Frases da Semana: “Muito orgulhoso de ter participado desse processo de ‘desmanche da Lava Jato’”
Por Ari Fusevick (*)

“Disseram-me que hoje é o Dia do Café. Vai um cafezinho aí?” – Geraldo Alckmin, ao postar vídeo tomando café no X. Uma das tragédias do Brasil é que nossa Maria Antonieta, além de careca, é descafeinada.
“A decisão unânime deste tribunal é que os termos ‘mulher’ e ‘sexo’ na Lei da Igualdade de 2010 se referem a mulheres biológicas e sexo biológico” – decisão da Suprema Corte Britânica. Em nota oficial, a Associação Britânica de Gafanhotos declarou aguardar com otimismo a próxima decisão da Corte, que determinará se a grama é realmente verde.
“Tem que ser débil mental para querer a volta de um genocida” – João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso. E quem paga ingresso pra ouvir sermão de um cara que toca prato e tambor?
“Querem fazer brasileiro de idiota” – Nasi, ex-músico em atividade, criticando o PL da Anistia. Em muitos casos, nem adianta querer fazer alguém de idiota. Impossível superar a obra da Mãe Natureza.
“Vim Trabalhar No Cruzeiro” – Dudu, ex-atleta do Palmeiras, explicando o significado da sigla “VTNC” que usou contra Leila Pereira, presidente do clube. Em resposta, Leila teria dito a Dudu “VSF” e explicou que significa “Vá Ser Feliz”.
“Eu prefiro comer lixo” – Joanna Maranhão, comentarista lulopetista do SporTV, sobre assistir a vídeos de Jojo Todynho, cantora bolsonarista. Se dizem que “você é o que você come”, talvez seja hora de ela rever sua dieta.
Por um erro de edição, O Globo não identificou como sendo da coluna de humor Sensacionalista um post sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro” – errata do jornal O Globo. Se o humor era tão “cirúrgico” que os próprios editores confundiram com um relatório de colonoscopia, talvez fosse menos constrangedor nem explicar a piada.
“O Pé de Meia não é do governo, não é da Tabata, é de cada estudante que voltou a sonhar” – Tabata Amaral, deputada federal (PSB-SP), sobre novo programa que já enfrenta suspeitas de corrupção. Assim que surgem os primeiros escândalos, ninguém mais quer ser pai da criança.
“Uma pergunta que fazem é até onde vai o meu ato? Decidi quando começar, mas não sei quando vou parar” – Glauber Braga, deputado federal (PSOL-RJ), que faz greve de fome para protestar contra o processo de cassação que enfrenta. Pela primeira vez, um deputado psolista experimenta como seria viver nas ditaduras comunistas que defende.
“Câmara nunca cassou mandato de deputado por agressão; punição a Glauber seria inédita” – manchete da Folha de S.Paulo. Que absurdo romper a secular tradição da impunidade parlamentar. Um verdadeiro atentado à memória do Petrolão.
“Por uma questão de honestidade intelectual, é muito simplista atribuir ao governo federal a responsabilidade pela carestia dos alimentos” – André Trigueiro, blogueiro. É, não dá pra aliviar a barra do povo, que insiste em se alimentar mesmo nas situações mais adversas.
“O país não pode viver eternamente de Bolsa Família” – Lula. Isso aí, o negócio é subir na vida: largar o Bolsa Família, pegar uma Lei Rouanet, quem sabe até um Mensalão? Ir destravando os códigos da riqueza.
O berço da recivilização
“Foi 51 ou 54? Que eles ficam perguntando e me abusando aqui nas redes sociais” – Geraldo Júnior (MDB), vice-governador da Bahia, perguntando a Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Lula, quantos milhões foram encontrados nas malas em seu apartamento. O bom da propina impressa e auditável é que você pode conferir os valores com a planilha da Odebrecht. Pena que ainda não inventaram um jeito de punir.
“Rapaz, aí só perguntando lá no STF. Não tenho responsabilidade nenhuma com isso aí, com esse problema” – respondeu Geddel Vieira Lima. Para o STF, deve ser apenas uma tecnicalidade de foro entre a Comarca dos Cofres Públicos e a Vara da Varanda do Geddel.
“Várias pessoas que eu entrevistei me disseram que hoje, na prática, quem manda na CBF é o Gilmar Mendes e o filho dele, o Francisco Mendes” – Allan de Abreu, jornalista da revista Piauí. Na época do Eurico, pelo menos o Vasco ganhava tudo. Cadê o Gilmar para usar seu talento e trazer logo uma Copa para o Brasil?
