Domingos Mário Galhardo – “Seu Mingote”
“Na roça vivia-se a vida, tudo era belo, tudo era verde e silêncio, tudo era puro como o ar que respirava. Acho que aquele que não conhece a vida na roça não viveu; quem não viu uma lavoura de café florida em setembro, quem não viu a lua cheia apontando no alto da mata virgem, envolvida em cerração rala entre os enormes galhos das árvores seculares, espalhando o luar pelos morros; quem não ouviu o grito da coruja nessa hora, o trilhar dos grilos, o sibilar da jaracuçu, o roncar dos porcos na ceva, um vulto de ave no céu; os vaga-lumes de luz fixa e os pisca-pisca, no alto dos morros e lá no brejo; um relâmpago seco no poente, o relinchar de um cavalo; quem não viu então um terreiro de pedras iluminado pelo luar…” (Luiz Rosseau Botelho) “Na roça vivia-se a vida, tudo era belo, tudo era verde e silêncio, tudo era puro como o ar que respirava. Acho que aquele que não conhece a vida na roça não viveu; quem não viu uma lavoura de café florida em setembro, quem não viu a lua
Esse texto que o Sr. Luizinho Botelho, afetivo escritor alemparaibano escreveu em seu livro “Dos 8 aos 80”, faz identificar a vida de Domingos Mário Galhardo, o “Seu Mingote”, um filho de imigrantes italianos que trabalhou de sol a sol, foi tropeiro, boiadeiro e chegou a ser um respeitável fazendeiro no município de Além Paraíba, tendo constituído numerosa família.
Nascido na Vila de Angustura no dia 29 de dezembro de 1883, era filho de José Luciano Galhardo e D. Philomena Paraíso Galhardo. Seus irmãos foram: Otílio, Maria (Petita), Caetano (Taninho) e Victor Galhardo.
Foi proprietário de duas fazendas no município alemparaibano, a “do Egito”, onde viveu a maior parte de sua vida (ficava na subida do Morro do Boiadeiro e hoje está dividida em vários pequenos sítios), e a “Fazendinha”, que ficava pelos lados da Vila Caxias.
“Seu Mingote” era um homem da lavoura e da pecuária. De princípios morais inabaláveis, sua grande referência, foi um pai afetivo, estendendo esse afeto para seus netos e amigos – era um grande patriarca.
Casou-se em 1904, na Vila de Angustura, sua terra natal, com Cecília de Araújo Galhardo, a Dona “Tita”, filha de Sertório Araújo e D. Paula Dutra de Araújo, e da união nasceram 11 filhos: Mário, José Mário (Juca), Manoel (Neca), Itamar, Ary, Sebastião (Barão), Wander (Lei), Edelvina, Zilah, Maria Eunice (Cotinha) e Anna (Doninha).
“Seu Mingote” faleceu no dia 30 de junho de 1958, em sua residência na Vila Laroca. Sua esposa D. Cecília morreu no dia 30 de maio de 1961.
Essa é uma pequena parte da história de um homem simples, da roça, que emociona pela amizade com seus descendentes, como as professoras Cecília Emília, Celi Penha e a mui querida Beth Galhardo.
Fonte: Edição nº 332 do Jornal Além Parahyba / Texto de Mauro Senra