sexta-feira, abril 18, 2025
DESTAQUENOTÍCIASREGIÃO

Angustura, um presente do passado

Por Marcelo Queiroz Rezende (*)

Angustura, infelizmente, ainda não aprendeu a reconhecer seus ancestrais. Temos nomes grandiosos, vivos e falecidos, que são ignorados ou sequer mencionados em nossas rodas de conversa, nas escolas, nas homenagens públicas, Nossa terra guarda histórias que deveriam estar estampadas em placas, livros, canções e na memória de cada morador.

Temos o orgulho – que poucos conhecem – de sermos a terra natal de Nelson Hungria, considerado por muitos o maior jurista brasileiro. Uma referência para os estudiosos do Direito até hoje, no Brasil e no mundo. Seu nome está no fórum de Além Paraíba, mas sua importância pouco ecoa por aqui.

Poucos sabem também que parte da música “Coisinha do Pai”, eternizada na voz de Beth Carvalho, foi composta em Angustura. Isso foi confirmado por Jorge Aragão, ao reconhecer sua própria foto durante uma visita ao nosso distrito.

Minha própria história se entrelaça com a deste lugar. Meus pais, Ângela e Estevam, deram tudo de si por Angustura. E, no entanto, a nova geração mal sabe quem foram.

Minha mãe ajudou a fundar a Associação de Moradores (AMA) – inclusive usando as iniciais dos filhos (André, Marcelo e Alexandre) como inspiração (brincadeira é claro!).

Ela reorganizou os horários dos ônibus, que antes passavam apenas três vezes por dia. Foi responsável pela instalação da bomba que leva a água para o morro de Angustura. Organizou o Bloco Unidos do Cruzeiro, que hoje ainda recebe verba graças a esse esforço inicial.

Participou ativamente do Jubileu. Recolocou o cruzeiro em frente à igreja, como era no passado.

Foi uma das fundadoras do Instituto Culturar e ajudou na criar a frase que hoje tantos repetem com orgulho: “Angustura, um presente do passado”.

Nosso bloco contou com talentos como Curió, Jaci Mendes, Sr. Oswaldo e Sr. Fernando, autor da música “Somos filhos de Angustura”.

Na administração pública, nomes como Sr. Samyr e Sr. José Andorinha também deixaram suas marcas.

E como esquecer o nosso maior historiador, o incansável Sr. Vidal?

Outros nomes também merecem ser lembrados, como o do Dr. Humberto Côrtes Marinho, cuja atuação e presença foram de grande importância para nossa comunidade.

Ainda temos entre nós pessoas que merecem reconhecimento em vida. Sr. Zica, por tudo o que fez por Angustura. Sra. Lúcia Bezerra, que foi essencial em tantas conquistas da AMA.

O que entristece é perceber que tudo isso vai se apagando como tempo, com o silencia, com o esquecimento. Não é só a história que está se perdendo – é o sentido de pertencimento, de gratidão, de continuidade.

É difícil ver tudo isso acontecer e não se sentir desanimado.

Só um desabafo de Marcelo Queiroz Rezende…

(*) Marcelo Queiroz Rezende é natural de Angustura e reside atualmente no Rio de Janeiro