Onça-pintada reaparece em Valença e traz esperança para a Mata Atlântica no Rio
Registro do felino, em perigo de extinção, após quatro anos indica regeneração do bioma em área historicamente desmatada.
Um registro raro e animador reacendeu a esperança na recuperação da Mata Atlântica no Rio de Janeiro: uma onça-pintada foi avistada em Valença, no Médio Paraíba, trazendo consigo um sinal de que a natureza resiste e se regenera mesmo em áreas historicamente desmatadas. As informações são do O Globo.
A onça-pintada, considerada a “rainha” das florestas e o maior felino das Américas, está criticamente ameaçada de extinção na Mata Atlântica. Sua presença em Valença, registrada em fotos e vídeos, é um indicativo da recuperação da fauna e flora local.
Mata Atlântica renascida:
O felino foi avistado na Serra da Concórdia, uma área que sofreu intenso desmatamento durante o Ciclo do Café no século XIX. Após décadas de degradação, a mata vem se regenerando e hoje abriga uma rica biodiversidade, com jaguatiricas, cachorros-do-mato, iraras, preguiças e diversas espécies de aves.
“A diversidade de animais impressiona e faz crer que realmente uma onça poderia ter encontrado aqui condições para se alimentar e sobreviver”, afirma Izar Aximoff, biólogo do Projeto Onças Urbanas.
Mistério e esperança:
A onça-pintada de Valença, apelidada de “espírito da floresta”, é um animal esquivo e de hábitos solitários. Seu reaparecimento é um mistério e, ao mesmo tempo, um símbolo de esperança para a conservação da Mata Atlântica.
“Conseguimos capturar a imagem pela primeira vez há alguns anos, e a vi de novo este ano. […] Acho que ainda está por aqui”, conta Rodrigo da Silva Santos, que registrou o felino em 2020 e novamente este ano.
Importância da onça-pintada:
A onça-pintada desempenha um papel fundamental no equilíbrio do ecossistema. Como predador de topo de cadeia, ela controla a população de outras espécies, contribuindo para a manutenção da biodiversidade. Sua presença indica a saúde do ambiente, o que pode atrair investimentos em ecoturismo e conservação ambiental.
Desafios para a conservação:
Apesar do registro animador em Valença, a situação da onça-pintada na Mata Atlântica continua preocupante. A fragmentação do habitat, a caça e os atropelamentos são ameaças constantes. Especialistas alertam para a necessidade de proteger os corredores ecológicos e intensificar as ações de conservação para garantir a sobrevivência da espécie.
“A onça-pintada é um patrimônio nacional, está quase desaparecida da Mata Atlântica, e a sociedade precisa se mobilizar para protegê-la”, ressalta Aximoff.
A onça-pintada de Valença é um lembrete da importância da preservação ambiental e da regeneração da Mata Atlântica. Seu reaparecimento traz esperança e reforça a necessidade de proteger a biodiversidade para as futuras gerações.
Raio-x do maior carnívoro do Brasil:
Comprimento e peso: até 2,70 m e 158 kg.
Tempo de vida: cerca de 15 anos na natureza.
Habitat: do México à Argentina.
O Brasil abriga cerca de três quartos da população, a maior parte na Amazônia.
Gestação: de 90 a 111 dias, com de 1 a 4 filhotes por gravidez.
Atividade: diurna e noturna. Quase sempre solitária, é mais ativa à noite.
Dieta: cardápio variado, com 85 espécies de animais silvestres. Só come animais domésticos quando não há presas naturais.
Papel ecológico: maior carnívoro do Brasil, está no topo da cadeia alimentar. Se ela existe num lugar, é sinal que o restante do ecossistema persiste. Ao controlar a população dos animais que come, equilibra a fauna, que regula a vegetação e, consequentemente, a produção de água.
Economia: o turismo de observação de onças injeta cerca de US$ 10 milhões somente na região de Porto Jofre, no Pantanal, segundo estudos da WWF (Fundo Mundial para a Natureza, em inglês).
Fonte: Diário do Rio – Por Quintino Gomes Freire / O Globo