sexta-feira, maio 3, 2024
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Recruta da Marinha, em Belo Horizonte, denuncia racismo na instituição: ‘primata, escravo’

Um recruta de 19 anos contou que estaria sendo humilhado por superiores e colegas pela cor da pele.

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) está investigando um caso de racismo, injúria racial e preconceito religioso dentro da instituição da Marinha do Brasil, unidade de Belo Horizonte, na avenida Raja Gabáglia. É o caso de um recruta de 19 anos que contou estar sendo humilhado por superiores e colegas pela cor da pele. O rapaz foi chamado de diversas formas pejorativas, como “escravo”, “primata” e “macaco”. Ele também foi ridicularizado como “macumbeiro”.

De acordo com o advogado criminalista Gilberto Silva, que está intercedendo em defesa da vítima, o recruta da Marinha entrou para a instituição no ano passado e, após alguns meses na unidade do Belvedere, foi transferido para a Raja Gabáglia, onde teriam iniciado as discriminações. Assim que chegou, o rapaz perguntou a um sargento superior a sua função, o qual respondeu: “na Raja, a vítima seria escrava”.

Em um grupo de Whatsapp, que a vítima fazia parte, colegas da Marinha o hostilizavam abertamente. O grupo deveria servir para comunicar atividades da rotina na instituição, mas, em prints e áudios compartilhados, o recruta foi chamado de “primata”“macaco” “macumbeiro”. Em uma das mensagens, o uso pejorativo de “escravo” voltou a ocorrer: “a única coisa que vai concordar é ele implantar a chibata em você, guerreiro”, escreveu um agente. 

“O rapaz está muito abalado. Está com medo de ser prejudicado na carreira, já que ainda é um recruta. Medo de ser desligado ou não passar do estágio probatório. Mas, mesmo assim, preferiu buscar a Justiça, porque o sofrimento tem sido grande. Ele não quer que isso continue a acontecer com outros”, afirmou o advogado Gilberto Silva.

Um boletim de ocorrência foi registrado ontem, quinta-feira (31 de janeiro), e apresentado na delegacia da Polícia Civil. Agora, o recruta aguarda a abertura do inquérito policial para dar seu depoimento e auxiliar na investigação.“Como foram ofensas feitas diretamente à pessoa dele, no local de trabalho e via mensagem, a Polícia Civil consegue identificar os envolvidos. A intenção é denunciar dentro da esfera criminal e cível, pela gravidade da discriminação”, explicou Silva.

A reportagem do Jornal O Tempo demandou a Marinha do Brasil e aguarda retorno.

Fonte: Jornal O Tempo – Por Isabela Abalen