Frases da Semana: “Estão dizendo que os mensaleiros querem voltar; nós nunca saímos”
(*) Por Ari Fusevick, especial para a Gazeta do Povo

“Governo Lula vai enviar zap para celulares roubados e exigirá que o aparelho seja entregue à delegacia” – notícia de Lauro Jardim, jornalista. Dizem que o Lula agora só anda com o celular em modo avião, por via das dúvidas.
“Rachadinha no gabinete de Janones bancou até clínica de estética” – manchete da revista Veja. Convenhamos, ele deve ser completamente absolvido por ausência de provas.
“Bandido que entrar nas articulações do Estado vai para a vala” – Washington Quaquá, prefeito de Maricá-RJ (PT). Desde os tempos de Celso Daniel e Toninho do PT, não víamos uma retórica tão belicosa vinda do partido.
“Eu não sei a opinião do Tarcísio sobre a Ditadura Militar até hoje” – Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Normal, o Haddad também não sabe o que ele mesmo pensa sobre a economia até hoje.
“Tarcísio é uma excelente pessoa, fenomenal gestor e, não vou falar excepcional, mas um bom político” – Jair Bolsonaro, sobre o governador de SP. É, ele não chega a ser um Alexandre Frota ou uma Joice Hasselmann.
“Como Hegel nos coloca, tudo é ‘sim’ e ‘não’, tudo é totalitarismo e não-totalitarismo” – Elias Jabbour, economista, negando a existência de uma ditadura totalitária na China. Como também diria Hegel, a história se repete, só que às vezes engasga e desconversa.
“Quando eu comecei a circular entre a elite paulistana, eu me lembro de sentir dor no corpo de tão envergonhada que eu ficava por perceber que as pessoas tinham um discurso, que me excluíam o tempo inteiro” – Gabriela Prioli, comentarista da GNT. Seria quase a história da Cinderela, se no final ela virasse assessora de imprensa da madrasta malvada.
“Estão dizendo que os mensaleiros querem voltar; nós nunca saímos” – José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, insinuando volta triunfal do esquema de corrupção operado por seu partido. E, desta vez, nem teve a delicadeza de fazer uma cirurgia plástica para disfarçar a cara de pau.
“Ela vai continuar fazendo o que ela gosta, porque a mulher do presidente Lula não nasceu para ser dona de casa” – Lula, sobre as viagens de Janja. Mulher do Lula ser dona de casa é problema mesmo: tem que lidar com empreiteiro reformando tríplex, Polícia Federal batendo na porta às 6 da manhã… um inferno.
“Eu anuncio a minha pré-candidatura à Presidência da República” – Felipe Neto, youtuber, em pronunciamento no Instagram, onde propõe a criação de um “Ministério da Verdade”. O que seria mais irônico: o Felipe Neto se levar a sério como candidato ou ter feito uma paródia de “1984” sentado no colo do Grande Irmão?
Cantinho cultural
“Odete Roitman espelha pessoas como Elon Musk” – Débora Bloch, atriz que interpreta a personagem na nova versão de “Vale Tudo”. É porque é novela; se fosse espelhada nos bilionários do Petrolão, seria uma comédia ou drama policial.
“Cinema nacional entrou em um buraco no governo Bolsonaro” – Babu Santana, ator e ex-BBB. Verdade, mas não vamos tirar o mérito do cinema nacional, que continuou cavando cada vez mais fundo.
“Emicida e Fióti: rompimento teve acusação de desvio de R$ 6 milhões ” – manchete do UOL, sobre disputa entre irmãos rappers. Se resolverem suas diferenças, já têm até nome para uma nova dupla: Emicida & Emistelionatário.
“Acabou pra mim, posso encerrar hoje” – Marina Lima, cantora, após apresentação com Pabllo Vittar no Lollapalooza. E assim, Pabllo fez sua maior, e quiçá única, contribuição à música brasileira.
“Rock gaúcho é marcado por influência argentina e pouca diversidade de gênero e raça” – reporta o Jornal da Universidade, publicação da UFRGS. E você achando que a falta de diversidade só afetava o axé baiano e que só o funk carioca sofria de misoginia.
