Frases da Semana: “Não esquecemos, Alexandre… não esquecemos de forma alguma”
Por Ari Fusevick (*)

“Ela me deve dinheiro, paguei avião e maquiador” – Joice Hasselmann, ex-deputada federal, acusando Michelle Bolsonaro de calote. Mais urgente do que cobrar o calote da Michelle, seria cobrar indenização por danos morais ao maquiador.
“A Quaresma é meio que o nosso Ramadã Católico” – Cardeal Timothy Dolan, Arcebispo de Nova York. No Brasil, somos ecumênicos e observamos o Ramalula, fazendo jejum de carne o ano inteiro.
“Você escreve com os pés” – frase atribuída a Dilma Rousseff, em suposto caso de assédio moral a funcionários do “Banco dos BRICS”. Não vamos tirar conclusões precipitadas. Vindo da Dilma, pode ter sido um elogio.
“Lula vira um fardo para presidenciáveis da frente democrática” – manchete da revista Veja, sobre a baixa popularidade do presidente. Será que reviraram o passado dele e encontraram uma mácula em sua reputação ilibada?
“Com líderes do golpe ainda impunes, Brasil vira fábrica de terroristas” – Leonardo Sakamoto, blogueiro do UOL. Deve ser a única fábrica que foi aberta no país recentemente.
“Não somos uma seita” – Renan Santos, coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), em live no YouTube. Engraçado, porque isso é exatamente o que o líder de uma seita diria.
“A cidade está refém da bandidagem. Uma das regiões mais caras do RJ, IPTU lá em cima… a gente sai na rua para dar uma volta de bicicleta e quase morre” – Christiane Torloni, atriz, vítima de assalto durante o carnaval. Não dá mais para se sentir seguro nem durante o carnaval no Rio de Janeiro, onde este país vai parar?
“Lembra que deu uma p*ta treta entre Trump e Zelenskyy?” – Natuza Nery, apresentadora de TV. A julgar pelo linguajar, essa veio direto do zapzap do STF.
“Caguei” – André Janones, deputado federal (Avante-MG), respondendo uma publicação que lamentava a morte de Cleriston Cunha, o “Clezão”. Eu pensava que tal função fisiológica era reservada exclusivamente aos vertebrados.
Supremo Tribunal Fora dos Autos
“O Alexandre deu azar. Ele mexeu com gente muito poderosa” – Jair Bolsonaro, sobre as encrencas legais de Moraes nos EUA. Não existe sorte ou azar, essas coisas acontecem quando o talento encontra a oportunidade.
“Eu indico o Voldemort brasileiro para a lista da Lei Magnitsky” – Mike Lee, senador americano, ao sugerir a inclusão de Alexandre de Moraes em lista de pessoas sancionadas por violações de direitos humanos. Parece que não é só em Hogwarts que se dá aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.
“Moraes é convidado para ir a Nova York para evento do Lide” – notícia do portal Pleno News. Não sei por que, mas isso está me cheirando a cilada…
“No STF, Alexandre de Moraes está blindado” – Daniela Lima, da GloboNews, sobre reação às encrencas legais em que Moraes se meteu. Cuidado, já teve um que entrou no bunker achando que estava blindado e nunca mais saiu.
“Nós não esquecemos, Alexandre… nós não esquecemos de forma alguma” – Jason Miller, conselheiro de Donald Trump, detido por Moraes durante visita ao Brasil em 2021. Um recado ao estilo de “Ainda Estou Aqui”.
“Sua primeira emenda termina onde começa a nossa soberania!” – charge do cartunista Fraga, no Zero Hora, ilustrando disputa de Moraes com a Justiça americana. No Brasil, nós prezamos pelo nosso direito democrático de censurar e ser censurados.
Make Ukraine Great Again
“Usarei um terno depois que essa guerra acabar. Talvez algo como o seu. Talvez algo melhor. Ou mais barato” – Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia, respondendo a repórter que perguntou por que ele não usava um terno em visita à Casa Branca. Se a política não der certo, talvez ele tenha futuro como comediante. Não, espera…
“A propósito, eu gosto do seu traje” – Donald Trump, elogiando Zelenskyy durante conferência de imprensa. O Trump parece ter um olhar afiado para a moda ucraniana, com aquele bronzeado estilo Chernobyl.