“Fico muito orgulhoso de ter participado desse processo que você chama de ‘desmanche da Lava Jato’, porque era uma organização criminosa” – Gilmar Mendes, ministro do STF, durante convescote em Harvard. Como assim, uma organização criminosa operando à luz do dia no Brasil e sem a anuência das autoridades?
“Democracia no Brasil está cada vez mais sólida” – Paulo Gonet, procurador-geral da República. E, como diria Marx, tudo o que é sólido desmancha no ar.
“Há falsa impressão de que bancos ganham com juro alto” – André Esteves, banqueiro. As impressões às vezes podem ser falsas, mas os lucros são sempre sinceros.
“O Brasil precisa congelar o salário-mínimo por seis anos” — Armínio Fraga, economista lulopetista. Pessoal, vamos fazer um sacrifício, o Armínio está com medo de que vá faltar dinheiro para o bolsa-empresário.
“Supremo chamou para si a missão de enfrentar o extremismo” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF. O STF combate o extremismo com moderação (das redes sociais) e ordem (judicial secreta).
“Só cabe asilo político para perseguidos. Não se abre nenhuma outra exceção. Perseguição política, evidentemente, não há” – Walter Maierovitch, jurista, sobre asilo dado por Lula à ex-primeira-dama do Peru, condenada por corrupção. Precisamos falar sobre a escalada da corruptofobia que ameaça nossos aliados na América Latina.
“Ao conceder-lhe asilo, Lula foi deselegante com o Judiciário do Peru” – Josias de Souza, blogueiro do UOL. Dar asilo a corrupto é prevaricação mesmo; deselegante é passar pano.
“Muitos governadores ainda pensam que comandam Estados soberanos” – Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, atacando o federalismo enquanto tenta empurrar o tal PL da Segurança Pública. Melhor mudar o nome para República Popular Democrática do Brasil logo, para ver se o pessoal entende o recado.
“Ninguém representa melhor os problemas do Supremo brasileiro do que Alexandre de Moraes. Seu histórico mostra que o poder judicial precisa ser contido” – manchete da The Economist, revista britânica. Em gesto de reciprocidade, Moraes teria declarado que ninguém ilustra melhor os problemas da livre imprensa do que a The Economist.
“Moraes cobra explicações de embaixador da Espanha após extradição de bolsonarista ser negada” – manchete da Folha de S.Paulo, sobre a negação da extradição do jornalista Oswaldo Eustáquio. Puro recalque dos espanhóis, só porque o Moraes conseguiu censurar mais gente em cinco anos do que a Inquisição Espanhola em trezentos e cinquenta.
Anistiados contra a anistia
“O projeto é assustador, ele faz cair a máscara” – Míriam Leitão, blogueira, em diatribe contra o PL da Anistia. Se a máscara caiu, é melhor tirar os espelhos da redação. Porque assusta mesmo.
“Falar sobre anistia ou mediação de pena em relação a algumas pessoas do 8 de janeiro eu acho que é defensável do ponto de vista de alguns parlamentares” – Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, defendendo a anistia em certos casos. Tanto falou que anistia gera impunidade, que se empolgou e – por força do hábito – acabou cometendo um ato falho.
“Ministros do STF cobram governo Lula para retirar assinaturas da base pela anistia” – Bela Megale, jornalista. Se continuar assim, é capaz do STF abandonar a base governista e lançar candidato próprio nas próximas eleições.
“PSDB do Brasil inteiro reagiu contra apoio a anistia” – José Aníbal, ex-senador e guerrilheiro de extrema-esquerda. Para mostrar sua força, dizem que o partido vai enviar uma Kombi semi-lotada para protestar em Brasília neste fim de semana.
In Trump We Trust?
“Acho que me saí bem… Senti que estava em ótima forma – coração bom, alma boa” – Donald Trump, após exame físico anual. Parece que o exorcismo foi realizado com sucesso.
“Sim, é verdade. Fui classificada como do ‘sexo masculino’ pelo governo dos EUA quando fui tirar meu visto” – Érika Hilton, membro da Câmara dos Deputados (PSOL-SP). Se serve de consolo, eu também já passei por isso e vivi para contar a história.
“Vamos recuperar nosso quintal” – Pete Hegseth, secretário da Defesa dos EUA, sobre América Latina. Mas, antes, ele só precisa descobrir como adicionar e remover pessoas do grupo de WhatsApp. Parece que isso pode levar algum tempo.