“Já disse o que tinha pra dizer por agora” – Jão, cantor, anunciando pausa na carreira. Ok, entendido. Só não se esqueça de dar a descarga e lavar bem as mãos.
Assim caminha a humanidade
“Em dez anos, humanos não serão mais necessários para a maioria das coisas” – Bill Gates, bilionário americano. Podemos até ficar obsoletos, mas nunca tão obsoletos como o Windows Vista. Como era ruim aquilo.
“Parece cada vez mais que a humanidade é um hospedeiro biológico para a superinteligência digital” – Elon Musk, sobre avanços da inteligência artificial. A exceção é o brasileiro, que serve de hospedeiro tributário para a supermalandragem governamental.
Elas só pensam naquilo
“Vibrador é porta de entrada pra mulher usar a mão” – Marcela McGowan, médica ginecologista. Se usar um pouquinho mais a imaginação, ela logo descobre de onde vêm os bebês.
“Incesto vira assunto em filmes e séries, mas assunto continua tabu” – coluna do Universa, o site ultraprogressista do UOL. Com essa empolgação toda, espero que não esteja pensando em um reality show.
“Não é só uma questão de libido. É como se eu estivesse anestesiada. Não penso mais em homem. Estou totalmente assexual” – Luana Piovani, atriz. Poxa, não seremos mais brindados com notícias sobre os namoros de Piovani nos sites de fofoca. Será que vamos sobreviver?
Cantinho da Corte
“Seria bom julgar este ano para evitar o ano eleitoral” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF, defendendo a celeridade do julgamento de Bolsonaro. Afinal de contas, derrotar o bolsonarismo foi promessa de campanha.
“Morre a tese de perseguição” – Camila Bomfim, jornalista, após Moraes arquivar investigação de Bolsonaro no caso da vacina. Dizem que Bolsonaro até tentou fazer uma homenagem póstuma, mas sofreu uma censura prévia.
“Foi discurso de ódio contra autoridades e a democracia” – Lindbergh Farias, deputado federal (PT-RJ), ao acionar PGR contra o colega Marcel Van Hattem (Novo-RS), por chamar o STF de “organização mafiosa”. Só não ficou claro se, para ele, a “autoridade” ofendida era o STF ou a máfia.
“Em festa do Rio, Alexandre de Moraes deu até prazo para o fim do tumulto político no Brasil” – relatou Malu Gaspar, colunista d’O Globo. Ele vai se aposentar ou agora faz bico como cartomante em festas?
“Tinha que viajar em avião de carreira para ser aplaudido” – Jair Bolsonaro, sobre uso de voo da FAB por Moraes para assistir a jogo do Corinthians. Deve ter sido uma medida de corte de gastos, já que sairia muito mais caro indenizar os demais passageiros pela insalubridade.
“O que tem de principal no crime organizado do Rio de Janeiro não está nos bairros populares, nos morros ou periferias. Na verdade, está no asfalto” – Flávio Dino, ministro do STF, em julgamento de ação que limita operações policiais nas favelas. Segundo boatos, assessores o interromperam a tempo, antes que ele completasse o voto com: “inclusive a Dama do Tráfico, que recebemos no Ministério da Justiça, pode confirmar isso.”
Uma mão suja a outra
“O parlamentar vai cair na mão de um juiz de primeira instância? Tendo muito mais relação com ministros do STF?” – Natuza Nery, comentarista da GloboNews, levantando seríssimas suspeitas sobre suposto favorecimento político no STF. Afinal, as maiores injustiças da história de nossa democracia aconteceram justamente porque o juiz de primeira instância não foi amiguinho dos réus.
“Vamos supor que esse juiz não goste do parlamentar. Existe isso, a gente não pode imaginar que todos os juízes são meramente técnicos” – Natuza Nery. Não, eu me recuso a acreditar que um juiz vá mandar a ética às favas e julgar tudo na base do “perdeu, mané”.
