Faltam 33 dias para 31/12/2024…
“A franzida da cara do bode não vai impedir que ele seja levado ao mercado” – provérbio nigeriano
Por Flávio Senra (*)
Ontem, quarta-feira, dia 27 de novembro, ao ser interpelado por um dos vários apadrinhados do excelentíssimo, ilustríssimo, magnânimo, majestoso, magnífico e outros adjetivos puxassaquistas, este me indagou sobre o que eu tinha a dizer sobre o fato de após tantas denúncias advindas de meus editoriais nenhum terem sido levados a sério pelas autoridades e pela população como se esta última estivesse satisfeita após oito anos de total descaso administrativo na boa terra banhada pelo Paraíba do Sul.
Como não dei confiança ao interpelador, que certamente ficará os próximos anos catando merrecas de cá e de lá na busca de uma bocada junto ao Poder Público já que nada sabe fazer a não ser bajular quem sobe no poder e do próximo gestor público duvido que vá conseguir alguma coisa, segui meu caminho pensando nas inúmeras obras inacabadas que o próximo prefeito encontrará, sem contar aquelas tantas que serão entregues à população como se estivessem prontas e em verdade estão longe de ser concluídas, sem contar que algumas são verdadeiras aberrações para todo alemparaibano que se preza. Devo e acho que merece ter um destaque, já antes de me despedir do dito, disse, lembrando de um antigo provérbio nigeriano que diz: “A franzida da cara do bode não vai impedir que ele seja levado ao mercado”, o que ele, cuja inteligência é um tanto obtusa, certamente não entendeu e jamais entenderá.
De fato tenho que reconhecer que muitas obras aconteceram por todos os cantos do município, só que a maioria somente teve início neste último mandato do excelentíssimo, o que me leva a indagar o motivo de tanta demora em mostrar para o que ele veio. Vale ressaltar, algumas dessas obras, em especial as que já tinham sido iniciadas antes deste ano de final de mandato, sequer estarão concluídas, é o que acho, como da escola que está sendo tocada a toque de caixa no distrito de Angustura que se for dada como concluída, que me perdoem, mas até mesmo um cego voltará a enxergar e dirá o contrário, isso sem contar que tal obra, segundo a placa fincada à frente da dita obra é bem clara em enfatizar que aquela escola, também creche, era para estar concluída faz quase dois anos, se não for mais.
Não quero e não vou entrar em muitos detalhes sobre obra A ou B, Y ou Z, mas de uma tenho que deixar a minha indignação – a reforma da Praça Coronel Breves, no bairro de São José, que mesmo abandonada pelos últimos gestores municipais deveria ter sua beleza intocada ao invés de ver fincado no local a aberração de uma estrutura literalmente fora dos padrões de sua beleza histórica. Onde estão os moradores vizinhos àquele importante espaço público, onde vemos árvores centenárias, o Coreto, a linda Igreja Matriz, prédios centenários, e o belo e histórico monumento em homenagem aos vários alemparaibanos que pisaram nos campos de batalha italianos durante um dos maiores conflitos armados da humanidade, a II Grande Guerra Mundial, sendo que três deles – Manoel de Souza, Carlos Coco Muchinello e Clower Bastos Côrtes – com seus restos mortais depositados no Monumento dos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro? Onde estão os nossos historiadores, os inúmeros literatos da cidade que vivem apregoando que nossa história deve ser respeitada e até mesmo levada até os bancos escolares do município, que não enxergam tamanho despropósito e aberração?
Estou de saco cheio de tanto que malhei em ferro frio! Para mim chega! Espero apenas que esses 33 dias que faltam para chegar ao 31 de dezembro seja mais rápido que o nosso saudoso Aírton Senna, que boa parcela da garotada alemparaibana sequer sabe quem foi.
E como podem verificar sequer o nome do magnânimo citei neste editorial, já que para mim basta dizer Xô! Se possível, Xô nunca mais!
(*) Flávio Senra é o editor do Jornal Além Parahyba desde junho de 1993