Traficante condenado pela morte do jornalista Tim Lopes passa a cumprir prisão domiciliar
Após 13 anos em regime fechado, Elizeu Felicio de Souza saiu ontem, 04 de julho, pela porta frente do Complexo de Gericinó.
Após 13 anos e sete meses cumprindo pena em regime fechado, o traficante Elizeu Felicio de Souza, o Zeu, condenado a 23 anos pela morte do jornalista Tim Lopes, vai para a prisão domiciliar. O alvará de soltura foi expedido pela Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro. Zeu saiu ontem, quinta-feira (04), pela porta da frente do Instituto Penal Vicente Piragibe, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste.
Elizeu tem até cinco dias para comparecer à Central de Monitoramento da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), para instalação da tornozeleira eletrônica. Atualmente, entre os sete condenados pelo crime, apenas Elizeu ainda estava em regime fechado. Dois morreram, entre eles, Elias Maluco, encontrado morto em uma cela no presídio federal de Catanduvas, no Paraná, em 2020 – ele foi o mandante do assassinato do jornalista. O outro, Xuxa, foi morto durante uma troca de tiros com o Bope em 2013. Outros quatro já estavam em liberdade.
O jornalista Tim Lopes foi morto em junho de 2002, na comunidade Vila Cruzeiro, aos 52 anos. Na época, ele decidiu fazer a reportagem após receber denúncias de moradores da comunidade Vila Cruzeiro de que menores estavam sendo obrigadas pelos traficantes a participar dos bailes, usar drogas e se prostituir. Ele tinha mais de 30 anos de carreira, em uma trajetória sempre marcada por uma obsessão: combater a violência, as injustiças e as desigualdades sociais por meio do jornalismo.
Em suas matérias, o repórter assumiu disfarces para denunciar o que estava errado. Ele foi pedreiro para mostrar a dura vida dos canteiros de obras. Fingiu ser dependente químico para revelar irregularidades em clínicas de tratamento. Chegou até a se vestir de Papai Noel para falar do Natal de crianças que não tinham a esperança de receber a visita do Bom Velhinho.
Traficante já fugiu da prisão
Em julho de 2007, Elizeu fugiu do Instituto Penal Edgar Costa, em Niterói, beneficiado pela progressão para regime semiaberto, quando também cumpria a pena pela morte do jornalista Tim Lopes. Na ocasião, Zeu deixou o presídio para benefício de Visitação Periódica ao Lar (VPL) e não voltou. Na época, ele havia cumprido a sexta parte da pena em Bangu III, e conseguiu a progressão para regime semiaberto após exames psicológicos e avaliação disciplinar pela Seap.
Apontado como o responsável por queimar o corpo de Tim Lopes, Zeu se entregou à polícia durante uma invasão no Complexo do Alemão, em 28 de novembro de 2010, após três anos foragido. De acordo com a Polícia Militar, o traficante estava embaixo da cama, protegido por familiares, quando se entregou. Segundo as investigações, o traficante integrava a alta cúpula do Comando Vermelho (CV), ocupando posição de liderança no Complexo do Alemão, da Penha, Palmerinha e Tuiuti.
Zeu era o único que ainda estava preso pelo crime, que aconteceu há mais de 20 anos. Ele capturado durante a ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, em novembro de 2010. Até hoje, o julgamento dos responsáveis pelo crime é visto como um dos maiores processos do judiciário fluminense. O processo foi concluído com 13 volumes.
Sete traficantes foram condenados pela morte dele. Dois já morreram, outros três cumpriram parte da pena e receberam liberdade. O sétimo, Ângelo Ferreira da Silva, conhecido como Primo, estava foragido por roubo desde 2013.
Um dos que morreram foi Elias Maluco, considerado mandante do crime. Ele foi encontrado com marcas de enforcamento no presídio federal de Catanduvas, no interior do Paraná.
Os condenados foram:
- Elias Pereira da Silva (Elias Maluco) – Morto em 2020 em uma cela do presídio federal de Catanduvas (PR).
- Claudino dos Santos Coelho (Xuxa) – Morto em 2013 numa troca de tiros com o Bope.
- Elizeu Felício de Souza (Zeu) – Está em liberdade desde ontem, quinta-feira (04).
- Reinaldo Amaral de Jesus (Cadê) – Está em liberdade desde 1º de dezembro de 2017.
- Fernando Satyro da Silva, o Frei – Está em liberdade de 22 de março de 2017.
- Cláudio Orlando do Nascimento, o Ratinho – Em liberdade desde 17 de dezembro de 2020.
- Ângelo Ferreira da Silva, Primo – É considerado foragido por crime de roubo desde 2013.
Fontes: G1 e Jornal O Dia