram expedidos 11 mandados de prisão, sendo quatro preventivas e sete temporárias, além de 25 de busca e apreensão. Os mandados foram cumpridos em Itajubá, Campos do Jordão (SP) e São José dos Campos (SP).

Entre os presos estão o vice-prefeito Nilo Baracho, um empresário e quatro administradores do Hospital de Clínicas de Itajubá.

De acordo com a Polícia Civil, além das prisões, foram apreendidos dinheiro, joias, celulares, veículos e documentos.

As operações

As investigações são distintas, mas com um núcleo comum. A operação Transfusão, comandada pelo Ministério Público, apura desvios de recursos públicos e privados do Hospital de Clínicas de Itajubá.

A investigação aponta que entre o fim de 2016 e junho de 2023, foram desviados recursos públicos e particulares de R$ 1,4 milhão.

“Esses desvios eram realizados com conhecimento de uma parcela da diretoria do hospital e das instituições mantenedores e foram feitas em favor do atual secretário de Saúde, igualmente vice-prefeito. Segundo apuração, que já redundou no oferecimento de uma primeira denúncia, por 71 vezes houve esse desvio, no montante total de R$ 1,4 milhão”, disse o coordenador regional do Gaeco, Eduardo de Paula Machado.

Os desvios teriam sido consentidos por alguns dos administradores em favor do atual secretário de Saúde e vice-prefeito de Itajubá. A denúncia atribuiu aos investigados os crimes de organização criminosa, peculato, corrupção ativa e passava e lavagem de dinheiro.

“Através de dois empresários eram emitidas notas fiscais “frias”, sem que houvesse a venda real da mercadoria ou a prestação de um serviço e a partir daí eram realizados pagamentos que, convertidos em sua maioria em espécie, eram levados então ao vice-prefeito, outrora só secretário de Saúde”, completou o promotor.

Operação Sepulcro Caiado

Já a operação Sepulcro Caiado, comandada pela Polícia Civil, investiga a prática de desvio de recursos públicos por superfaturamento de serviços de manutenção da frota veicular das Secretarias de Saúde, Educação e Obras de Itajubá.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, o município fazia o pagamento de serviços mecânicos que não eram realizados por meio da falsa inserção de notas fiscais de peças nunca utilizadas nos veículos. Em contrapartida, agentes públicos recebiam valores para que os desvios pudessem ocorrer. Entre os agentes está o secretário de Saúde e vice-prefeito de Itajubá.

“O critério deveria ser objetivo com base em uma tabela, que determina o tempo gasto para cada tipo de serviço, onde a oficina deveria usar aquilo como parâmetro para cobrar da prefeitura. Ao contrário, a empresa não observou essa tabela, ela cobrou alguns serviços valores 10 vezes superiores ao que deveria ser pago e a partir do momento que ela recebia, que era creditado os valores do município, esses valores eram repartidos entre alguns servidores municipais e familiares destes”, disse o delegado Kallil Ribeiro Dias.

As investigações foram realizadas pelas promotorias de Justiça de Itajubá, com apoio do Grupo de Atuação especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e da Coordenadoria Regional de Defesa do Patrimônio Público, ambas da regional Pouso Alegre.

“A oficina foi aberta exclusivamente para prestar serviços para a Prefeitura de Itajubá, ela não prestava serviços a particulares. A oficina superfaturava o serviço, esse valor era depositado pela prefeitura, os sócios dividiam partes entre eles, partes eram repassados para dois servidores municipais, hora para familiares desses servidores, esses servidores realizavam saques e transferiam grande parte para o secretário de Saúde”, completou o delegado.

O que dizem os envolvidos

Por meio de nota, a prefeitura informou que “segue à disposição para colaborar com quaisquer investigações que apurem irregularidades. A prefeitura conta com a imparcialidade dos investigadores para prosseguir com o trabalho sério desenvolvido nos três últimos anos”.

Em nota divulgada nas redes sociais, o Hospital de Clínicas de Itajubá disse que o corpo clínico e os colaboradores do HCI acreditam na ação da justiça e no breve esclarecimento dos fatos. O hospital também disse que as recentes notícias não vão interferir no atendimento da unidade.

Wellington Nazario, advogado de defesa do Hospital de Clínicas de Itajubá, disse que a instituição tem sofrido perseguições há meses com denúncias infundadas. Ainda segundo ele, essas denúncias sempre foram esclarecidas à Justiça e ao Ministério Público. O advogado também informou que todos os documentos solicitados pela investigação foram enviados e que o hospital “não tem nada a esconder”.

O advogado Willys Vilas Boas Júnior, que defende Nilo Baracho e outros cinco investigados, informou que ainda não teve acesso aos autos do processo e, por conta disso, não pode se manifestar de maneira técnica e precisa sobre os fatos.

Fonte: Por g1 Sul de Minas — Itajubá, MG