“Obrigado América, obrigado pelo seu apoio, obrigado por esta visita. Obrigado Presidente, Congresso e povo americano” – Volodymyr Zelenskyy, em publicação na rede social X, horas após ser chamado de “ingrato” por JD Vance, vice-presidente americano. Ainda bem que o X tem limite de caracteres, senão ele estaria até agora agradecendo o porteiro da Casa Branca, o motorista da limusine…
“Ele desrespeitou os EUA em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz” – Donald Trump, criticando Zelenskyy após uma conferência de imprensa. Seguindo essa lógica, não quero nem imaginar o que Bill Clinton teria que fazer para poder voltar ao Salão Oval.
“O acordo de direitos minerais é uma garantia de segurança melhor do que 20 mil soldados de algum país aleatório que não luta uma guerra há 40 anos” – J.D. Vance, em indireta contra o exército britânico. Sorte que as centenas de soldados britânicos que morreram apoiando as aventuras americanas no Afeganistão, Iraque e Kosovo não estão aqui para se sentirem ofendidos.
“Podem ir. Mas não com os meus soldados” – Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana, respondendo ao pedido de França e Reino Unido para enviar tropas à Ucrânia. Incluam-na fora dessa.
“Decidi iniciar o debate estratégico sobre a proteção dos nossos aliados com nossa capacidade de dissuasão [nuclear]” – Emmanuel Macron, presidente francês, em pronunciamento à nação. Pode parecer loucura ameaçar Putin com armas nucleares, mas isso não é nada para quem tem a coragem de encarar um canhão todos os dias.
“Esqueceram o que aconteceu com Napoleão?” – Vladimir Putin, ditador russo, em resposta a Macron. E Putin parece esquecer o que aconteceu com o último czar.
“A postura do Trump hoje mostra o acerto de minha fala ontem. Não se pode admitir que tratem todos como colônias norte-americanas” – Alexandre de Moraes, ministro do STF, palpitando sobre discussão entre Trump e Zelenskyy. Alguém falou em Napoleão?
Reinações de Narizinho
“Gleisi será a ‘cão de guarda’ do presidente no governo” – Gerson Camarotti, comentarista da GloboNews, sobre a nova ministra das Relações Institucionais. Ela entende de rosnar, só resta saber se tem faro.
“Aos que insistem em duvidar da inteligência de todos nós, vale lembrar do quanto Gleisi articulou alianças do PT” – Jacques Wagner, senador (PT-BA). A gente lembra; está tudo documentado naquela planilha famosa.
O País do Carnaval
“Dá pra mim… seu pix, meu bem / Enquanto o leão não vem / Esse leão é guloso / Ele mete a mão no seu bolso” – marchinha de carnaval do Partido da Causa Operária (PCO). Para ser sincero, o PCO merece uma nota 7,5 no quesito evolução.
“Sem falsa modéstia, acho que, sim” – Paolla Oliveira, respondendo se se considera uma figura histórica do carnaval. Pode até ser histórica, mas não pelos motivos que ela pensa.
“Será potente entrar na Sapucaí nesse momento de tanto ódio” – Erika Hilton, membro da Câmara dos Deputados (PSOL-SP). Calma, esse ódio todo não cai bem para uma dama.
“Parabéns pelo segundo maior carnaval do Brasil” – Ricardo Nunes, prefeito de SP (MDB), provocando Eduardo Paes, prefeito do RJ (PSD), no X. Correto, o maior carnaval do país segue sendo o de Brasília.
Cantinho do Oscar
“Você já parou para pensar sobre as violações de direitos humanos retratadas em ‘Ainda Estou Aqui’?” – perfil da ONU Brasil no X. Não, ando muito ocupado com as que andam acontecendo na vida real.
“Meu Oscar vai para Fernanda Torres. No meu mundo interior, ela ganhou” — Jean Wyllys, ex-BBB. Ela pode ter perdido o Oscar, mas parece que levou o cobiçado Troféu Lhama de Ouro.