“Bolsonaro tenta transformar algo que os ministros do STF entendem como um ato potencialmente ilegal em algo corriqueiro” – Natuza Nery, sobre o ex-presidente admitir conversas sobre estado de sítio. Para o STF, esse tipo de conspiração é ilegal. A não ser que envolva a troca de favores ou dinheiro em espécie.
“A gente sabe que a política frequenta muito bem o STF. A gente sabe também que essa política tradicional, não os bolsonaristas, eles têm um trânsito muito frequente no STF” – Natuza Nery. Mas isso não seria transformar um ato potencialmente ilegal em algo corriqueiro?
Cantinho da Anistia
“Eu quero ser mais enfática do ponto de vista da escolha das palavras, porque, invés (sic) de ‘anistia’, ‘impunidade’. É disso que se trata” – Flávia Oliveira, comentarista da GloboNews, indignando-se contra o PL da Anistia. Agora, imagine se ela fosse tão enfática com os fatos quanto é com a semântica.
“A bandida terrorista da Débora sair da cadeia é só a ponta do iceberg. Vocês verão onde isso vai dar!” – André Janones, deputado federal (Avante-MG). Janones gastou o dinheiro da rachadinha em estética e acabou esquecendo da ética.
“O Brasil tem uma característica que, na hora que os episódios acontecem, as pessoas têm uma indignação profunda e, à medida que o tempo passa, elas ficam com pena” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Valeu a tentativa, mas não acho que isso vá convencer alguém a sentir pena de seus amigos João de Deus e Cesare Battisti.
“O Bolsonarismo, mesmo com essa decisão de conceder o benefício para a cabeleireira, continua criticando Moraes” – Valdo Cruz, comentarista da GloboNews. Que coisa, ninguém deu um saco de bombons nem mandou rosas para o Moraes?
“Anistia não é um tema principal para ninguém, a não ser para quem está se culpabilizando” – Lula. Anistia é para os fracos. O negócio mesmo é ser descondenado.
“Prisão é o fim da minha vida, estou com 70 anos” – Jair Bolsonaro. Que nada, tem muito larápio com essa idade que saiu da cadeia se gabando de estar com fôlego de garoto.
Direitos dos manos
“Com bloqueio de GPS e antidrone, facção TCP alia tecnologia e poder de fogo” – manchete do UOL, explorando o maravilhoso mundo do Terceiro Comando. ChatGPT, se nossas vidas fossem um episódio de “Black Mirror” dirigido pelo Zé do Caixão, como seriam as manchetes dos jornais?
“Exemplo de pai” – Oruam, rapper, sobre seu pai, o traficante Marcinho VP, em entrevista ao Domingo Espetacular. Se eu fosse o Zeca Dirceu, entraria com pedido de direito de resposta contra o programa.
“Derrite busca exemplo abominável para combater o crime. Secretário de Segurança de SP elogia El Salvador, cujo governo autoritário viola liberdades civis e avilta a democracia” – editorial da Folha de S.Paulo. A coisa em “El Salvador” está tão feia que ouvi dizer que lá eles prendem manifestante por pichar estátua com batom e derrubam conta de quem critica o governo. Abominável é pouco.
Planeta Diário
“Se isso acontecer, muito provavelmente os EUA já não mais seriam uma democracia plena” – Guga Chacra, comentarista político, sobre possibilidade de Donald Trump concorrer a um terceiro mandato. Só mesmo um ditador pensaria em terceiro mandato, ainda bem que esse tipo de coisa não acontece no Brasil.
“Não basta que pessoas e instituições apenas não sejam antisemitas, elas devem ser ‘anti’ antissemitas” – Levi Shemtov, rabino, tropeçando na dupla negação durante depoimento ao Congresso americano. Rapaz, na Alemanha esse negócio de ser “anti” antissemita já deu uma encrenca…
“Jesus precisava aprender sua lição e ser corrigido” – Nick Utphall, pastor progressista americano, denunciando atitude “misógina” de Jesus Cristo em Lucas 10. Se não me falha a memória, o Moraes tentou incluir essa passagem no Inquérito do Fim do Mundo, mas o Fux pediu vista. E o Nunes Marques lavou as mãos.
(*) Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira”.
Fonte: Gazeta do Povo