Condenado a 39 anos de prisão, líder do Comando Vermelho é colocado em liberdade pela Justiça

Suspeito foi alvo das operações Red Money e La Catedral, da Polícia Civil do Mato Grosso.

Janderson dos Santos Lopes, apontado pela Polícia Civil do Mato Grosso como integrante do Comando Vermelho, foi solto pelo juiz plantonista de Cuiabá, Francisco Alexandre Ferreira Mendes Netto, durante os festejos de Carnaval. O alvará de soltura foi assinado pela juíza plantonista de Primavera do Leste, Luciana Braga Simão Tomazetti. A decisão de Mendes foi revogada pelo desembargador Hélio Nishiyama, mas o suspeito ainda não retornou à prisão.

O pedido de habeas corpus foi feito pelo advogado de Janderson, No pedido, ele alegou excesso de prazo no processo-crime contra o cliente. O advogado também argumentou que a soltura de Janderson não oferecia riscos e pediu a possibilidade de extensão dos efeitos da decisão que beneficiou outro investigado no caso.

A petição foi apresentada no dia 03 de março, segunda-feira de carnaval, ou seja, no plantão judiciário. Na terça-feira (04), a juíza Luciana Tomazetti assinou o alvará de soltura a Janderson e impôs medidas cautelares, como: comparecimento mensal em juízo para informar e justificar suas atividades; obrigação de manter atualizado o seu endereço; proibição de se ausentar da Comarca sem prévia anuência do Juízo; e uso de tornozeleira eletrônica.

Na volta do expediente, no dia 06 de março, quinta-feira, o desembargador Hélio Nishiyama, revogou a liminar concedida para Janderson. Em SUS decisão, o magistrado lembrou que já havia negado a soltura do suspeito anteriormente, já que ele “ostenta uma pena de 39 anos e 11 meses de reclusão em regime fechado, referente aos delitos de tráfico de drogas, associação ao tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro”, diz trecho da decisão.

Ele está com novo mandado de prisão em aberto e é considerado foragido.

Alvo da Polícia Civil de Mato Grosso

Janderson dos Santos Lopes foi o principal alvo da Operação La Catedral, deflagrada no ano passado. Ele já estava preso na Cadeia Pública de Primavera do Leste (MT), cumprindo pena de 39 anos e 11 meses de prisão, mas mesmo assim liderava um esquema para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e obtenção de regalias dentro da cadeia, segundo a polícia.

Segundo as investigações, conduzidas por cerca de um ano pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste, após ter sido transferido para aquele município, Janderson adquiriu um patrimônio considerável, incluindo a abertura de duas empresas, a compra de diversos caminhões, imóveis e veículos caros para si e a esposa.

Uma das empresas, conforme a Polícia Civil se tratava de uma loja de materiais de construção, enquanto a outra é uma transportadora. Para a operacionalização, ele adquiriu pelo menos 21 caminhões reboque, dois semi-reboques, 13 caminhões trator, sete dollys, um caminhão caçamba e quatro caminhões das marcas Iveco, Ford e Volvo.

Janderson também foi identificado com uma VW Amarok, duas Ford Ranger, uma Ford F350, três Toyota Hilux e um Corolla Cross. Ele ainda tinha um Fiat Strada e um GM Onix. Os veículos, bem como as cabeças de gado que possui na propriedade rural em Poxoréu, eram objetos de ostentação por parte de Janderson.

Conforme as investigações, o aumento no patrimônio de Janderson foi possível porque ele contava com a anuência do diretor da cadeia Pública de Primavera do leste para realizar diversas atividades pessoais durante o dia. As investigações apontaram que Janderson teria pago propina para ser liberado da cadeia para trabalhar e cursar uma faculdade, mas desrespeitava o acordo judicial ao trabalhar em suas empresas e  fazer atividades em sua propriedade rural, localizada no município de Poxoréu (43 quilômetros de Primavera).

Além de utilizar mão de obra de presos da cadeia Pública para atividades de seu interesse, Janderson também contava com o apoio da esposa, Thais Emília Siqueira Silva, que também já havia sido investigada nas operações Três Estados e Red Money e foi novamente alvo da Polícia Civil.

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