“O silêncio bolsonarista sobre o Oscar vencido por ‘Ainda Estou Aqui’” – reportagem investigativa da revista Veja. O bolsonarista que quebrar o silêncio pode acabar entrando para o elenco de “Ainda Estou Aqui 2 – O Inquérito do Fim do Mundo”.
“Brasil só pensa nisso” – Lula, sobre Oscar de “Ainda Estou Aqui”. Esqueceram até da inflação, da criminalidade, das estatais em crise e dos ministros envolvidos em escândalos. Conveniente, né?
“Se o golpe de Bolsonaro tivesse dado certo, o Brasil teria ganhado o seu primeiro Oscar?” – Eliane Cantanhêde. Não sei, mas a vantagem é que finalmente teríamos um novo assunto para o cinema nacional retratar depois de 40 anos.
“Não só a gente, que fez o filme, mas os amantes da arte, os que gostam de ler, os pensadores foram premiados. Como eu gosto de dizer, os sensíveis foram premiados” – Selton Mello, ator de “Ainda Estou Aqui”. Aquele autoelogio terceirizado.
“Governos autoritários surgem e desaparecem no esgoto da história” – discurso preparado por Walter Salles, diretor de “Ainda Estou Aqui”. O problema é que alguns voltam e usam a arte para dar um “lavô, tá novo” na reputação.
“Tô com ranço. Eu estava preparada para perder para Demi, não para ‘Anora’, que tem idade para ser minha filha” – Ingrid Guimarães, atriz, criticando Mikey Madison, vencedora do Oscar de melhor atriz. O interessante é que, se fosse mesmo sua filha, o Oscar seria prova de que talento não é necessariamente hereditário.
“Resultado absolutamente etarista. Quem ganha é uma menina de 25 anos que tem um trabalho ‘ok’ e está fazendo uma prostituta romantizada” – Claudia Raia, atriz, também criticando a vencedora do Oscar de melhor atriz. Podia ser pior, ela poderia ter interpretado uma atriz decadente que, anos atrás, casou-se com um ator pornô. Essa foi a melhor de todas no que diz respeito ao Oscar.
“As pessoas entenderam que essa história primeiro não era só sobre o nosso passado, ela era sobre o nosso presente” – Walter Salles. Sincericídio?
“Psicopata cínico” – Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PL-SP), sobre Walter Salles ignorar as tendências autoritárias no Brasil de hoje. Como não sou psiquiatra, ainda acredito que seja mera conveniência.
“A esquerda entrou nesse fervor porque o cidadão ganhou um prêmio da indústria cinematográfica norte-americana. Parece que eles ganharam um prêmio de Deus” – Rui Costa Pimenta, presidente do PCO. Saudades da esquerda raiz que se gabava de ganhar o Kikito e criticava o imperialismo ianque.
Viva Paulo Freire!
“A pauta da educação era o homescholling [sic]” – Míriam Leitão, jornalista, derrapando no inglês ao criticar o governo Bolsonaro. Considerando o nível educacional dos expoentes da nossa intelectualidade, o homeschooling até que faz algum sentido.
“Eu não tenho conseguido falar muito com a mamãe, por causa de ‘jet leg’ [sic]” – perfil da GloboNews no X, transcrevendo fala de Fernanda Torres. É uma mulher idosa com as pernas a jato. Fica difícil mesmo.
Memória
“Bilionários não deveriam existir” – Sâmia Bomfim, deputada federal (PSOL-SP), em abril de 2022. Essa semana ela comemorou o Oscar de “Ainda Estou Aqui”, dirigido pelo herdeiro bilionário Walter Salles. A hipocrisia da esquerda continua sendo uma regra à prova de exceções.
“O Oscar é a festa da injustiça” – Fernanda Torres, atriz, em entrevista de 1999. Ela deve estar aliviada de não ter que comer no prato em que cuspiu.
“Bandido é a p* que lhe pariu, não é no meu gabinete que fazem rachadinha” – André Janones, em tuíte de agosto de 2021. Essa semana, ele fez acordo com a Justiça para devolver R$131 mil por rachadinhas. Imagino que as transações se deram todas fora do gabinete, porque um deputado não iria mentir assim tão descaradamente.
(*) Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira”.
Fonte: Gazeta do Povo