OPINIÃO
Distopia: Um país recivilizado
Por Rodrigo Constantino (*)
Após cinco minutos parado diante do espelho, admirando a própria luz, o ministro supremo partiu para mais uma entrevista. Devia ser a oitava em uma semana. Com postura refinada, fala mansa e aveludada, lá foi o ministro “enfrentar” os jornalistas novamente. Em vez de perguntas difíceis, porém, havia um clima ameno, de convescote mesmo. Confortável, o ministro teceu sua visão acerca do seu próprio legado: nada menos do que recivilizar o país!
Ser o guardião da Constituição seria uma tarefa muito simples e comezinha para alguém tão especial e iluminado. Nosso ministro queria muito mais: queria empurrar a história na direção correta, elevar o nível da nação toda, repleta de bárbaros e animais selvagens, desses que ousam votar na “extrema direita”. Era preciso trazer o Iluminismo para esse povo atrasado. “Nós derrotamos o bolsonarismo”.
Estamos bem mais parecidos com a Venezuela de Maduro, mas esse é um estágio crucial no processo de recivilização do nosso povo. Barroso venceu. Eles derrotaram a direita. Perdeu, mané, não amola!
Nesta Nova Nação, totalmente recivilizada, não haveria mais espaço para a corrupção. Exceto, claro, o maior corrupto de todos, o ladrão que voltou à cena do crime, como diria seu próprio vice. Esse sujeito, com linguagem grosseira na forma e no conteúdo, foi o maior responsável pela cleptocracia instaurada no país, segundo o próprio ministro. Mas para derrotar o atraso era necessário dar dois – ou dez – passos para trás antes de avançar. Perdeu, mané, não amola!
O Novo Homem, esse que faz parte do grupo de “cidadões” brasileiros, segundo a primeira-dama, seria alguém que passaria o olho em Cesare Battisti e logo diria: “inocente”. Não importa que seja um assassino confesso: no país recivilizado os comunistas podem matar. O mesmo iluminado, diante de João de Deus, saberia estar na presença de alguém com “poder transcendente”, ainda que para abusar de mulheres inocentes.
As instituições foram salvas! Os juízes de última instância, que não precisam ser juízes, tomam lado nas disputas, derrotam os adversários, promovem censura, prisões políticas e arbitrárias e destroem vidas de “criminosos” como a cabeleireira do batom “atômico”, que ousou reproduzir a frase do próprio ministro numa estátua. São medidas drásticas, mas necessárias para impedir o retrocesso conservador.
O país virou pária global, entrou para o “eixo do mal“, defende terroristas e ditaduras comunistas e não é respeitado por ninguém mais. Um preço razoável a ser pago para a recivilização sonhada. Estamos bem mais parecidos com a Venezuela de Maduro, mas esse é um estágio crucial no processo de recivilização do nosso povo. Barroso venceu. Eles derrotaram a direita. Perdeu, mané, não amola!
(*) Rodrigo Constantino é economista pela PUC com MBA de
Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro.
Fonte: Gazeta do Povo