“Você não inicia uma guerra contra alguém vinte vezes maior que você e depois espera que as pessoas lhe deem mísseis” – Donald Trump, culpando a Ucrânia pelo conflito com a Rússia. Lembra até aquele cara que declarou guerra comercial contra o mundo inteiro e depois teve que voltar atrás porque ficou sem chip para o celular.
Cantinho do Tarifaço
“A caixa de Pandora das tarifas foi aberta” – Si Fu, analista financeira do banco de investimentos Goldman Sachs (sim, o nome é real). Parece que ela nasceu para dar essa notícia.
“Dê um dedo ao valentão, e ele tomará o braço todo” – post no X da Embaixada da China nos EUA, durante guerra comercial entre os países. Uma linda frase, pena que os cidadãos chineses não possam acessar as redes sociais para apreciá-la.
“China tenta salvar o capitalismo, e Trump, destruí-lo” – manchete do UOL. Acreditar que o STF esteja salvando a democracia é porta de entrada para drogas mais pesadas.
“Os chineses têm um provérbio muito bom: quando dois tigres lutam, o macaco, esperto, senta-se para ver como acaba” – Vladimir Putin, ditador russo, sobre a guerra comercial entre EUA e China. E, se esse macaco esperto for russo, certamente evitaria sentar-se muito próximo a uma janela.
“Tarifaço de Trump também é questão de gênero” – Bianca Santana, mestra em educação e jornalista, escreve na Folha. E eu pensando que era apenas uma questão de número e grau.
Sobreviva ao SUS!
“Bolsonaro foi socorrido por um serviço que ele tentou sucatear: o SAMU. O traslado para Natal foi feito por um helicóptero da Secretaria de Segurança do RN, estado governado pelo PT. Viva o SUS!” – Humberto Costa, senador (PT-PE). Admirável a humildade do senador, que se furtou a mencionar as ambulâncias superfaturadas adquiridas pela Máfia dos Sanguessugas durante sua gestão no Ministério da Saúde.
“Todo mundo sabe: na hora da emergência, chama o SAMU” – Alexandre Padilha, ministro da Saúde. Todo mundo, menos o Lula.
“Quero Bolsonaro com saúde para enfrentar seu julgamento e punição” – Leonardo Sakamoto, blogueiro do UOL. Eu torço pela saúde do Sakamoto. A mental, principalmente.
“Por que trocaram de cirurgião? E por que, dessa vez, justamente no que pode ser o quadro mais grave desde a facada, não vieram pra SP?” – Álvaro Pereira Júnior, repórter do Fantástico, reavivando teorias da conspiração sobre a facada em Bolsonaro. Ele está apenas fazendo perguntas…
“Que mico foi esse?” – post do Ministério da Saúde, sobre críticas da cantora Jojo Todynho ao SUS.
“Mico é ver um órgão que deveria cuidar da vida das pessoas se metendo em shade de internet enquanto tem paciente morrendo na fila por falta de atendimento” – Jojo Todynho, explicando o tal mico em resposta ao Ministério.
Adolescência tardia
“Este documentário [sic] teve mais impacto do que qualquer político na questão do uso dos smartphones e da misoginia, e ainda assim você está dizendo que não precisa assistir?” – Naga Munchetty, apresentadora de TV, se revoltando ao saber que Kemi Badenoch, líder da oposição britânica, não assistiu à série “Adolescência”.
“É uma série fictícia” – respondeu Kemi Badenoch.
“A PF teve um trabalho fantástico nessa tarefa toda, com certeza vai poder inspirar cenas de séries de Netflix ou CSI” – Paulo Gonet, procurador-geral da República, sobre as investigações do suposto golpe. Tenho minhas dúvidas se uma série sobre delegados destemidos que passam o dia trocando mensagens com o juiz no zap para perseguir senhoras com Bíblias teria lá uma grande audiência.
Os povos originários
“Não é que eles fossem violentos, é apenas a maneira de se conectarem com os corpos celestes” – María Belén Méndez, arqueóloga, sobre descoberta de templo Maia usado para o sacrifício de crianças na Guatemala. Eram infanticídios tão inofensivos que, aposto, as crianças voltavam para casa depois dos rituais como se nada tivesse acontecido.
“Deixa descer e mete o cacete se fizer bagunça, pronto” – sugestão de Funcionário do Itamaraty, em resposta a protesto de indígenas no prédio da instituição. Cauteloso, o Cacique Raoni teria recomendado que seus índios só fossem ao protesto se suas Hilux estivessem devidamente blindadas.
(*) Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira”.
Fonte: Gazeta do Povo