JOÃO DE DEUS RIBEIRO
Nascido em Além Paraíba no dia 08 de março de 1940, João de Deus Ribeiro era filho do ferroviário José Antônio Ribeiro e da dona de casa Natalina de Souza Ribeiro. Teve três irmãos: Geraldo, Roberto José e Josélia (Dona Filhinha), e cresceu nas imediações da Vila Laroca e do Morro São Geraldo, aprendendo as primeiras letras no extinto Lyceu Ferroviário, escola primária mantida pela Estrada de Ferro Leopoldina (EFL) que atendia os filhos dos funcionários daquela importante empresa.
Os tempos eram difíceis, principalmente para a classe ferroviária, e mesmo assim o garoto João de Deus tinha um sonho: estudar e, como afirmara várias vezes, ser alguém na vida. Terminado o Curso Primário, com pouco mais de 14 anos, em janeiro de 1955, foi aprovado nos exames para o Senai 6-1, escola profissionalizante também mantida pela EFL. Ao final de três anos, foi diplomado com o ofício de Carpinteiro. Com o diploma nas mãos, foi admitido na Estrada de Ferro Leopoldina, onde se aposentou como Supervisor de Obras e Pintura, sem nunca ter sofrido qualquer advertência.
Além da escola profissionalizante, João de Deus estudou no Colégio Além Paraíba, onde concluiu os cursos Ginasial e Técnico de Contabilidade. Era casado com Iralda Lameira Ribeiro, com quem teve cinco filhos: Leandro José, Lerisson, os gêmeos Leilson Augusto e Lilson Augusto, e o caçula Lucas.
João de Deus entrou para a vida pública em 1976, através do ex-prefeito Elias Fadel Sahione, seu grande amigo de todas as horas, candidatando-se a uma cadeira da Câmara Municipal de Além Paraíba, sendo o segundo mais votado à ocasião. A partir daí, sucessivamente, reelegeu-se com excelente votação. “Política é a ciência mater da sociedade. Todas as pessoas, desde o catedrático, o professor, o sábio, o aluno, o pobre, o rico, dependem da política. Não da política que tanto grassa pelo país, mas da política limpa, séria e honesta”, disse certa vez João de Deus justificando o motivo de ter ingressado na vida pública.
Na Casa do Povo Alemparaibano, João de Deus sempre lutou em favor dos mais necessitados. Seu gabinete era o mais visitado pela população, principalmente aquela parcela considerada como a mais carente. Nos seus oito mandatos consecutivos integrou diversas comissões. Foi secretário, vice-presidente e, em seu último mandato (2009/2012), presidiu aquela Casa.
Após sucessivas vitórias nas urnas, infelizmente e devido à tão famigerada legenda partidária, João de Deus não se reelegeu no processo eleitoral realizado em 2012, mesmo tendo sido o sétimo mais votado com 688 votos e à frente de sete dos vereadores eleitos. A derrota inicialmente lhe trouxe um gosto amargo na boca, digerido dias após graças ao apoio recebido dos familiares e alguns amigos.
Poucos meses depois, o que parecia ter sido digerido trouxe a João de Deus um mal estar que o levou até o Hospital São Salvador, e dali para o Hospital Albert Sabin, em Juiz de Fora.
A notícia de que João de Deus havia sido internado no Hospital Albert Sabin, em Juiz de Fora, comoveu toda população alemparaibana. Diuturnamente, seus familiares eram abordados pelo povo que ansiava por boas notícias sobre sua saúde. Infelizmente, por volta das 13 horas do dia 20 de abril de 2013, chegou a notícia de seu falecimento, trazendo a tristeza a milhares de pessoas.
Como era seu desejo, foi velado na Capela Mortuária, que ficou pequenina diante o grande número de pessoas que foram lhe dar um último adeus. Ao mesmo tempo, histórias e casos por ele protagonizados eram relembrados, alguns ressaltando o seu caráter ilibado, outros a sua disponibilidade em auxiliar o próximo. Ao fundo, a Sociedade Musical Sete de Setembro, que ele presidiu com amor e dedicação por longos anos, fazia uma última homenagem executando números musicais que aumentavam a tristeza que era vivenciada naquele local.
E por volta das 11 horas, como programado por seus familiares, um grande e silencioso séquito cobriu a distância entre a Capela Mortuária e o Cemitério Municipal, onde foi sepultado sob o aplauso dos presentes.
Texto de Flávio Senra / Foto: Arquivo do Jornal Além Parahyba.
